
Masahiro Sakurai, o criador das icônicas franquias da Nintendo, como Kirby e Super Smash Bros., recentemente deu uma entrevista onde compartilhou sua visão única sobre a indústria dos games, o papel da IA generativa e os desafios enfrentados pelos projetos AAA.
Em março, Sakurai recebeu um prêmio por sua trajetória na 30ª cerimônia de premiação da AMD. Na entrevista, recentemente republicada no Yahoo Japan, ele falou sobre seu método não convencional de criação de jogos. Ao contrário de muitos veteranos da indústria que administram suas próprias empresas, Sakurai evita a parte burocrática colaborando com outros estúdios, o que lhe permite se concentrar no lado criativo. “Eu não contrato pessoas”, explicou Sakurai, enfatizando que seu trabalho como freelancer e líder da Sora Ltd. lhe dá liberdade para trabalhar sem a pressão de gerenciar uma empresa. “É mais fácil focar na parte divertida de criar jogos quando você não está sobrecarregado com a gestão”, acrescentou.
O método de Sakurai pode parecer incomum, mas tem se mostrado eficaz. Ele destaca a importância de construir relações de confiança com seus colaboradores. “Cada novo projeto significa uma nova equipe”, disse ele. “Confiança e comunicação clara são fundamentais. Eu me certifico de que todos compartilhem a mesma visão e as mesmas informações desde o início”. Ele acredita que essa abordagem ajuda a reduzir o risco de mal-entendidos que podem prejudicar um projeto. “Se eu apenas passasse minhas ideias para um produtor, e ele repassasse para as outras pessoas da equipe, haveria lacunas de entendimento, o que levaria a grandes divergências no produto final.”
Apesar do sucesso de sua abordagem, Sakurai admite que não é uma solução universal. “Nem todo mundo consegue trabalhar assim”, reconheceu. “Para mim, funciona devido à reputação e confiança que conquistei com jogos como Kirby e Smash Bros. Sem esse histórico, seria muito mais difícil entrar na indústria.”
Quando questionado sobre o futuro da indústria de jogos, Sakurai expressou preocupação sobre a raridade do papel de diretor de jogo. Ele acredita que a especialização crescente das funções, com as tarefas sendo cada vez mais divididas em áreas específicas, dificulta que uma única pessoa possa supervisionar grandes equipes. “Está cada vez mais raro encontrar diretores capazes de gerenciar equipes enormes”, observou. “Antigamente, um artista gráfico poderia se tornar diretor, mas hoje, com a complexidade das produções, esse caminho é praticamente impossível.”
Falando sobre o estado da indústria, Sakurai notou que tanto os estúdios AAA quanto os desenvolvedores independentes enfrentam dificuldades crescentes. Ele afirmou que os grandes jogos estão se tornando cada vez mais insustentáveis, pois exigem uma quantidade imensa de recursos e esforços. “Está ficando cada vez mais difícil manter uma equipe tão grande e atender às exigências dos jogos AAA”, disse ele. No entanto, ele vê uma possível solução na IA generativa, que considera capaz de revolucionar a indústria ao tornar a produção mais eficiente. “A IA generativa pode ser a grande inovação que a indústria precisa”, sugeriu. “Ela pode ajudar a reduzir custos, acelerar a produção e dar mais liberdade para os criadores se concentrarem no que realmente importa.”
Embora Sakurai veja a IA como um possível salvador da indústria, ele também reconhece que os desenvolvedores independentes enfrentam seus próprios desafios. “Os jogos independentes oferecem liberdade e criatividade, mas precisam de muita sorte e trabalho para se destacar no mercado”, afirmou. “O mercado está muito competitivo, e apenas os projetos mais polidos e únicos conseguirão sobreviver.”
Olhando para o futuro, Sakurai continua trabalhando em novos projetos, incluindo Kirby Air Riders para o próximo Nintendo Switch 2. À medida que a indústria evolui, uma coisa permanece clara: Sakurai está determinado a se manter fiel às suas raízes enquanto se adapta aos novos tempos.
1 comentário
Sakurai está certo, liberdade criativa é o mais importante, e não a gestão de uma empresa. Espero que mais desenvolvedores sigam o exemplo dele