O YouTube fechou um acordo milionário com o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, comprometendo-se a pagar 24,5 milhões de dólares para encerrar um processo judicial aberto após a suspensão de sua conta em 2021. Trump alegava que a plataforma o havia banido de forma injusta, impedindo-o de publicar novos vídeos até 2023, quando seu canal foi finalmente restaurado. 
Mas o que realmente chama atenção não é apenas o valor da indenização, e sim o destino desse dinheiro.
Do montante total, 22 milhões de dólares serão destinados ao Trust for the National Mall, entidade responsável pela supervisão de um projeto grandioso: a construção de um salão de baile no interior da Casa Branca, estimado em 200 milhões de dólares. Ou seja, a maior parte da quantia servirá para financiar um espaço luxuoso e simbólico, em vez de ir diretamente para Trump ou sua campanha. A decisão parece estranha, mas não é sem precedentes. Em janeiro, a Meta também pagou 25 milhões de dólares para encerrar um processo semelhante, e boa parte desse valor foi direcionado para o fundo da futura biblioteca presidencial de Trump em Miami. O padrão se repete: as gigantes de tecnologia preferem desembolsar somas vultosas para projetos de prestígio e encerrar disputas rapidamente.
Trump sustenta há anos que plataformas como YouTube, Meta e X (antigo Twitter) perseguiram vozes conservadoras, reduzindo a diversidade de opinião nos debates públicos. Todos os três processos foram abertos em julho de 2021 e agora estão oficialmente resolvidos: primeiro a Meta, depois o X e por último o YouTube. A empresa, no entanto, foi enfática ao afirmar que o pagamento não significa admissão de culpa. Segundo o comunicado, nenhuma mudança em políticas de moderação ou funcionamento da plataforma será feita como consequência do acordo. Em outras palavras, o YouTube optou por encerrar o caso pagando caro, mas sem dar razão formal ao ex-presidente.
A polêmica reflete um debate mais amplo sobre liberdade de expressão e o poder das big techs. Enquanto conservadores denunciam censura ideológica, as empresas alegam apenas aplicar seus próprios regulamentos. Provas concretas de uma coordenação deliberada de silenciamento nunca foram apresentadas, mas a desconfiança continua alimentando divisões. Casos semelhantes aparecem também fora dos EUA: recentemente, o fundador do Telegram, Pavel Durov, declarou que autoridades francesas teriam sugerido tratamento judicial mais brando caso ele limitasse conteúdos conservadores – acusação prontamente negada em Paris. O fato mostra que o conflito entre política e tecnologia ganhou escala global.
No fim das contas, é difícil dizer se Trump saiu vencedor ou se tudo não passou de uma solução conveniente para ambas as partes. O que se sabe é que uma disputa que começou com acusações de censura terminou com o financiamento de um salão de gala no coração da Casa Branca. A ironia é evidente: de vozes silenciadas na internet a lustres e mármore destinados a noites de dança oficiais.
3 comentários
já tinha visto algo parecido com a Meta, nada novo
Trump transformando banimento em investimento 😂
imagina ser banido e ganhar um salão luxuoso depois