
Snapdragon X2 Elite Extreme: por que o novo chip da Qualcomm pode ir de poucos watts a mais de 100 W em um notebook
O Snapdragon X2 Elite Extreme é o sucessor direto do Snapdragon X Elite e chega com uma promessa curiosa para o mercado de notebooks: ser, ao mesmo tempo, um chip extremamente flexível em consumo de energia e capaz de alcançar números que antes pareciam coisa de desktop. A própria Qualcomm já admitiu em suas apresentações que, quando está totalmente livre de limites agressivos, o X2 Elite Extreme pode passar dos 100 W de consumo. Para quem associa Snapdragon a eficiência de smartphone, esse número assusta, mas a história é bem mais sobre design de produto do que sobre desperdício de energia.
Diferente de muitos processadores tradicionais, que vêm com um TDP fixo estampado na ficha técnica, o Snapdragon X2 Elite Extreme não tem um valor único de TDP. Em vez disso, a Qualcomm trabalha com a ideia de que a capacidade de dissipação sustentada de energia depende totalmente do projeto do notebook. Tamanho do chassi, peso, metas de custo, temperaturas permitidas na carcaça, ruído máximo aceitável e até o posicionamento das saídas de ar entram na equação. Em outras palavras, o chip é o mesmo, mas o comportamento real muda bastante de um modelo para outro.
Nos formatos mais finos e leves, como notebooks de 14 polegadas focados em mobilidade, a própria Qualcomm indica que a maioria dos fabricantes deve tratar o Snapdragon X2 Elite (a versão sem o Extreme) como um chip na faixa de 20 a 40 W, com 22 W aparecendo como ponto de equilíbrio bem comum. Nessa configuração, o usuário ganha boa autonomia de bateria, um nível de ruído mais contido e um equipamento que não esquenta tanto no apoio das mãos. Para quem passa o dia em planilhas, navegador e videoconferência, esse perfil de uso faz todo sentido.
Quando o projeto parte para carcaças mais espessas, com espaço para um sistema de refrigeração robusto, entra em cena o Snapdragon X2 Elite Extreme em todo o seu potencial. Nos testes práticos que a Qualcomm mostrou, rodando o chip praticamente sem amarras, o consumo sobe rápido. Em um teste de memória, o sistema bateu perto de 108 W. Em codificação de vídeo com o HandBrake, o valor ficou na casa dos 85 W. No Cinebench 2024 em modo multi-core, o consumo passou dos 70 W. Já um spinloop inteiro de inteiros rondou os 30 W, enquanto um Geekbench 6 multi-core chegou a pouco mais de 8 W.
Esses números deixam claro que o X2 Elite Extreme não é um processador com um único perfil, e sim uma plataforma extremamente elástica. Em cargas leves e rápidas, ele pode se comportar como um chip móvel econômico, ideal para uso cotidiano. Em tarefas longas e pesadas, com o cooler trabalhando forte e um sistema de refrigeração bem dimensionado, ele se aproxima de CPUs de desktop em termos de consumo e desempenho. O mesmo silício que em um cenário bate menos de 10 W pode, em outro, ultrapassar a marca dos 100 W sem grandes cerimônias.
Obviamente, isso tudo tem um custo de engenharia. Para sustentar clocks altos por vários minutos ou horas na faixa de 60, 80 ou até 100 W, o fabricante precisa investir em uma solução térmica parruda: câmara de vapor grande ou várias heatpipes, ventoinhas mais fortes, entradas e saídas de ar bem dimensionadas e, muitas vezes, um chassi mais grosso e pesado. Resultado: o notebook fica mais caro, mais ruidoso e menos portátil. Aquele sonho de ultrafino silencioso cede espaço a uma máquina voltada para produtividade pesada, edição de vídeo, desenvolvimento e até jogos com placa gráfica dedicada.
Falando em GPU dedicada, os fabricantes podem ainda combinar o Snapdragon X2 Elite Extreme com placas de vídeo que consomem entre 60 e 100 W. Numa configuração em que o processador está rodando, por exemplo, a 70 W sustentados e a GPU dedicada a 90 W, o conjunto completo passa facilmente da faixa dos 150 W. Na prática, é quase um desktop compacto em forma de notebook, ótimo para extrair muitos quadros por segundo, mas também perfeito para aquecer o ambiente no inverno. É uma escolha consciente: quem compra esse tipo de máquina geralmente sabe que vai conviver com fans mais barulhentas.
Não por acaso, já começaram os comentários de que estamos vendo uma espécie de volta do TDP flexível, que lembra os velhos tempos em que processadores móveis da Intel tinham o mesmo nome, mas se comportavam de forma totalmente diferente dependendo do notebook. Oficialmente ninguém está mentindo: o chip realmente consegue operar em todos esses níveis. Mas para o consumidor final, a sensação é de que o valor de TDP virou mais marketing do que regra. Daí surgem as piadinhas sobre TDP falso e a frustração de quem espera um comportamento padrão em qualquer modelo.
Em termos de desempenho puro, os primeiros testes indicam que o Snapdragon X2 Elite Extreme ainda não alcança o patamar do Apple M4 Max em Cinebench 2024, tanto em single-core quanto em multi-core. E a expectativa é que o futuro M5 Max, previsto para chegar por volta de 2026, empurre a régua ainda mais para cima. Mesmo assim, o X2 Elite Extreme tem seu charme: ele oferece ao ecossistema Windows on Arm uma plataforma flexível, capaz de entregar desde notebooks bem econômicos até máquinas de trabalho de alto desempenho que disputam espaço com soluções x86 mais tradicionais.
No fim das contas, para quem vai comprar um notebook com Snapdragon X2 Elite ou X2 Elite Extreme, o recado é simples: não confie apenas no nome do chip ou em um número bonito de TDP no slide. Um modelo de 14 polegadas limitado a 22 W e um equipamento mais espesso capaz de deixar o chip subir perto dos 100 W são produtos completamente diferentes, mesmo usando o mesmo processador. Antes de decidir, vale olhar reviews detalhados, focando em desempenho sustentado, temperatura do chassi e ruído das ventoinhas. É aí que você vai entender qual versão do Snapdragon X2 realmente está dentro do seu próximo notebook.