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Samsung fecha contratos de chips 2 nm GAA para mineração com MicroBT e Canaan

por ytools
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A Samsung conseguiu mais um trunfo importante para sua divisão de foundry: a empresa fechou contratos para produzir chips 2 nm GAA para duas grandes fabricantes chinesas de equipamentos de mineração de criptomoedas. Para o público em geral pode parecer um nicho, mas para o negócio de semicondutores isso é um movimento estratégico pesado.
Samsung fecha contratos de chips 2 nm GAA para mineração com MicroBT e Canaan
Ao colocar seus processadores de ponta dentro de máquinas que rodam 24 horas por dia em um dos mercados mais competitivos do mundo, a sul-coreana ganha algo que dinheiro nenhum compra facilmente: prova de que sua tecnologia de 2 nm é real, funciona e pode brigar de frente com a TSMC.

Gigantes chinesas da mineração apostam na Samsung

De acordo com a imprensa coreana, em especial o jornal Hankyung, duas empresas chinesas de peso no setor de mineração – MicroBT e Canaan – escolheram a Samsung para fabricar seus próximos ASICs. As duas são atualmente a segunda e a terceira maiores fabricantes de hardware de mineração do mundo, atrás apenas da Bitmain. Os novos chips 2 nm GAA da Samsung serão literalmente o “cérebro” da próxima geração de rigs, definindo quanto desempenho e quanta eficiência energética cada máquina consegue entregar por dólar investido.

O contraste fica ainda mais interessante quando olhamos para a Bitmain, líder absoluta do segmento, que continua fiel à TSMC. Para ela, a fundição taiwanesa é a parceira mais segura: histórico de entrega em volume, domínio de nós avançados e, principalmente, capacidade comprovada de melhorar rapidamente o rendimento (yield) de novos processos. É justamente esse ponto que a Samsung ainda precisa provar em 2 nm GAA. Mesmo assim, o fato de MicroBT e Canaan estarem dispostas a diversificar e apostar na rival mostra o tamanho da pressão por vantagens competitivas nesse mercado.

Quanto da capacidade de 2 nm esses pedidos ocupam?

Em termos absolutos, os pedidos de MicroBT e Canaan não são gigantescos, mas são bem relevantes para um nó tão novo. A produção para a MicroBT já começou, enquanto a Canaan planeja colocar seus primeiros chips de 2 nm em fabricação em massa no início de 2026. Tudo isso vai acontecer na linha S3 da Samsung, em Hwaseong, na província de Gyeonggi, uma das fábricas mais avançadas da empresa para lógica de ponta.

Somados, esses contratos devem ocupar algo em torno de 10% da capacidade atual de produção de 2 nm da Samsung, o que equivale a cerca de 2.000 wafers de 300 mm por mês. As primeiras entregas de chips para os clientes são esperadas para o segundo semestre do ano que vem, dando tempo para que o ecossistema de mineração desenvolva placas, firmwares, gabinetes e infra de resfriamento em cima da nova geração de ASICs.

Para o balanço trimestral da companhia, esse volume por si só não muda radicalmente o lucro. Mas do ponto de vista estratégico, ele é enorme: envia ao mercado a mensagem de que o nó de 2 nm da Samsung não depende só de um grande cliente “âncora”, e sim de um portfólio crescente de parceiros em setores bem diferentes entre si.

Por que 2 nm GAA é tão importante para mineração

No fim do dia, o negócio de mineração gira em torno de uma equação simples: quantos hashes por segundo você gera para cada watt consumido e para cada dólar gasto em infraestrutura. Por isso, mover designs para nós mais densos e eficientes não é luxo – é questão de sobrevivência. A tecnologia 2 nm GAA da Samsung promete maior densidade de transistores, melhor desempenho por watt e menor vazamento de corrente em comparação com processos anteriores baseados em FinFET.

Na prática, um ASIC bem projetado em 2 nm GAA deve permitir que MicroBT e Canaan entreguem rigs com muito mais poder de cálculo dentro do mesmo orçamento de energia, ou mantenham o desempenho atual com consumo menor e menos exigência de refrigeração. Em farms industriais, onde a conta de luz e os custos de resfriamento vão para milhões de dólares, essa diferença vira uma linha extra bem gorda na margem de lucro.

O problema é que tudo isso só vale se o nó for estável. Nos primeiros anos de um novo processo, o rendimento costuma ser mais baixo, há mais defeitos por wafer e o custo por chip bom é mais alto. A TSMC construiu sua reputação justamente mostrando que consegue atravessar essa fase crítica com velocidade e previsibilidade. A Samsung, em 2 nm GAA, ainda está no estágio em que cada grande projeto também funciona como teste de estresse da linha de produção. Por isso, os ASICs de MicroBT e Canaan são, ao mesmo tempo, produto comercial e laboratório a céu aberto para o processo da Samsung.

Exynos, Tesla, Snapdragon e agora… rigs de cripto

A mineração de criptomoedas é apenas uma peça do tabuleiro de 2 nm da Samsung. A empresa já posicionou o Exynos 2600 como o primeiro grande SoC a ser fabricado em escala nesse nó, usando a própria divisão de smartphones como vitrine para a tecnologia. Paralelamente, há um contrato bilionário com a Tesla para chips avançados, provavelmente ligados a sistemas de direção autônoma e inteligência artificial automotiva.

No universo mobile, a Qualcomm também observa tudo de perto. Amostras do Snapdragon 8 Elite Gen 5 em 2 nm já circulam para testes, mas o cenário mais provável é que uma estratégia de fornecimento dual – dividindo pedidos entre TSMC e Samsung – só apareça de fato com o Snapdragon 8 Elite Gen 6 lá para o fim de 2026. Para gigantes como Qualcomm, poder escolher entre duas foundries em nó de ponta não é apenas questão de preço: é seguro de abastecimento, poder de barganha e diversificação geopolítica.

Roteiro de 2 nm: novas gerações e fábrica no Texas

Para não ficar atrás da TSMC, a Samsung já concluiu o design básico da segunda geração do seu processo 2 nm GAA e trabalha em uma terceira iteração, conhecida como SF2P+. A cada passo, a meta é dupla: melhorar desempenho e eficiência, mas também tornar a fabricação em massa mais simples, com processos mais maduros de litografia, teste e empacotamento.

Esse plano também passa por geografia. Além das plantas na Coreia, a Samsung pretende levar a produção de 2 nm para a nova fábrica em Taylor, no Texas. O movimento conversa com a pressão dos governos dos EUA e da Europa para trazer parte da cadeia de semicondutores para mais perto de casa. A holandesa ASML já montou uma equipe dedicada para entregar e instalar o maquinário EUV necessário na planta texana. Quando tudo estiver pronto, a expectativa é que o site consiga fabricar mais de 15 mil wafers por mês até, pelo menos, 2027.

Para clientes que querem diluir riscos entre regiões e blocos políticos, ter um nó de 2 nm disponível não apenas na Ásia, mas também em solo americano, é um diferencial que pesa bastante em decisões de longo prazo.

Todo mundo ganha… menos a Intel?

A história de MicroBT e Canaan acrescenta um tempero curioso à disputa global das foundries. De um lado, a TSMC continua abocanhando a maior parte dos contratos premium, desde a Bitmain até chips de smartphones e data centers. Do outro, a Samsung vai somando vitórias em segmentos diferentes: já tem Exynos, Tesla, testes com Snapdragon e agora uma leva de ASICs para mineração.

Quem acaba ficando meio de coadjuvante nesse roteiro, pelo menos por enquanto, é a Intel. A empresa divulga cronogramas agressivos para sua divisão Intel Foundry, promete nós competitivos e planos ambiciosos, mas os grandes anúncios de chips 2 nm de clientes externos continuam, em sua maioria, indo para TSMC e Samsung. No mercado de mineração, o clima é quase de meme: “todo mundo ganhando, menos a Intel”.

O que isso significa para o ecossistema de mineração e para a Samsung

Para os mineradores, os novos ASICs de 2 nm da Samsung representam a chance de dar um salto geracional em eficiência, algo especialmente importante em um cenário de dificuldade crescente das redes, halving periódicos e tarifas de energia cada vez mais imprevisíveis. Quem conseguir mais hashes por joule nos próximos ciclos vai sobreviver; o resto fica pelo caminho.

Para a Samsung, esses contratos não são uma aposta cega no futuro do bitcoin ou de qualquer outra moeda, e sim um campo de testes perfeito para o nó de 2 nm GAA. Se a empresa mostrar bom rendimento, desempenho competitivo e custos aceitáveis justamente em um mercado tão sensível a qualquer centavo na planilha, vender o mesmo processo para clientes de IA, nuvem e eletrônicos de consumo fica bem mais fácil.

Sozinhos, os pedidos de MicroBT e Canaan não transformam a Samsung na nova líder absoluta do mercado de foundry. Mas, somados aos projetos em mobile, automotivo e inteligência artificial, eles reforçam a mensagem principal: o 2 nm GAA da Samsung deixou de ser apenas slide bonito em apresentação de investidor e está virando uma plataforma real, com uma base crescente de clientes dispostos a apostar nela.

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