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Exynos 2600: a aposta de 2 nm da Samsung para o Galaxy S26

por ytools
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A Samsung parece finalmente pronta para transformar o velho sonho dos chips Exynos em algo realmente competitivo. Depois de anos de críticas a desempenho, aquecimento e consumo de energia, a divisão Samsung Foundry começa a mostrar sinais concretos de virada com o Exynos 2600, próximo processador topo de linha da marca.
Exynos 2600: a aposta de 2 nm da Samsung para o Galaxy S26
Ele deve estrear na família Galaxy S26 e, mais do que só um novo chip, será o cartão de visitas do processo de fabricação de 2 nm com transistores Gate-All-Around (GAA) da empresa.

Por que o processo de 2 nm importa tanto

Quando falamos em 2 nm, não é apenas uma corrida de marketing para ver quem coloca o número menor no slide. A mudança de 3 nm para 2 nm envolve encolher ainda mais as estruturas críticas do chip, especialmente os transistores. Quanto menores eles ficam, mais transistores cabem na mesma área de silício, aumentando a chamada densidade de transistores. Essa densidade extra permite duas coisas: subir desempenho mantendo o consumo ou manter o desempenho reduzindo o gasto de energia. Em um smartphone, isso se traduz em interface mais rápida, jogos mais estáveis, menos aquecimento e bateria durando mais tempo longe da tomada.

No cenário atual, em que um topo de linha é cobrado a preço de notebook, os usuários já não aceitam trade-offs grosseiros entre potência e autonomia. Por isso a indústria vem avançando em saltos sucessivos: 7 nm, 5 nm, 3 nm e agora 2 nm. A cada novo nó, o desafio técnico aumenta, mas o ganho acumulado em eficiência faz diferença real no dia a dia – principalmente em tarefas pesadas, como gravação de vídeo em 4K ou 8K, IA generativa rodando no próprio aparelho e jogos com gráficos de console.

Da era FinFET à aposta em Gate-All-Around

O avanço não é só de tamanho, mas também de arquitetura. Durante anos, a Samsung utilizou transistores FinFET em seus chips móveis, começando lá atrás com os processadores de 14 nm em 2015. O FinFET foi o grande protagonista da era dos chips modernos, com um “filete” de silício elevado e o gate envolvendo a estrutura em três lados para controlar o fluxo de corrente.

Com a geração do Exynos 2600, a empresa dá um passo maior e migra para o design Gate-All-Around. Em vez da “barbatana” única do FinFET, o GAA usa várias folhas (nanosheets) empilhadas, com o gate literalmente cercando o canal em todos os lados. Isso melhora o controle da corrente, reduz vazamentos e aumenta o chamado drive current – a capacidade do transistor de conduzir mais carga quando está ligado. Na prática, significa que o chip pode trabalhar em frequências mais altas ou oferecer a mesma performance com tensão menor, o que ajuda diretamente a reduzir consumo e temperatura.

Uma chance rara de chegar na frente da Apple

Historicamente, quem costuma inaugurar os nós mais avançados em chips móveis é a Apple. Foi assim com o A12 Bionic em 7 nm na linha iPhone XS, depois com o A14 Bionic em 5 nm no iPhone 12 e, mais recentemente, com o A17 Pro em 3 nm no iPhone 15 Pro e Pro Max. O padrão se repetia: primeiro a Apple estreava o novo processo, depois o resto da indústria corria atrás.

Desta vez, o roteiro pode ser diferente. Se a agenda da Samsung se mantiver, há uma boa chance de o Galaxy S26 e o Galaxy S26+ serem os primeiros smartphones com um chip construído em 2 nm, o Exynos 2600, em mercados como Europa e Coreia do Sul. O iPhone 18 provavelmente também virá em 2 nm, mas tudo indica que pode chegar depois. Para o marketing da Samsung, poder carimbar a frase “primeiro celular com chip de 2 nm” seria um marco importante. E, em termos de reputação, isso ajudaria a tirar a companhia da sombra da Apple e da TSMC, pelo menos nessa corrida específica.

Do hype às métricas reais de desempenho

Nos bastidores da indústria, as primeiras previsões para 2 nm eram bem agressivas: falava-se em ganhos de até 12% em desempenho em relação a 3 nm, até 25% de melhora em eficiência energética e uma redução de cerca de 5% na área do chip. No papel, parecia um salto quase revolucionário. Mas, conforme o processo se aproxima da realidade industrial, as estimativas ficam mais pé no chão.

Os números mais recentes divulgados pela própria Samsung apontam para algo mais moderado: cerca de até 5% de aumento de performance em comparação ao processo de 3 nm, até 8% de economia de energia e aproximadamente 5% de redução na área ocupada. Não é o tipo de salto que impressiona em gráficos de apresentação, mas ainda assim é relevante em dispositivos móveis, onde cada ponto de eficiência conta. E vale lembrar: esse é o estágio inicial do nó. À medida que o processo amadurece, é comum surgirem revisões internas que espremem mais desempenho e eficiência a partir da mesma base.

O fator decisivo: rendimento de fabricação em 2 nm

O ponto que realmente pode mudar o jogo, porém, não aparece no anúncio de lançamento: é o rendimento de fabricação, ou yield. Em linguagem simples, é a porcentagem de chips plenamente funcionais que saem de cada bolacha de silício. Em nós avançados, é normal que, no começo, esse número seja bem baixo – algo ao redor de 30% ou menos, o que significa que a maioria dos dies vai para o lixo.

No caso do processo de 2 nm da Samsung, relatos indicam que o yield saiu da faixa crítica de baixa de 30% e subiu para algo entre 50% e 60%. Ainda não é nível de processo “maduro”, mas já é território onde se consegue escalar produção em volume sem explodir os custos. Com esse rendimento, a Samsung Foundry pode aumentar significativamente a quantidade de wafers processados por mês, superando a barreira de cerca de 15 mil unidades mensais que limitava o 3 nm. Isso é essencial para garantir estoque suficiente de Exynos 2600 para a linha flagship de 2026 sem depender desesperadamente de chips de terceiros.

Como o Exynos 2600 deve se encaixar na família Galaxy S26

Os planos que circulam hoje apontam para uma estratégia híbrida, repetindo o que a Samsung já fez em outros anos: alguns mercados terão Galaxy S26 e S26+ com Exynos 2600, enquanto outros ficarão com a solução da Qualcomm. A expectativa é que Europa e Coreia do Sul recebam as versões com Exynos, enquanto Estados Unidos, China e Japão devem ver modelos equipados com o Snapdragon 8 Gen 5 Elite, fabricado em 3 nm. Já o Galaxy S26 Ultra, topo do topo, continuaria exclusivo com Qualcomm em todos os países.

Para a imagem do Exynos, é um teste importante. As gerações anteriores sofreram críticas fortes, com comparativos mostrando versões com Snapdragon entregando melhor autonomia e comportamento térmico do que as versões com chip da casa. Se o Exynos 2600, mesmo com ganhos modestos nos números brutos, entregar estabilidade, boa duração de bateria e desempenho consistente em jogos e tarefas pesadas, ele pode ser o início de uma reviravolta na percepção da linha entre entusiastas e criadores de conteúdo.

O tropeço do Exynos 2500 e o custo de depender de 3 nm imaturo

O cuidado extra da Samsung com o 2 nm tem uma origem bem clara: o drama do Exynos 2500 e da família Galaxy S25. A baixa taxa de rendimento no processo de 3 nm significou que simplesmente não havia chips Exynos suficientes para alimentar toda a produção planejada dos S25. No fim, a solução foi engolir o prejuízo e comprar às pressas mais unidades do Snapdragon 8 Elite da Qualcomm, reorganizando a linha para lançar o Galaxy S25 e o S25+ com o SoC rival. Estimativas de mercado apontam para um custo extra de cerca de 400 milhões de dólares nessa manobra.

Para uma empresa gigante como a Samsung, isso não é o fim do mundo, mas é um alerta caro. Depender de um processo ainda imaturo para um produto de altíssima escala se mostrou arriscado demais. A melhora de yield em 2 nm, portanto, não é só um número bonito em relatório: é a base que vai definir se o Exynos 2600 será protagonista ou figurante em sua própria geração.

Além do celular: Tesla, mineração e a batalha contra a TSMC

O plano da Samsung Foundry também passa por diversificar quem usa seu processo de 2 nm GAA. A empresa fechou acordos com a MicroBT e a Canaan, duas das maiores fabricantes de equipamentos de mineração de criptomoedas do mundo, para produzir chips nessa tecnologia. Há ainda um contrato multibilionário com a Tesla, mostrando que o segmento automotivo e de computação de alto desempenho vê potencial nas fábricas da Samsung para além do mercado de smartphones.

Mesmo assim, a posição da empresa no mercado global ainda é de “azarão”. No segundo trimestre recente, a Samsung detinha algo em torno de 7,3% do setor de foundries, enquanto a TSMC reinava com cerca de 70,2% de participação. A meta declarada da Samsung é chegar perto dos 20% de market share e tornar a divisão de foundry lucrativa de forma consistente por volta de 2027. Para isso, ela precisa provar que seus nós avançados, como o de 2 nm GAA, entregam não só tecnologia de ponta, mas também volume e custos competitivos.

A ferida aberta do Snapdragon 8 Gen 1 e a chance de reconquistar clientes

Quem acompanha o mercado lembra bem: o Snapdragon 8 Gen 1 foi inicialmente fabricado pela Samsung, mas sofreu com reclamações de aquecimento e eficiência. A resposta da Qualcomm foi rápida: relançou o chip como Snapdragon 8+ Gen 1 com pequenas mudanças e, principalmente, migrou a produção para a TSMC. Desde então, toda a linha topo de linha da Snapdragon vem sendo produzida em fábricas taiwanesas, e todos os anos surgem rumores de que parte dessa produção poderia voltar para a Samsung – algo que, até agora, não se concretizou.

Se a Samsung conseguir mostrar que seu processo de 2 nm é competitivo em performance, confiável em rendimento e atrativo em custo para grandes clientes, a conversa pode mudar de tom. Isso abriria espaço para recuperar contas perdidas e atrair novos parceiros que hoje dependem quase exclusivamente da TSMC. Para o usuário final, isso significa mais concorrência na base da cadeia, o que tende a gerar avanços mais rápidos em desempenho e eficiência, e menos risco de gargalos quando um único fornecedor enfrenta problemas de capacidade.

No fim das contas, o Exynos 2600 e a estreia da Samsung em 2 nm com GAA não são apenas mais um update de ficha técnica. Eles são um teste de fogo para provar se a Samsung Foundry consegue, de fato, disputar em pé de igualdade com a TSMC na fronteira da tecnologia. Se esse plano der certo, o Galaxy S26 pode marcar o começo de uma nova fase, tanto para os usuários de Android quanto para o equilíbrio de forças na indústria de semicondutores.

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