A plataforma X acaba de lançar algo que parece saído de um episódio de Black Mirror: o Handle Marketplace, um mercado oficial para comprar nomes de usuário raros. Mas há um detalhe que muda tudo – você não é dono do nome. 
É uma espécie de aluguel digital, e se parar de pagar, adeus ao seu @perfeito.
Como funciona esse novo mercado
O Handle Marketplace é exclusivo para assinantes dos planos Premium Plus e Premium Business. Segundo o guia oficial, existem dois tipos de nomes disponíveis. O primeiro grupo, chamado Priority Handles, inclui nomes comuns ou compostos e pode ser solicitado sem custo adicional – um brinde para quem já paga caro pela assinatura. O segundo grupo é onde a coisa fica séria: os Rare Handles. Esses nomes “raros” são vendidos por valores que variam de US$ 2.500 até cifras de sete dígitos. Sim, milhões de dólares por um nome de usuário. E o pior: não é uma compra única. Se você cancelar a assinatura, perde o nome e volta para o antigo.
O negócio por trás da novidade
Por trás do marketing bonito de “acesso exclusivo”, o objetivo é bem simples: transformar o desejo por nomes curtos e cobiçados em uma fonte de renda contínua. A X está literalmente alugando identidade digital. Em vez de resolver o problema das contas inativas, ela as transformou em produtos de luxo – e caros. É como se a empresa dissesse: “Quer aquele nome? Pague, e continue pagando.”
Outras redes, como Instagram e Threads, não vendem nomes de usuário. Elas têm sistemas para denunciar perfis inativos ou para reivindicar nomes por motivos legais, mas não existe uma loja oficial. Nesse sentido, X é pioneira – e também controversa. Está basicamente vendendo o que antes era gratuito, colocando etiquetas de preço em algo que sempre fez parte da experiência online.
Quem realmente ganha com isso?
O público-alvo é claro: grandes marcas, celebridades e influenciadores que podem pagar caro por um nome limpo e chamativo como @arte, @carro ou @música. Para o usuário comum, é mais uma função presa atrás de um muro de pagamento. Pior: cria uma dependência. Imagine uma startup que gasta 10 mil dólares para garantir seu nome ideal. Se ela decidir reduzir custos e cancelar o Premium, perde o nome e, com ele, parte da sua identidade digital. É como pagar hipoteca de um bem que nunca será seu.
Saudades do velho Twitter
Para quem viveu os tempos do antigo Twitter, essa mudança soa como o fim de uma era. A rede que antes celebrava a liberdade de expressão e a criatividade agora parece guiada pela exclusividade e pelo lucro. O Handle Marketplace simboliza essa virada: não é mais sobre voz e comunidade, e sim sobre status e assinatura.
No papel, a ideia de liberar nomes inativos faz sentido. Mas na prática, virou uma vitrine de luxo. Um mercado para poucos, onde cada @ é tratado como ativo financeiro. É o novo capitalismo digital – onde até o seu nome tem preço e prazo de validade.
No fim, o Handle Marketplace mostra que, na X, nada é realmente seu. Pague para existir, e torça para não esquecer de renovar.
1 comentário
milhões por um nome? o mundo enlouqueceu