Trocar de serviço de streaming sempre foi aquela decisão que muita gente adiava ao máximo. 
Não era nem tanto pela assinatura em si, mas pelo medo de perder anos de playlists cuidadas com carinho: aquela seleção de treinos perfeita, o set de estrada, as listas para estudar, relaxar ou trabalhar. Na prática, seus gostos musicais ficavam presos dentro de um único aplicativo. Agora o Spotify finalmente resolveu encarar esse problema de frente com um novo recurso integrado de transferência de playlists.
Em vez de desenvolver tudo do zero, o Spotify se aliou a um veterano desse mercado: o TuneMyMusic, serviço que há bastante tempo ajuda usuários a migrar playlists entre diferentes plataformas de música. A diferença é que, agora, essa funcionalidade aparece embutida na interface do próprio Spotify, com cara de recurso nativo e um fluxo bem mais simples para quem só quer trazer a própria biblioteca e ouvir música.
O caminho para usar a novidade no celular é direto. Abra o app do Spotify, toque em “Sua Biblioteca” e role a tela até o final da lista. Lá embaixo deve surgir o botão com a opção “Importar sua música”. Ao tocar nele, o aplicativo inicia um passo a passo rápido: você será redirecionado para conectar a sua conta ao TuneMyMusic e autorizar o acesso ao serviço de origem onde estão seus playlists atuais.
Depois dessa conexão, o Spotify mostra os serviços compatíveis e você escolhe de onde quer puxar suas listas – pode ser o app que você usava há anos, o serviço de teste gratuito ou a plataforma que você quer abandonar de vez. Em seguida, aparece a relação de playlists disponíveis para importação. É possível selecionar tudo de uma vez ou marcar só o que realmente importa: as listas que você ouve todo dia, aquela curadoria de festas que sempre funciona ou mesmo uma coleção enorme de playlists de nicho.
Um dos pontos mais interessantes é que o Spotify afirma não existir limite de quantidade. Não há teto para quantos playlists você pode importar, nem para quantas músicas cada um deles pode ter. Usuários mais intensos, com centenas de listas e dezenas de milhares de faixas, não precisam quebrar a migração em pequenos lotes: dá para fazer um grande puxão de uma vez só, desde que o serviço de origem também permita essa leitura.
Enquanto isso, nos bastidores, é o TuneMyMusic que faz o trabalho pesado. O sistema tenta casar cada faixa do seu playlist antigo com a versão correspondente no catálogo do Spotify, lidando com diferenças de escrita no título, versões ao vivo, remixes, edições de álbum e até mudanças pequenas no nome do artista. O objetivo é recriar a lista com a maior fidelidade possível, mantendo a ordem das músicas e, principalmente, o clima original que você pensou quando montou aquele playlist.
É claro que podem existir exceções. Músicas muito raras, regionais, lançamentos exclusivos de outro serviço ou faixas que saíram de catálogo podem não aparecer na importação. Mesmo assim, para a imensa maioria dos usuários, o nível de acerto tende a ser alto o suficiente para que o playlist continue soando igual ao que você conhece, com apenas uma ou outra ausência pontual.
Existe, porém, um detalhe importante: essa integração é claramente pensada como porta de entrada para o Spotify, e não como saída. O recurso funciona apenas para importar playlists para dentro da plataforma, não para exportar o que você já tem no Spotify para outro serviço. Em termos de negócio, faz todo sentido – fica mais fácil chegar, mas ainda não tão simples ir embora – e isso reforça o famoso “efeito prisão” dos ecossistemas digitais.
Segundo o Spotify, a novidade está sendo liberada globalmente de forma gradual. Portanto, se você abriu “Sua Biblioteca”, rolou até o final e ainda não viu o botão de importação, é provável que o recurso ainda não tenha chegado à sua conta ou região. À medida que o rollout avança, essa pequena mudança de interface tem potencial para remover uma das maiores barreiras psicológicas na hora de trocar de app de música e tornar a migração para o Spotify muito menos traumática para quem construiu sua identidade musical em outros serviços.
1 comentário
Claro que dá pra entrar fácil e não sair fácil, Spotify sabe jogar o jogo kkkk