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Intel Diamond Rapids Xeon 7: só 16 canais de memória e zero espaço para compromisso

por ytools
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Intel Diamond Rapids Xeon 7: só 16 canais de memória e zero espaço para compromisso

Intel abandona o Xeon 7 Diamond Rapids de 8 canais e dobra a aposta em 16 canais de memória

O segmento de servidores da Intel está passando por uma virada importante. Antes mesmo de chegar ao mercado, a plataforma Diamond Rapids já foi redesenhada sob a nova liderança de data center da empresa. A decisão é clara: a família Xeon 7 com controladora de memória de 8 canais sai de cena, e todo o foco passa a ser nos modelos com 16 canais. À primeira vista parece apenas uma limpeza de portfólio, mas na prática é um reconhecimento de que, na era da inteligência artificial, de bancos de dados gigantes e nuvens hiperescala, memória – e não só o número de núcleos – virou o verdadeiro campo de batalha.

No plano original, Diamond Rapids seria um lineup de dois níveis. A variante de 8 canais sucederia os Xeon 6 Granite Rapids SP como opção mais “de volume”, atendendo workloads tradicionais de servidor, enquanto os modelos de 16 canais ficariam reservados para clientes que precisam de máximo desempenho. Essa dualidade daria aos provedores de nuvem e às empresas aquele velho trade-off entre custo por soquete e capacidade máxima. Só que, segundo parceiros, a Intel já retirou oficialmente o Diamond Rapids de 8 canais da sua roadmap, simplificando a plataforma em torno de um único pilar: processadores de 16 canais, cujos benefícios serão empurrados para baixo na linha para cobrir o maior número possível de perfis de uso.

O motivo dessa guinada está na mudança de perfil das cargas de trabalho. Treinamento e inferência de modelos de IA, ambientes altamente virtualizados, bancos de dados em memória e grandes instâncias SQL/RDS são todos extremamente famintos por largura de banda e capacidade de RAM. Núcleo parado esperando dado sair da DRAM é dinheiro queimado, principalmente em cenários em que a licença do software é cobrada por vCPU. Aumentar o número de canais de memória não é apenas colocar mais slots na placa: é multiplicar os caminhos paralelos entre CPU e DRAM, reduzir contenção e manter o throughput previsível quando o servidor está sob pressão constante.

Nos bastidores, fala-se que o Diamond Rapids de 16 canais poderá trabalhar com frequências de memória muito elevadas, chegando a algo em torno de 12.800 MT/s e oferecendo até cerca de 1,6 TB/s de largura de banda por soquete. Números desse nível deixam de ser apenas argumento de slide e viram resposta direta a um gargalo bem real: GPUs de alta performance, bancos de dados gigantescos e camadas de cache em memória conseguem facilmente saturar o que um design de 8 canais de gerações anteriores foi pensado para entregar. Nesse contexto, cada canal extra deixa de ser luxo e passa a ser requisito de sobrevivência para a próxima leva de plataformas de data center.

É claro que essa movimentação acontece em um cenário de competição feroz. A AMD vem empurrando a linha EPYC para contagens de canais de memória cada vez maiores e DDR5 em frequências agressivas. As duas empresas entenderam que a disputa por servidores mudou: não basta falar em mais núcleos por soquete, é preciso entregar uma plataforma completa, com I/O abundante, muita memória e banda suficiente para alimentar aceleradores. Se a AMD vende o EPYC como um “monstro de memória”, a Intel não pode chegar com um Diamond Rapids principal que pareça modesto nesse quesito. Ao concentrar esforços só na opção de 16 canais, a empresa manda o recado de que o Xeon 7 quer brigar justamente no topo, onde as margens são mais apetitosas.

Ao mesmo tempo, há um componente de estratégia de receita difícil de ignorar. Em muitos parques de servidores, as plataformas de 8 canais costumam ser o cavalo de batalha, especialmente em aplicações sensíveis a preço. Tirar esse degrau intermediário e deixar apenas a opção mais complexa e cara empurra uma parte relevante da base de clientes para configurações de tíquete maior, com placas-mãe mais robustas e conjuntos de memória mais densos. Não é à toa que surgem comentários irônicos sobre “ligar a impressora de dinheiro” e sobre o quanto a Intel depende, hoje, de apoio e subsídios governamentais enquanto investe pesado em novas fábricas e nós de fabricação.

Por outro lado, reduzir tudo a “ganância” seria simplificar demais. Há anos empresas vêm percebendo que muitas cargas de trabalho comuns funcionam muito bem em CPUs de gerações anteriores. Front-ends web, microserviços, aplicações internas leves – tudo isso continua rodando em Xeons antigos sem reclamar. O impulso real para adotar uma nova plataforma aparece nos níveis de carga pesada: grandes bancos de dados, analytics, clusters de IA, nuvens privadas super densas, onde cada incremento de largura de banda por soquete vira menos licenças pagas e menos servidores necessários. Nesse cenário, um Diamond Rapids de 8 canais provavelmente envelheceria rápido demais, ficando preso no limbo entre custo e desempenho.

Para os clientes, o novo plano traz benefícios e incômodos. Adotar só 16 canais significa plataformas mais capazes, com melhor desempenho por soquete e por watt, mas também com custo inicial potencialmente mais alto. Empresas menores, que contavam com uma opção de entrada mais barata, podem se ver diante da escolha entre manter plataformas antigas por mais tempo ou buscar alternativas – e aí o EPYC se torna muito mais atraente, desde que a AMD consiga garantir wafers suficientes para atender quem não quer pagar o “pedágio” do ecossistema Intel de última geração.

Essa escolha da Intel respinga até no mercado entusiasta e de estações de trabalho. Desde que o Threadripper apareceu, o antigo segmento HEDT da Intel minguou e nunca mais se recuperou de verdade. Durante muito tempo, a receita era simples: pegar um die de servidor, reduzir canais de memória e I/O e transformar em plataforma para criadores e profissionais. Com o sumiço da opção de 8 canais em Diamond Rapids, fica ainda mais difícil imaginar um renascimento amplo desse HEDT “raiz”. O foco tende a permanecer em Xeon W e desktops convencionais, enquanto os Threadripper da AMD continuam reinando no topo para quem precisa de dezenas de núcleos e toneladas de RAM.

Por dentro da Intel, porém, a decisão de unificar tudo em torno de um único design de 16 canais tem sua lógica. Menos variantes de silício para validar, menos placas para homologar, menos combinações para oferecer e manter por anos. Para OEMs e hyperscalers isso também simplifica a vida: fica mais fácil padronizar racks e estoques quando o fornecedor trabalha com um “soquete de referência” bem definido. E, principalmente, a empresa ganha uma resposta mais sólida para a pergunta que pesa hoje sobre qualquer novo servidor: este CPU vai conseguir alimentar GPUs, armazenamento e aplicações famintas por dados durante os próximos cinco a sete anos sem virar gargalo?

No fim das contas, matar o Diamond Rapids de 8 canais é uma aposta sobre para onde o mercado está indo, e não sobre onde ele esteve. A Intel acredita que, a partir de 2026, quem for atualizar plataforma vai priorizar largura de banda máxima, densidade de memória e I/O robusto acima da existência de um modelo intermediário mais barato. Alguns vão ver nisso puro jogo de margem. Outros, um passo necessário na corrida de memória contra a AMD. De qualquer forma, uma coisa é certa: com a mudança, o Diamond Rapids deixa de ser um produto de compromisso e passa a chegar como um statement de engenharia, o que deve fazer do seu lançamento um dos mais observados desta década no mundo dos servidores.

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