The Blood of Dawnwalker voltou aos holofotes: a Rebel Wolves liberou a segunda parte do grande overview de gameplay, um vídeo de quase meia hora sem cortes exagerados nem montagem de trailer. É exatamente o mesmo trecho que a imprensa e criadores de conteúdo viram a portas fechadas na Gamescom 2025, quando o diretor criativo Mateusz Tomaszkiewicz destrinchou a missão passo a passo. 
A diferença é que agora o público vê essa sequência numa versão mais lapidada, e isso deixa bem claro o quanto o time de ex-desenvolvedores da CD Projekt RED conseguiu evoluir o seu RPG de ação vampírico em poucos meses.
A Rebel Wolves não esconde o pedigree: boa parte da galera que trabalhou em The Witcher 3: Wild Hunt e em Cyberpunk 2077 está aqui. E a comunidade percebe isso. Comentários ao redor do novo vídeo vivem comparando as duas casas, com muita gente dizendo que o cérebro por trás dos melhores quests foi embora com a nova equipe, enquanto a antiga empresa ficou basicamente com a marca. Justo ou não, é essa a narrativa que está pegando: The Blood of Dawnwalker já é visto por muita gente como o verdadeiro sucessor espiritual de The Witcher antes mesmo de Witcher 4 aparecer, o que automaticamente aumenta a pressão em cima da estreia do jogo.
O novo gameplay foca em uma única missão, usada quase como manifesto do que o jogo pretende ser. O protagonista é Coen, o tal Dawnwalker, um híbrido amaldiçoado, meio humano, meio vampiro. De dia ele consegue circular pela cidade sem chamar tanta atenção, mas quando o sol se põe a criatura ganha outra cara – e outra jogabilidade. No vídeo, os devs repetem a mesma infiltração em uma catedral duas vezes: primeiro de dia, depois à noite. Na versão diurna, Coen passa pelos guardas numa boa, cruza com fiéis e curiosos, se comporta como um mercenário qualquer subindo até o objetivo. Já na versão noturna o mesmo cenário vira um labirinto hostil, onde ele depende de habilidades vampíricas como Planeshift, que faz Coen saltar entre pontos inalcançáveis, e Shadowstep, um avanço curto pelas sombras que serve tanto para mobilidade quanto para emboscadas.
Esse contraste vai muito além de um simples filtro de iluminação. A Rebel Wolves insiste em chamar The Blood of Dawnwalker de “caixa de areia narrativa”, e é aqui que o conceito começa a fazer sentido. Coen pode abraçar totalmente a sua maldição, equipar garras e adotar um estilo de combate mais animal, rápido e agressivo, ou manter a espada e jogar de forma mais contida, com pegada de dark fantasy clássico. Em forma vampírica os ataques são animados de maneira mais veloz e incentivam uma postura ofensiva, enquanto na forma humana ele se move um pouco mais devagar, mas passa despercebido com mais facilidade em espaços cheios de NPCs.
As reações do mundo acompanham essas escolhas. Guardas, sacerdotes e civis se comportam de forma diferente dependendo do horário, da forma que Coen assume e da rota que o jogador escolhe para entrar na catedral. O mesmo quest pode se desdobrar em micro-histórias bem distintas: uma conversa tensa com consequências morais, um assassinato cirúrgico que ninguém vê chegar ou uma fuga sangrenta pelos telhados e capelas laterais. A ideia não é só empilhar finais alternativos, mas fazer com que cada re-jogada desse trecho pareça um recorte novo da mesma história.
A segunda metade do vídeo chama atenção pelas mudanças feitas a partir do feedback da imprensa e da comunidade. Uma das críticas mais fortes à build anterior era a câmera, considerada perto demais da ação. Agora existe uma opção com enquadramento mais afastado, que melhora bastante a leitura de espaço durante as lutas. Além disso, o jogo permite configurar distâncias diferentes para exploração e combate, então dá para curtir planos mais cinematográficos caminhando pela cidade sem prejudicar a clareza visual quando as espadas – ou garras – saem da bainha.
Outro ponto importante é a forma como as habilidades ativas funcionam. O menu de poderes não congela mais o jogo enquanto você escolhe o que usar: a seleção agora acontece em tempo real. Na prática, isso obriga o jogador a ler melhor o campo de batalha, trocar de skill no instinto e assumir riscos, em vez de se apoiar o tempo todo em um menu em câmera lenta. Só essa mudança já deixa as lutas com uma cara muito mais orgânica, menos “videogame pausado” e mais cena de ação contínua.
Em cima disso vem uma reestruturação geral do combate. Animações foram polidas, os impactos estão mais claros, os inimigos reagem de maneira mais legível a cada golpe e a cada teleporte. O ritmo dos encontros foi ajustado para que os confrontos cresçam em intensidade, em vez de virarem um amontoado confuso de inimigos grudados no protagonista. Pequenos detalhes fazem diferença: adversários se espalham quando Coen atravessa a linha deles com Planeshift, golpes de execução parecem mais pesados, e a interface se mantém discreta o suficiente para não roubar a cena das lâminas, das garras e do sangue voando.
No meio disso tudo, a Rebel Wolves reforça que The Blood of Dawnwalker continua planejado para 2026 no PC, PlayStation 5 e Xbox Series X|S. O problema – ou oportunidade – é o calendário: no fim de 2026 chega Grand Theft Auto VI, um dos poucos jogos com potencial para sugar toda a atenção da indústria em novembro. É fácil imaginar estúdios de médio porte tentando se posicionar alguns meses antes para não bater de frente com esse furacão. Nesse cenário, Dawnwalker parece aquele RPG ambicioso e de orçamento controlado que pode encontrar um espaço mais tranquilo do ano, longe do barulho, para conquistar seu público de boca em boca.
Por enquanto, a segunda parte do overview faz exatamente o que precisava. Ela mostra que a Rebel Wolves está ouvindo, mudando o que incomodou e, principalmente, confiante o bastante para exibir longos trechos de gameplay cru, em vez de apenas trailers montados. Também deixa nítido para quem ainda estava em dúvida o que o jogo pretende ser: um RPG de ação em mundo aberto, com foco em narrativa e em escolhas sistêmicas, onde ciclo de dia e noite, forma vampírica e caminhos alternativos mudam não só a mecânica, mas o tom e o peso de cada cena. Se essa promessa se sustentar ao longo de dezenas de horas, a jornada amaldiçoada de Coen tem tudo para marcar o momento em que uma nova estúdio finalmente sai da sombra do seu passado lendário.
2 comentários
mano, isso aqui tá com a maior cara de time do Witcher que mudou de endereço, a CDPR ficou só com o CNPJ 😂
honestamente, se entregarem isso que tão mostrando aqui, Witcher 4 que corra atrás, porque a barra subiu bonito