A TSMC continuará sendo uma empresa taiwanesa, independentemente dos bilhões investidos em fábricas nos Estados Unidos ou das especulações sobre uma possível venda de participação ao governo americano. O primeiro-ministro de Taiwan, Cho Jung-tai, reafirmou que a gigante dos semicondutores não se tornará uma “foundry americana”, contrariando boatos que circulavam em meios políticos e na mídia.
Essa discussão não surgiu do nada. 
Há anos, Taipei mantinha cautela em relação à ideia de a TSMC fabricar seus chips mais avançados fora da ilha, temendo perder domínio tecnológico. Mas durante o governo Trump, com tarifas pesadas no horizonte, a empresa foi pressionada a investir em território americano. Resultado: nasceram os megaprojetos no Arizona, celebrados em Washington como parte do plano para reduzir a dependência externa em semicondutores.
Ainda assim, Cho foi direto: não há acordo secreto, nem oferta dos EUA para comprar uma fatia da TSMC. A ideia de transformar a companhia em uma “US Foundry” foi classificada como rumor sem fundamento. Segundo ele, a essência da empresa, seu controle e suas decisões estratégicas permanecem ligados a Taiwan. Os contratos e os números de investimento podem ser gigantescos – já somando cerca de US$ 165 bilhões, com projeções que chegam a US$ 300 bilhões – mas isso não muda a identidade da TSMC.
Cho também deixou claro que o governo taiwanês não interfere diretamente nas escolhas de onde as empresas locais devem investir. As decisões da TSMC são empresariais, não políticas. Essa separação demonstra a linha tênue que Taiwan precisa manter: permitir expansão global sem abrir mão de sua joia mais valiosa.
No fim, os EUA terão ganhos industriais relevantes com as fábricas em solo americano, mas não terão acesso ao coração da tecnologia da TSMC. O know-how mais avançado continua restrito a Taiwan, onde está concentrada a pesquisa e o desenvolvimento. Por isso, Washington segue apostando em outra carta: a Intel, vista como a melhor chance de garantir autossuficiência tecnológica dentro de casa.
Nos debates online, ressurgem velhas polêmicas: críticos lembram que o fundador da TSMC, Morris Chang, trabalhou décadas na Texas Instruments e teria levado conhecimento estratégico para iniciar a empresa em Taiwan. Outros enxergam isso como narrativa exagerada, já que o sucesso da TSMC se explica por décadas de investimento maciço, apoio estatal e um ecossistema único criado na ilha. De qualquer forma, a mensagem do governo taiwanês é clara: TSMC é um ativo nacional e continuará sendo.
3 comentários
Chang trabalhou anos na Texas Instruments, mas isso não quer dizer que os EUA sejam donos da TSMC kkk
Os EUA sempre tentam dizer que tudo é deles, mas os segredos vão ficar em Taipei
América adora copiar e depois falar que foi invenção própria. Nada novo