Balanço é fotografia; trajetória é filme. No relatório de abril a setembro de 2025, a Nintendo confirmou o rumor das filas de lançamento: a Nintendo Switch 2 começou forte. Em 30 de setembro, a nova híbrida já somava 10,36 milhões de unidades, ritmo mais veloz que o da primeira Switch, que precisou de cerca de dez meses para chegar a patamar semelhante. Do lado de software, foram 20,62 milhões de jogos, um attach rate próximo de duas compras por console – excelente para uma plataforma que ainda engatinha no calendário.
O que turbinou o arranque
Dois pilares puxaram a fila. 
Mario Kart World, vitrine do dia 1, correu na frente com 9,57 milhões de cópias e reforçou por que a franquia é o eterno cavalo de batalha da Nintendo. Donkey Kong Bananza veio atrás com 3,49 milhões entre julho e setembro – número sólido para uma série que costuma crescer no boca a boca. O recado é claro: os primeiros compradores não estão só “testando o hardware”; estão construindo bibliotecas, convertendo console em gasto recorrente com jogos.
Projeções mais altas, mesmo com vento contra
A empresa começou o ano fiscal com cautela, mirando 15 milhões de Switch 2 até março de 2026. Depois do arranque, recalibrou: agora fala em 19 milhões no primeiro ano. O detalhe relevante é o contexto: os tarifários dos EUA seguem como barulho de custo e preço. Não por acaso, a DFC Intelligence havia cortado sua expectativa de 17 para 15 milhões por causa desse risco. Superar projeções num ambiente mais duro indica demanda real – e não apenas canal estocado.
A velha Switch segue rendendo
No mesmo período, a Switch original ainda colocou 1,89 milhão de consoles e impressionantes 61,56 milhões de jogos. A projeção anual de hardware foi ajustada de 4,5 para 4,0 milhões, mas a de software subiu para 125 milhões (antes, 105 milhões). É o retrato de um ciclo maduro: base instalada massiva, ticket recorrente em games e DLCs. No acumulado desde março de 2017, a família Switch soma 154 milhões de unidades. Ultrapassar o recorde do PlayStation 2 (160,6 milhões) parece pouco provável – e talvez nem importe tanto: para a Nintendo, o crucial é a margem e a vitalidade do ecossistema que ela reforça agora com a Switch 2.
Comparações honestas importam
Muita gente lembra que não é “comparação 1 a 1”. O mundo tem mais gente hoje (meio bilhão a mais desde o início da primeira Switch), a distribuição digital cresceu e a Switch 2 chega com vantagens: audiência herdada, expectativa por retrocompatibilidade e um formato híbrido que cabe no sofá e no metrô. Há também o básico de qualquer leitura de mercado: sell-in (remessas ao varejo) não é sell-through (vendas ao consumidor). O trimestre de festas dirá o quanto do estoque vira console ligado na sala – e o quanto fica no depósito.
O que observar já
- Elasticidade no fim de ano: dá para segurar preço sob tarifa? Pacotes e bundles farão o trabalho pesado?
- Cadência de lançamentos: Kart e Kong bancaram o trimestre; os dois próximos pilares definirão se o attach rate se mantém perto de 2×.
- Saúde dos canais: faltas pontuais, não sistêmicas – velocidade de reposição nos EUA e na Europa é termômetro-chave.
- Terceiros mais engajados: com hardware mais capaz, ports e multiplataforma tendem a chegar antes, ampliando o funil além dos estúdios internos.
Em resumo: a Switch 2 não é apenas rápida; ela é eficiente em transformar interesse em gasto com software desde o primeiro contato. Mantendo ritmo de lançamentos e logística arrumada, a meta de 19 milhões parece menos teto e mais piso para o primeiro ano.