Keanu Reeves, um dos atores mais queridos de Hollywood, voltou a falar sobre um assunto que o incomoda há tempos: os deepfakes criados com sua imagem. O astro de John Wick e Matrix, conhecido por sua humildade e aversão à exposição, revelou que vem enfrentando uma verdadeira batalha contra vídeos e anúncios falsos feitos por inteligência artificial. “Não é nada divertido”, comentou o ator, com aquele tom calmo e irônico que o público reconhece tão bem. Para ele, o problema vai muito além de memes ou brincadeiras – trata-se de um ataque direto à identidade das pessoas.
De acordo com uma reportagem do The Hollywood Reporter, Reeves paga milhares de dólares todos os meses a uma empresa chamada Loti, especializada em rastrear e remover conteúdos falsos nas redes sociais. A empresa envia dezenas de milhares de notificações por ano a plataformas como TikTok e Meta, tentando eliminar vídeos e perfis que usam indevidamente a imagem do ator. 
É um esforço constante, quase uma luta contra um inimigo que nunca dorme. E, ainda assim, novos falsos “Keanus” continuam surgindo diariamente.
O que torna a situação mais complicada é justamente o fato de Keanu não ter perfis oficiais nas redes. Essa ausência cria uma aura de mistério – algo que os fãs adoram – mas também abre espaço para golpistas e imitadores. Muitos desses falsos perfis já foram usados para aplicar golpes, inclusive emocionais, em pessoas que acreditavam estar conversando com o verdadeiro Reeves. Outros utilizam deepfakes para promover produtos duvidosos, propagandas políticas ou até vídeos íntimos falsos. Com o avanço da inteligência artificial generativa, distinguir o real do fabricado está se tornando quase impossível.
Durante uma entrevista ao programa The Today Show, onde promovia sua peça na Broadway Esperando Godot ao lado de Alex Winter, Keanu foi questionado sobre uma foto de casamento gerada por IA que mostrava ele e sua parceira, a artista Alexandra Grant, se casando. “Eu nem tinha visto até alguém me mostrar no estúdio”, contou. “Eu sabia que essas coisas existiam, mas nunca tinha visto uma de perto. Vivemos nesse mundo agora, né?” Quando perguntado sobre o que acha de tantas versões falsas de si mesmo circulando na internet, ele respondeu: “Acho que isso está acontecendo com muita gente”. Mas, com um meio sorriso, completou: “Bom, não é nada divertido, sabe? Recebo mensagens perguntando: ‘Você tá mesmo vendendo esse produto?’ e eu só consigo dizer: ‘Não!’”.
Essa não foi a primeira vez que o ator abordou o tema. Em uma entrevista de 2023 à Wired, Reeves chamou os deepfakes de “assustadores” e revelou que seus contratos de cinema proíbem que sua atuação seja alterada digitalmente. “O pior é perder o controle sobre si mesmo. Quando você atua, participa do processo de edição. Mas no mundo dos deepfakes, nada disso tem seu ponto de vista. É aterrorizante”, disse. Ele também refletiu sobre o impacto cultural dessa tecnologia: “Vai ser interessante ver como os humanos vão lidar com isso. Estamos sendo estudados por nossas ações, por nossos dados. É como se a humanidade inteira tivesse virado experimento.”
Outras celebridades também enfrentaram situações semelhantes. Tom Hanks alertou os fãs sobre um anúncio de plano odontológico usando seu rosto sem autorização. Morgan Freeman agradeceu às pessoas que o avisaram sobre vídeos falsos com sua voz. E Jamie Lee Curtis chegou a fazer um apelo direto a Mark Zuckerberg no Instagram para remover um comercial gerado por IA que usava sua imagem. Para a executiva Alexandra Shannon, da agência CAA, é urgente criar leis e regulamentações que impeçam esse tipo de abuso. “Os artistas estão cada vez mais preocupados com o uso indevido de suas imagens. Isso não pode continuar sem controle”, afirmou.
Keanu, por sua vez, parece mais filosófico que revoltado. Ele entende que o problema é reflexo de uma era em que a tecnologia avança mais rápido do que nossa capacidade de lidar com ela. Mas isso não o impede de agir. Enquanto combate digitalmente as falsificações, ele segue firme no cinema. Recentemente, fez uma participação especial no derivado Ballerina e está produzindo a adaptação de seu próprio quadrinho BRZRKR para a Netflix. Além disso, John Wick 5 já está em desenvolvimento – embora o diretor Chad Stahelski ainda tente descobrir como trazer o personagem de volta após o final do quarto filme. No fundo, Reeves parece travar duas batalhas paralelas: uma nos filmes, contra assassinos e ilusões; outra, na vida real, contra as falsificações digitais que tentam roubar sua identidade.
1 comentário
usar o rosto de alguém sem autorização devia dar cadeia, simples assim