Jimmy Kimmel Live! voltou ao ar após uma breve suspensão, mas milhões de telespectadores nos Estados Unidos ainda não terão acesso ao programa. 
Isso porque dois gigantes do setor de mídia local – Nexstar Media Group e Sinclair Broadcast Group – continuam a bloquear a transmissão em 66 afiliadas da ABC sob seu controle.
A polêmica começou com o monólogo de Jimmy Kimmel em 15 de setembro, quando o apresentador fez comentários sobre as possíveis inclinações políticas do suspeito de tentar assassinar o ativista conservador e podcaster Charlie Kirk. A direção da ABC classificou as falas como “inadequadas e inoportunas”, e a reação política não demorou. Brendan Carr, indicado por Donald Trump e atual presidente da Comissão Federal de Comunicações (FCC), chegou a sugerir que as licenças de transmissão da ABC poderiam ser revogadas. Para Nexstar e Sinclair, que estão conduzindo processos de fusão e dependem da aprovação da FCC, a ameaça soou séria. As empresas rapidamente retiraram o programa da grade, e a ABC, pressionada, suspendeu o apresentador.
A resposta de Hollywood foi imediata. Estrelas como Mark Hamill, da saga Star Wars, e Tatiana Maslany, protagonista de Mulher-Hulk, acusaram a Disney de se curvar a pressões políticas. Alguns prometeram não trabalhar mais com o estúdio, enquanto outros pediram aos fãs para cancelar suas assinaturas de Disney+, Hulu e ESPN+. Diante da pressão de artistas e consumidores, a ABC voltou atrás e recolocou Jimmy Kimmel Live! no ar nesta segunda-feira. Porém, as afiliadas da Nexstar e da Sinclair mantêm o bloqueio.
Em comunicado, a Nexstar afirmou que a decisão foi tomada para preservar um ambiente de “diálogo respeitoso e construtivo” em suas comunidades locais. A empresa destacou que o programa continua disponível em plataformas de streaming da Disney, enquanto suas emissoras priorizam notícias locais e produções regionais. A Sinclair adotou posição semelhante: por ora, substitui Kimmel por noticiários e segue em negociação com a ABC.
Esse impasse escancara a delicada relação entre liberdade de expressão, interesses políticos e estratégias empresariais no setor televisivo americano. Para as companhias, trata-se de proteger seus negócios e manter as portas abertas junto ao regulador; para o público, o impacto é direto: sem acesso ao talk show em 66 mercados, a única opção é recorrer ao streaming ou esperar um acordo.
No fim das contas, a disputa mostra como decisões locais podem transformar-se em batalhas culturais de alcance nacional, deixando espectadores no meio do fogo cruzado entre corporações, políticos e artistas.
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