
The First Descendant adia a Season 4 para reconstruir o jogo, mas enche o caminho de novidades
The First Descendant não está fingindo que está tudo bem enquanto o interesse da comunidade oscila. Em uma transmissão oficial recente, a Nexon foi direta: o looter shooter em terceira pessoa teve um lançamento barulhento, mas o alicerce do jogo ainda não está onde deveria. Por isso, a tão esperada Season 4 deixou de estar prevista para o início de 2026 e foi empurrada para o verão do mesmo ano, abrindo espaço para uma reforma profunda nos sistemas centrais, no loop de progressão e no conteúdo de endgame.
Essa decisão não significa meses de silêncio. Pelo contrário: o estúdio está preenchendo o intervalo com uma grande atualização em dezembro, uma expansão generosa da Season 3 e uma lista de ajustes estruturais que, na prática, funcionam como um soft reboot do jeito de jogar The First Descendant. Para um título free-to-play que chegou em julho de 2024, bateu a marca de dez milhões de jogadores na primeira semana e depois perdeu parte do fôlego, essa é a chance de transformar curiosidade inicial em engajamento de longo prazo.
Atualização de dezembro: Ultimate Yujin, nova masmorra e um colosso envenenado
O grande destaque da atualização de dezembro é a chegada de Ultimate Yujin, um novo Descendant de raridade máxima apresentado por meio de uma Descendant Story própria. Ele não entra apenas como mais um personagem na rotação: o design de habilidades e narrativa deixa claro que a Nexon quer que Yujin ocupe um papel bem definido na composição dos grupos, tanto em conteúdo solo quanto cooperativo.
Ultimate Yujin é um herói híbrido, com duas rotas de construção bem diferentes, definidas por seus Ultimate Skill Modules. No caminho Combat Protocol, ele assume a função de combatente de frente de batalha, capaz de se manter vivo enquanto causa dano constante. As habilidades permitem regenerar ou preservar pontos de vida sem precisar fugir da linha de tiro o tempo todo, o que agrada quem gosta de ficar cara a cara com os inimigos, confiando na própria mecânica e no timing de cada skill.
Já a configuração Battlefield Medic transforma Yujin em um suporte ativo, que cresce à medida que ajuda os aliados. Curar, proteger e potencializar o time deixa de ser um papel secundário e passa a ser o centro do seu kit, com bônus que escalam quanto maior for a contribuição para a sobrevivência do grupo. É um tipo de suporte mais envolvente, que premia posicionamento inteligente e leitura de situação em vez de apenas apertar botões reativos.
Para acompanhar o novo personagem, o update abre as portas de Forbidden Sanctuary, uma masmorra localizada em um complexo experimental de Axion, pensada do zero para o cooperativo. Lá dentro, times encaram um chefe exigente, mecânicas em camadas e recompensas chave associadas à aquisição e otimização de Ultimate Yujin. A ideia é que o conteúdo sirva tanto como parte da história do personagem quanto como um laboratório de builds avançados para times que buscam algo mais elaborado do que o farm diário tradicional.
Outro ponto alto é a chegada de Grim Reaper, um novo Abyss Colossus que nasce como forma mutante do já conhecido Death Stalker. Diferente de encontros focados apenas em explosões de dano, a luta contra o Ceifador trabalha muito com veneno, controle de área e punição para erros de movimentação. Para vencer, não basta entrar com números inflados: é preciso decorar padrões de ataque, coordenar limpezas de debuff e alinhar a composição do grupo para lidar com o dano ao longo do tempo.
Ajustes de balanceamento, Sprint Accelerator e mercado de módulos
O patch de dezembro também faz uma limpeza no equilíbrio geral. Descendants como Ajax, Freyna, Valby e Viessa entram na lista de ajustes, recebendo mudanças de números e, em alguns casos, refinamentos de sinergia entre habilidades. A intenção é reduzir a distância entre meta e personagens esquecidos, incentivando mais variedade nas composições de grupos e nas builds solo.
Para quem joga de Bunny, a notícia é ainda mais direta: a nova External Component exclusiva, Sprint Accelerator, chega para empurrar a mobilidade da personagem a outro nível. Ela reforça a identidade da Bunny como especialista em velocidade e abre espaço para builds ancoradas em movimento constante, reposicionamento agressivo e rotações rápidas entre objetivos.
No lado da economia, a Nexon finalmente libera a negociação de Ancestors Modules no Trade Market. Isso significa que peças cruciais de build, antes totalmente reféns de RNG e de rotas específicas de farm, passam a circular entre jogadores. Quem tiver paciência para farmar e negociar vai encontrar um novo eixo de progressão via mercado, e não apenas via repetição incansável de missões.
Season 3 estendida: Breach Tracking, Onslaught Mode e novos Descendants
Com a Season 4 empurrada para o verão, a Season 3 ganha fôlego extra. Em janeiro, o Episódio 2 recebe Breach Tracking, uma atividade voltada para farm de ouro com um toque de sorte. Em vez de repetir sempre o mesmo campo, o jogo sorteia mapas e missões, e as recompensas podem incluir itens cobiçados como superconductive cooling units. O objetivo é manter a sensação de progresso sem transformar o processo em uma esteira entediante.
Fevereiro de 2026 marca a chegada do Episódio 3 e, com ele, da versão beta de Onslaught Mode, um novo modo de endgame para quatro jogadores. A dinâmica é clara: ondas de inimigos cada vez mais fortes caem sobre a equipe, enquanto os jogadores usam recursos obtidos em combate para posicionar torretas, buffs e melhorias defensivas. O resultado é uma mistura de tiroteio frenético com elementos de tower defense, em que decisões de posicionamento e upgrade são tão importantes quanto a pontaria. A versão completa de Onslaught está planejada para o update de maio, período em que o estúdio promete coletar feedback e ajustar dificuldade, recompensas e ritmo.
O mesmo Episódio 3 também apresenta a Descendant Dia em sua versão padrão, com uma história central própria que explora seu passado, motivações e estilo de combate. Já o Episódio 4, que fecha a Season 3, adiciona mais um Ultimate Descendant ainda mantido em segredo, oferecendo mais uma meta para quem gosta de colecionar personagens, experimentar funções diferentes e montar times alternativos.
Reforma do endgame: Void Intercept, sistema de operações e tuning mais claro
Na parte final da Season 3, a Nexon foca na zona mais sensível para qualquer looter shooter: o endgame. As versões Hard de Void Intercept Battles serão redesenhadas para deixar de ser apenas encontros isolados e passarem a funcionar como um verdadeiro pilar multi-tier do conteúdo de alto nível. Enquanto a nova forma não estreia, os chefes de deep Void entram em rotação mensal, permitindo que skins antigas, cosméticos raros e visuais de Descendants antes inalcançáveis voltem a ser farmáveis.
O farm em dificuldades Hard e acima também muda de filosofia com o novo sistema Operation Command / Operation Directive. Em vez de simplesmente escolher a missão mais eficiente e repetir até cansar, o jogador começa selecionando o item ou tipo de recompensa que quer perseguir. A partir daí, o jogo oferece uma série de missões ligadas a esse objetivo, com progresso mais previsível. É um passo importante para transformar o grind em uma trajetória com começo, meio e fim claros, e não em uma maratona sem garantias.
A parte mais técnica da reforma passa pelo sistema Arche Tuning / Mutant Cell. Antes baseado em drops fragmentados de categorias A/B/C, ele muitas vezes confundia quem não vivia mergulhado em planilhas. Na nova versão, as melhorias se organizam em nós selecionáveis, com benefícios e fontes de obtenção explicados de forma mais amigável. Junto disso, a interface de atributos será refeita: dano final e contribuição de módulos, reações, tuning e componentes externos poderão ser visualizados e até simulados em um único menu, reduzindo a dependência do laboratório como único lugar para testar builds.
Season 4: final de Karel, Mega Dungeon e era das armas Transcendent
Todo esse trabalho pavimenta o terreno para a Season 4, agora marcada para o verão de 2026. No lado narrativo, o grande destaque é o arco final de Karel, que promete um confronto decisivo e conclusões para linhas históricas que acompanham o jogo desde o lançamento. Em paralelo, chega um Mega Dungeon de grande escala, pensado para superar as atuais infiltration operations e Void Vessels em complexidade de mecânicas e espetáculo visual.
Talvez ainda mais impactante para o dia a dia seja a reforma completa do sistema de armas, com a introdução do novo tier Transcendent. Em vez de apostar em chances microscópicas de drop e em um grind punitivo, a Nexon fala em uma progressão mais focada em farm inteligente, na qual cada sessão em conteúdo difícil aproxima um pouco mais do equipamento ideal. Se a promessa virar realidade, o jogo pode finalmente abandonar a sensação de cassino e abraçar uma progressão mais justa.
Técnica de ponta e a chance de um segundo começo
Mesmo antes dessas mudanças, The First Descendant já chamava atenção pelo lado técnico. Foi o primeiro título a integrar o padrão Samsung HDR10+ Gaming e também o primeiro a combinar PlayStation Spectral Super Resolution com AMD FSR Frame Generation no PlayStation 5 Pro. Explosões cheias de partículas, cenários detalhados e efeitos modernos sempre foram um dos pontos fortes do projeto.
O que faltava era um motivo convincente para os jogadores ficarem depois da lua de mel inicial. Sem um ciclo bem definido de estabelecer metas, montar builds e enfrentar um endgame estruturado, muitos simplesmente batiam no teto e seguiam para outro jogo. Ao adiar a Season 4 para mexer justamente nessas engrenagens, a Nexon assume um risco, mas também envia um recado claro: The First Descendant não quer ser apenas o looter que todo mundo testou na semana de lançamento e esqueceu depois. Se a nova roadmap entregar o que promete, o jogo tem tudo para ganhar aquele segundo fôlego que mantém uma comunidade viva por anos.