Intel Nova Lake ainda nem deu as caras nas prateleiras e a comunidade de hardware já trata a nova geração como o próximo capítulo da guerra de cache contra a AMD. Várias fugas de informação apontam que a Intel prepara um enorme Big Last Level Cache (bLLC) e que esse recurso pode ser exclusivo de alguns modelos desbloqueados, focados em entusiastas. 
Na prática, seria a resposta direta da empresa aos Ryzen com 3D V-Cache, que hoje dominam o topo do desempenho em jogos.
Antes de mergulhar nos detalhes, vale reforçar: tudo ainda está no campo dos rumores. Mas não é papo jogado ao vento. As especificações batem com o que já se sabe do roadmap da Intel, vêm de leakers com histórico razoável de acertos e se encaixam bem na pressão que a AMD vem fazendo no segmento gamer. Em uma escala de probabilidade, esse cenário de Nova Lake com bLLC não parece chute de fórum, mas um vazamento com cara de 70% de chance de virar produto real.
O contexto também ajuda a entender o movimento. Desde que os Ryzen X3D chegaram com grandes blocos de cache em 3D empilhados sobre o die, ficou claro que jogos modernos respondem muito bem a esse tipo de arquitetura. Em vários títulos competitivos, a diferença de FPS entre um processador convencional e um modelo com cache turbinado é o suficiente para mudar a recomendação de compra. Era questão de tempo até a Intel reagir com uma solução própria.
O que é o bLLC e por que ele importa tanto
O tal Big Last Level Cache não é só um L3 um pouco maior. A ideia é adicionar um grande bloco de cache compartilhado no nível mais alto, trabalhando em conjunto com os caches L2 e L3 já ligados a cada grupo de P-cores e E-cores no tile de computação. Rumores falam em cerca de 144 MB de cache total em alguns modelos de Nova Lake e até 180 MB em uma variante topo de linha com dois tiles de bLLC.
Quanto mais dados o processador consegue manter dentro do chip, menos ele precisa buscar informação na RAM, que é muito mais lenta em termos de latência. Em jogos, isso significa menos travadinhas aleatórias, respostas mais consistentes da CPU em cenas pesadas, simulações de física mais suaves e IA rodando com mais folga. É exatamente o mesmo princípio que faz os Ryzen com 3D V-Cache dispararem em muitos benchmarks de games.
Não por acaso, já começou o bate-boca clássico: tem gente dizendo que a Intel está copiando a AMD, enquanto outros lembram que a própria Intel já brincava com grandes caches no passado, como no famoso Core i7-5775C com 128 MB de eDRAM. No fundo, os dois lados vêm testando soluções assim há anos. A diferença agora é que o foco não é mais só provar conceito em um modelo de nicho, e sim brigar pela coroa de melhor CPU gamer.
A polêmica dos modelos desbloqueados
O ponto mais quente dos vazamentos recentes é a suposta decisão de limitar o bLLC apenas a alguns modelos desbloqueados de Nova Lake. Segundo o leaker @Jaykihn, somente SKUs com multiplicador liberado para overclock receberiam o grande cache extra. Isso transformaria essas CPUs em verdadeiros produtos vitrine, desenhados para aparecer bem em testes, recordes de overclock e máquinas high-end de entusiastas.
Os primeiros boatos falavam em bLLC apenas em modelos intermediários, mas o quadro vem mudando. Hoje, o que mais aparece é uma configuração com 8 P-cores, 16 E-cores e mais 4 núcleos LP-E, algo que se encaixa muito bem em um eventual Core Ultra 5 com TDP na casa dos 125 W e cerca de 144 MB de cache total. Seria aquele chip perfeito para PC gamer de alto nível: sem chegar ao absurdo de preço de um topo de linha, mas com desempenho premium em jogos.
Configurações de núcleos e possíveis SKUs
Subindo a escada da linha, as coisas ficam ainda mais agressivas. Vários rumores citam um possível Core Ultra 9 com até 16 P-cores, 32 E-cores e os mesmos 4 LP-E-cores, tudo dentro de um limite teórico de 150 W de TDP. É aí que entra a cifra de até 180 MB de cache, usando dois tiles de bLLC. Logo abaixo, um suposto Core Ultra 7 traria algo em torno de 14 P-cores, 24 E-cores e os 4 LP-E-cores, enquanto o Core Ultra 5 teria diferentes variações com 8 P-cores e 12 a 16 E-cores, algumas com o cache gigante e outras sem.
Na base da pilha, um eventual Core Ultra 3 ficaria com 4 P-cores, 4 a 8 E-cores e 4 LP-E-cores, com TDP perto de 65 W e, muito provavelmente, sem acesso ao bLLC. Somando todos os tipos de núcleos, a configuração máxima de Nova Lake-S poderia chegar a 52 núcleos no total. Para um desktop voltado a consumidores avançados, isso parece exagerado à primeira vista, mas faz sentido em um cenário em que muita gente joga, renderiza vídeo, transmite ao vivo e ainda deixa dezenas de abas abertas ao mesmo tempo.
Plataforma: DDR5-8000, PCIe 5.0 e novo soquete
Processador forte sem plataforma à altura não resolve. E, pelo que se comenta, Nova Lake-S também vai subir a aposta nesse ponto. A expectativa é de suporte oficial a DDR5 em até 8000 MT/s em configuração de um módulo por canal, single rank, algo acima dos números apontados para Arrow Lake-S, que ficaria na faixa de 6400 a 7200 MT/s. Na parte de expansão, fala-se em até 36 lanes de PCIe 5.0 diretamente da CPU, mais 16 lanes de PCIe 4.0, tudo em um novo soquete LGA 1954.
Na prática, os fabricantes de placa-mãe devem aproveitar para lançar modelos ainda mais extremos, pensados para memória de altíssima frequência, vários SSDs PCIe 5.0, redes velozes e sistemas de alimentação parrudos para segurar esses processadores em overclock. Já dá para imaginar builds com 64 GB de DDR5 rodando em frequências absurdas e setups focados em espremer cada frame extra em monitores 4K e 360 Hz.
AMD, Zen 6 e a corrida do cache
Enquanto isso, a AMD não está parada. Além dos Ryzen 9000X3D, que devem consolidar ainda mais o uso de 3D V-Cache em jogos, o próximo grande passo será o Zen 6, também cercado de expectativas em relação a caches ainda maiores e melhorias de eficiência. Por isso, quando alguém diz que depois de Nova Lake acabou para a AMD, na prática está mais fazendo provocação de torcida do que análise de cenário.
Nos bastidores, ainda existe a novela dos patentes e processos envolvendo tecnologias de empilhamento de memória, com nomes como Adeia aparecendo de vez em quando. De um lado, acusam a AMD de se apoiar em tecnologias licenciadas; do outro, lembram que a empresa tem uma pilha de patentes próprias que antecedem muita coisa. Para quem monta PC, esse duelo jurídico só importa se um dia ele começar a limitar quais produtos podem ser vendidos. Até lá, interessa mesmo é o desempenho real na tela.
Para quem é o bLLC e o que esperar adiante
Se os rumores estiverem certos e o Big Last Level Cache ficar mesmo restrito aos modelos desbloqueados, o recado da Intel é bem claro: esse recurso é pensado primeiro para entusiastas, overclockers, criadores de conteúdo pesado e gamers que não hesitam em investir em hardware topo de linha. Usuários mais comuns provavelmente verão ganhos mais modestos, com CPUs sem bLLC, mas com melhor custo por quadro em jogos e boa eficiência energética.
Em termos de calendário, a posição mais repetida é que Arrow Lake-S chega antes, em 2025, e Nova Lake-S vem depois, em 2026. Isso dá tempo para a AMD ajustar as próximas gerações de Ryzen e talvez jogar ainda mais cache em cima da mesa. O que já dá para afirmar é que cache deixou de ser só um número perdido na ficha técnica: virou arma central na briga por desempenho em jogos.
No fim das contas, bLLC em Nova Lake e 3D V-Cache em Ryzen são dois caminhos diferentes para o mesmo objetivo: entregar a melhor experiência possível em games e workloads exigentes. Quem ganha com essa disputa é o usuário que tem paciência para esperar testes independentes, comparar preço, consumo e performance, e só então decidir qual lado da guerra do cache vai morar dentro do próximo PC.
1 comentário
na moral, não tô nem aí pra fanboy, quero um cpu que segure stream, render e jogo aberto sem virar churrasqueirinha na mesa