IGN Fan Fest 2025: Edição de Outono voltou para fechar o ano com chave de ouro – e com aquela mistura caótica (no melhor sentido) de trailers-bomba, entrevistas francas, clipes inéditos e painéis que costuram jogos, séries e cinema numa mesma conversa. Depois do sucesso de fevereiro, a versão de outono ampliou a régua: mais estreias mundiais, mais bastidores, mais espaço para indies e, principalmente, mais daquela sensação de que as fronteiras entre mídias estão derretendo. 
Se você perdeu a transmissão ao vivo ou quer um panorama crítico dos anúncios – com contexto, datas, tendências e a leitura do que a comunidade sentiu – este é o seu guia definitivo.
Para organizar a avalanche, dividimos o especial em blocos: Filmes & TV, Jogos AAA, Indies & projetos autorais, Anime & adaptações, Estratégia & simulação, Expansões & crossovers e Hardware & cultura de jogos musicais. Ao longo do texto, destacamos datas-chave (todas de 2025 e 2026 quando aplicável), mostramos por que certas estreias importam e registramos reações reais do público – inclusive as mais ácidas e bem-humoradas. Vamos lá.
Filmes & TV: monstros, mitos e o retorno do medo elegante
Predator: Badlands – sobrevivência no fio da lâmina (7 de novembro de 2025)
O clipe inédito de Predator: Badlands apresentou Dak, um protagonista jovem, ágil e inventivo, cercado por criaturas com gavinhas vegetais que parecem saídas de um pesadelo botânico. Em vez de usar a marca “Predator” como muleta, o filme se apoia na tensão física – câmera rente ao corpo, cortes secos – e no contraste entre tecnologia e selvageria. Em entrevista, o diretor Dan Trachtenberg soltou duas boas: comparou Predator a James Bond (pela frieza profissional e pelos gadgets sempre um passo à frente) e contou que, anos atrás, chegou a desenhar um jogo do Predador e enviar à GamePro. Não foi publicado, mas a obsessão com a franquia explica o cuidado de agora.
The Witcher (Netflix) – Temporada 4, a coragem de trocar o rosto, não a alma
Liam Hemsworth apareceu como Geralt de Rívia num trecho que entrega o tom do novo arco: Geralt, Yennefer e Ciri estão separados por uma guerra que não dá trégua, obrigados a buscar novos aliados e a rever o que entendem como lealdade. A showrunner Lauren Schmidt Hissrich reconheceu o peso de substituir Henry Cavill, mas frisou que a ideia é “dar um pagamento emocional merecido à série”, e não apenas imitar o passado. O visual permanece sóbrio e frio, e a coreografia indica um Geralt menos performático e mais pragmático – o que pode agradar quem queria ver menos pose e mais consequência.
Splinter Cell: Deathwatch – 2ª temporada confirmada
Entre um trailer e outro, Derek Kolstad (de John Wick) cravou: Splinter Cell: Deathwatch terá 2ª temporada na Netflix, já de olho no pós-estreia da 1ª temporada (14 de outubro de 2025). O pitch permanece irresistível: espionagem crua, moral cinza e um senso de ritmo que alterna infiltração metódica e explosões milimétricas.
Frankenstein – a tempestade que dá à luz um clássico
Guillermo del Toro mostrou, enfim, a cena que todo mundo queria ver: a experiência no auge da tempestade, o momento em que a criatura nasce no clarão elétrico. É o del Toro que conhecemos – barroco, compassivo, fascinado por monstros que espelham os fracassos humanos. Não dá para medir um filme por um recorte, mas dá para sentir o pacto: tratar Mary Shelley com reverência e, ao mesmo tempo, imprimir uma assinatura muito pessoal.
The Last Frontier – o acidente que não foi acidente
No campo das séries, The Last Frontier chamou atenção com sua premissa seca: um único marshal americano guarda uma imensidão gelada no Alasca; um avião-prisão cai; dezenas de detentos extremamente perigosos escapam. O teaser insinua uma investigação que parte do óbvio (capturar fugitivos) e logo vira uma peneira de segredos: por que a queda parece orquestrada?
Good Fortune – Keanu como anjo desastrado (17 de outubro)
Em outro extremo de tom, Good Fortune brinca com destino e acaso: Keanu Reeves vive Gabriel, um anjo bem-intencionado e nada eficiente; Aziz Ansari é um trabalhador de aplicativo à beira do colapso; Seth Rogen surge como um investidor que resolve tudo com dinheiro – e complica ainda mais. A química do trio funciona especialmente quando a comédia encosta no absurdo. Bônus: nos bastidores, Keanu falou da pior função que já teve – e o relato vale pela pureza do humor involuntário.
Return to Silent Hill – o trauma que caminha (23 de janeiro de 2026)
O material de bastidores do longa de Christophe Gans confirma a aposta no psicológico: pirâmides, neblina e corredores infinitos a serviço de uma culpa que nunca se dissolve. A câmera linger, o som arranha, e cada corte parece carregar um sussurro do passado. Se entregar o mínimo do que sugere, será um prato cheio para quem viu em Silent Hill 2 a síntese do horror íntimo.
IT: Welcome to Derry (26 de outubro) & Black Phone 2
De volta a Derry, a HBO/HBO Max promete “levar você aonde tudo começou”; já Black Phone 2 posiciona Ethan Hawke outra vez como o Grabber, num jogo de dúvidas sobre o que é real. Dois projetos distintos unidos por um detalhe: nenhum dos dois confia no susto fácil – a ideia é corroer pela antecipação.
The Carpenter’s Son (14 de novembro) & Frankenstein (ecos), Mighty Nein (19 de novembro) e Daryl Dixon (final em 19 de outubro)
The Carpenter’s Son, com Nicolas Cage, FKA twigs e Noah Jupe, propõe uma fábula sombria ancorada em fé, tentações e forças que sussurram ao pé da cama. The Mighty Nein, animação que une Critical Role e Titmouse, chega em 19 de novembro com o grupo de foras-da-lei tentando impedir que a realidade desfie. E The Walking Dead: Daryl Dixon marcou presença com um clipe do fim da 3ª temporada: um teatro de fantoches estrelado por zumbis visto por Daryl mascarado – grotesco na medida certa para a mitologia da série.
Jogos AAA: do culto ao clássico, a safra das escolhas
Dispatch (22 de outubro de 2025)
O trailer “Hype” vendeu bem a proposta: um jogo de estratégia com ação e escolhas narrativas, no qual você gerencia uma equipe heterodoxa de heróis para manter a cidade viva (e minimamente ética). O elenco de vozes é estrelado e, mais importante, o jogo quer que cada decisão tenha peso material. A cidade responde, e você também.
Terminator 2D: No Fate (26 de novembro de 2025)
É difícil encostar em O Exterminador do Futuro 2 sem virar pastiche; a saída aqui foi assumir o 2D e dobrar a aposta no what if. O trailer intercalou cenas icônicas com bifurcações novas e finais múltiplos. A pergunta, no fim, é filosófica: se dá para alterar a história, onde fica o “destino que não pode ser mudado” do subtítulo?
WWE 2K25: Farewell Edition – a despedida de John Cena
Apresentada por R-Truth, a edição especial presta tributo à carreira de John Cena, que se encerra em dezembro de 2025. Além de quatro novos Superstars, há momentos curados para recontar a trajetória de um performer que virou sinônimo de consistência e carisma.
Plants vs. Zombies: Replanted (23 de outubro de 2025)
É reconfortante quando um clássico volta sabendo por que funcionou. Replanted preserva o DNA tático do jogo original, polindo gráficos, interface e ritmo. Em tempos de sequências mais barulhentas do que inteligentes, a palavra “replantado” soa como manifesto: cultivar, não reinventar à força.
The Outer Worlds 2 (29 de outubro de 2025)
Sem o cinismo original perder o brilho, o novo material focou em armas alienígenas e contraste entre corporações fofinhas por fora e famintas por dentro. É Obsidian sendo Obsidian, o que, convenhamos, já é muito.
Indies & autorais: a seiva nova
Mouse: P.I. For Hire – noir em preto-e-branco cartunesco
O making of exibido durante o Fest foi um pequeno curso de direção de arte: linhas grossas, animação desenhada à mão no estilo dos anos 1930, fumaça de charuto que vira pincelada. Fumi Games quer um FPS que pareça desenho antigo, mas com a contundência moderna de tiro, investigação e ritmo elástico. O mergulho mais longo sairá em 28 de outubro.
Denshattack! – ritmo de trem-bala
David Jaumandreu descreve seu jogo como “se Tony Hawk fizesse grind em trens japoneses”. A demo exibida pulsa: cores neon, mudanças de trilho no tempo da batida, combos que atravessam túneis e plataformas. Não é apenas estilo; há um design de movimento que recompensa precisão e improviso.
Skopje ’83 (7 de novembro)
Roguelike em primeira pessoa com cell shading, cenário hostil e convicção de dificultar a sua vida. O trailer reitera o mantra: o mundo não quer que você vença. O jogo abraça a frustração como motor – cada morte vira conhecimento geográfico e tático.
Nice Dream’s Goodnight Universe – um bebê de seis meses com consciência plena
O pitch mais estranho (elogio) do bloco indie: você controla um bebê de seis meses, com consciência totalmente formada e habilidades psíquicas. Cinematográfico, emotivo, experimental – lembra o risco que os indies se permitem quando não precisam explicar tudo no primeiro minuto.
Shark Dentist – o perigo de trabalhar na boca (errada)
“Jogue como um dentista… de tubarões.” O trailer alterna humor macabro e brutalidade cômica. Um passo em falso e você perde a cabeça – literalmente. É aquele tipo de game que parece piada, mas pode esconder uma física esperta e um loop viciante.
Anime & adaptações: espadas, demônios e gangorras morais
Bleach: Soul Resonance
RPG de ação 3D para mobile que empilha personagens amados e confrontos rápidos. O apelo está no fanservice competente, sem parecer apenas uma colagem de momentos famosos.
Digimon Beatbreak – espelhos e rupturas
O clipe exclusivo levou os heróis ao Mirror World, onde as regras parecem dobrar. O tom lembra os episódios mais “adultos” da franquia: menos fofura, mais consequências.
Chainsaw Man – o salto para o cinema
O recorte exibido reforça a promessa: numa guerra brutal entre demônios, caçadores e inimigos ocultos, surge Reze, e Denji encara seu duelo mais íntimo – amor como pólvora num mundo em que ninguém joga limpo. A coreografia de ação impregna a sala, mas é o subtexto (qual é o custo de desejar algo puro num lugar sujo?) que prende.
Corrida, simulação, estratégia: ferrugem, fumaça e decisões
JDM: Japanese Drift Master – neon, ângulos e borracha
O trailer de anúncio nos consoles cravou um objetivo: ser acessível como arcade e, ainda assim, expressivo para quem quer afinar carro e técnica. A direção de fotografia vai no clichê (no bom sentido): chuva, reflexos, a noite como cenário para fumaça virar desenho.
Metro Rivals: New York (2026)
Meio sim de transporte, meio aventura dirigida por personagem. A cidade fica viva não apenas no tráfego, mas nas histórias cruzadas dos agentes públicos e dos usuários. Se cumprir, vira o tipo de jogo que ensina urbanismo sem parecer lição.
Ambrosia Sky (10 de novembro; demo disponível)
Primeira pessoa, ficção científica estilizada: você investiga uma catástrofe nos anéis de Saturno, limpa contaminação e tenta escapar antes que tudo despenque. A demo já dá o tom – exploração contemplativa pontuada por picos de pânico.
Battlestar Galactica: Scattered Hopes – estratégia em tempo real com pedigree
O gameplay detalhou subsistemas, prioridades de fogo e o vaivém entre macrodecisão e micromanejo. Um RTS à moda antiga – com a diferença de que agora o espectador é exigente e nota quando o universo de uma franquia está só de enfeite. Aqui, não parece estar.
Anno 117: Pax Romana (13 de novembro de 2025) – Anfiteatro como monumento-vivo
O vídeo ensinou a levantar o Anfiteatro, explicou por que entreter é também administrar e como o monumento interage com economia, moral e fluxos urbanos. Anno continua mestre em dar números à história, sem tirar poesia da paisagem.
Quarantine Zone: The Last Check – demo com zumbis e planilhas
O novo trailer vendeu um gestor de sobrevivência: você lida com recursos, civis, ameaças e dilemas éticos de fronteira. O detalhe que chama é a transparência de sistema – menos “magia de bastidores”, mais “olha a consequência aqui”.
House Flipper Remastered Collection – polimento de cima a baixo
Conjunto com o jogo base e todos os DLCs, agora com revisão visual, iluminação nova, texturas melhores, UI mais limpa e mecânicas mais suaves. É a versão para quem quer começar e para quem quer recomeçar.
Expansões, crossovers, atualizações
Warframe – novo sistema de Mods + Oberon grátis até 21 de outubro
Os veteranos ganharam um vislumbre do redesenho de builds: mais profundidade, mais combinações, menos “meta engessado”. E a cereja: logue até 21/10 para resgatar o Oberon sem custo.
Dying Light: The Beast × PUBG Mobile
De 16/10 a 04/11, conteúdo temático de The Beast em PUBG Mobile; no dia 31/10, o caminho inverso acontece em Dying Light: The Beast. É o Halloween como ele deve ser: transversal e cheio de loot.
Dust Bunny (5 de dezembro de 2025)
Um clipe pirotécnico com marionetes de dragão, lutas épicas e uma estética de feira noturna. É aquele tipo de obra que parece brega por um segundo – até você perceber o controle coreográfico do caos.
The Outlast Trials – Temporada 4 com PvP Invasion Mode (21 de outubro)
Jogadores poderão vestir máscaras e se disfarçar como outros jogadores. O trailer é um soco: promete paranoia coletiva e reverte a solidão do terror em jogo social perverso.
Cult of the Lamb: Woolhaven (início de 2026)
O novo conteúdo amplia o ciclo de vida com rancharia e um arco de “reerguer o rebanho” e despertar o inverno para desvendar o destino de cordeiros caídos. Continua fofo, continua cruel – um triunfo tonal.
Universo Warhammer & afins
Warhammer 40,000: Rogue Trader chega ao Switch 2 – o primeiro da franquia no novo console da Nintendo. Já Warhammer 40,000: Dark Heresy mira janela de alpha no 4º trimestre de 2025: investigações duras, combate áspero, escolhas de peso em nome do Deus-Imperador. A Owlcat mostrou confiança em narrativas amplas que respeitam o papel de mesa, mas falam a linguagem do videogame.
IPs queridas de volta ao palco
Jurassic World Evolution 3 (21 de outubro de 2025) – conheça o Therizinosaurus
O trailer apresentou o “lagarto foice”, dono das maiores garras já registradas. Entre ciência e espetáculo, segue a franquia que melhor transformou planilhas de parque em fantasia de infância.
SpongeBob SquarePants: Titans of the Tide (demo disponível; jogo em 11 de novembro)
Bob Esponja e Patrick encaram uma maré de confusões. A demo confirma humor escrachado com gameplay atento ao público que cresceu – acessível, porém pontual nas piadas meta.
Squirrel With a Gun (Switch 2, 18 de novembro de 2025)
O trailer lembrou por que o conceito viralizou: um esquilo armado, um parquinho de sandbox, puzzles e física travessa. É um absurdo calculado – e não é surpresa que tenha dominado timelines de quem queria algo… diferente.
Scott Pilgrim EX (2026) – peleja e personalidade
Num vídeo com Bryan Lee O’Malley e o designer Yannick Belzil, a equipe explicou como traduz as personas de Scott e Ramona para uma aventura de briga que não traia o espírito original. É menos nostalgia automática e mais atualização de caráter.
Os Quatro Cavaleiros e a herdeira de diamantes
Num clipe da franquia de ilusionistas, Jesse Eisenberg, Woody Harrelson, Dave Franco e Isla Fisher retornam para unir uma nova geração de mágicos (Justice Smith, Dominic Sessa, Ariana Greenblatt) contra Veronika Vanderberg (Rosamund Pike), uma bilionária que trata poder como truque sujo.
Bugonia (31 de outubro)
Emma Watson vive uma CEO sequestrada por dois jovens obcecados por teorias conspiratórias (Jesse Plemons entre eles), convencidos de que ela é um alienígena em missão para destruir a Terra. A provocação é clara: quem, afinal, parece menos humano?
Hardware & a saudade dos rhythm games
CRKD – controlador de guitarra inspirado na Gibson Les Paul Cherry Sunburst
Em entrevista com Jack Guinchard (CRKD), vimos o periférico ganhar vida enquanto o criador de conteúdo ACAI destruía riffs ao vivo. O acabamento chama atenção, mas o que mais importa é a resposta do hardware – latência baixa e sensação de instrumento “de verdade”. O comentário mais ouvido? “Lindo. Mas cadê um novo Guitar Hero ou Rock Band pra usar isso?” A observação dói porque é justa: a comunidade quer uma cena musical moderna, com suporte a streaming, modo criador e licenciamento inteligente. O palco está armado; falta o show.
Quando e onde assistir
O IGN Fan Fest: Edição de Outono foi transmitido nas principais plataformas da IGN. O countdown começou às 9h PT / 12h ET / 17h BST, e o main show abriu às 10h PT / 13h ET / 18h BST. Se você quer rever tudo, vale buscar a versão completa para rastrear os mais de 80 momentos exclusivos do evento.
Tendências que emergiram (e por que importam)
- Volta dos horrores “de autor”. Frankenstein, Return to Silent Hill, Black Phone 2 e IT: Welcome to Derry compõem um mosaico de medo elegante, mais psicológico do que pirotécnico. A aposta está na ansiedade, não no susto gratuito.
- Indies em modo manifesto. Mouse: P.I., Denshattack!, Skopje ’83 e Goodnight Universe reafirmam que escala não é sinônimo de ambição. São jogos que arriscam estética, estrutura e assunto.
- Nostalgia inteligente. Plants vs. Zombies: Replanted e Terminator 2D: No Fate preferem preservar o melhor e tensionar o resto, em vez de reescrever a bíblia toda.
- Simulação com coração. De Metro Rivals a Anno 117, a mensagem é clara: dá para ensinar sistemas sem matar a fantasia. O jogador quer ver causa e efeito, mas também quer poesia.
- Comunidade como bússola. De Warframe (mods redesenhados e Oberon grátis) a painéis francos de showrunners, muita gente repetiu a mesma ideia: ouvir feedback, filtrar com critério e dar respostas visíveis.
Vozes da comunidade – o termômetro que não mente
Se tem algo que o Fan Fest reforça é que a conversa com o público é parte do espetáculo. E as reações foram um capítulo à parte. De um lado, o humor resignado: “Meh, curti pouco, volto no próximo.” De outro, desejos antigos que a indústria poderia abraçar já: “Queria o retorno de Star Trek Infinite Space.” Entre os destaques inesperados, um consenso curioso: “Squirrel With a Gun foi a única coisa que me deixou realmente animado.” E o dilema musical: “O controlador de guitarra da CRKD está incrível – pena não termos um novo Guitar Hero ou Rock Band para acompanhar.”
Esses comentários ajudam a ler o cenário. A vontade por um Star Trek espacial mais acessível dialoga com o anúncio de Star Trek: Voyager – Across the Unknown, jogo de sobrevivência tática que adapta missões a partir de atributos da nave e da tripulação. Não é o “Infinite Space” de 2011, mas indica apetite por experiências Star Trek que valorizem gerenciamento e tomada de decisão. Já o fascínio por Squirrel With a Gun expõe um cansaço com fórmulas previsíveis: o público está aceitando o bizarro quando o bizarro tem mecânica sólida. Por fim, o lamento dos jogos musicais revela um vácuo criativo e de mercado. A tecnologia evoluiu (hardware melhor, streaming, UGC), mas ainda falta um framework moderno que una licenças musicais, criação de comunidade e ferramentas para creators.
Em uma linha (ou quase): o grande apanhado
- Predator: Badlands (7/11/2025) – sobrevivência engenhosa contra inimigos “vegetais”.
- The Witcher – T4 – Hemsworth assume um Geralt pragmático; trio separado por guerra.
- Splinter Cell: Deathwatch – 2ª temporada confirmada após 14/10/2025.
- Frankenstein – del Toro revela a cena do nascimento sob raios.
- Good Fortune (17/10) – Keanu anjo desastrado; caos existencial.
- Return to Silent Hill (23/1/2026) – horror psicológico e memória culpada.
- Dispatch (22/10/2025) – estratégia + ação com consequências sistêmicas.
- Terminator 2D: No Fate (26/11/2025) – clássicos reescritos via escolhas.
- WWE 2K25: Farewell – adeus a John Cena, com novos Superstars.
- Plants vs. Zombies: Replanted (23/10/2025) – clássico polido e reequilibrado.
- Denshattack! – ritmo+skate sobre trilhos japoneses.
- Metro Rivals: New York (2026) – sim de metrô com narrativa.
- Skopje ’83 (7/11) – roguelike cel-shaded que não quer te agradar.
- Marvel Cosmic Invasion – beat’em up de tag com multiverso.
- Bleach: Soul Resonance / Digimon Beatbreak – ação mobile e mundo-espelho.
- JDM: Japanese Drift Master – drift arcade com profundidade opcional.
- Directive 8020 – horror sci-fi com Lashana Lynch.
- Warframe – mods reformulados; Oberon grátis até 21/10.
- Ambrosia Sky (10/11; demo já) – sci-fi nos anéis de Saturno.
- BSG: Scattered Hopes – RTS com alma de franquia.
- Goodnight Universe – bebê psíquico em jornada cinematográfica.
- Deadzone: Rogue’s Apophis DLC – “de volta ao início”, grátis.
- Os Quatro Cavaleiros – ilusionismo contra bilionária corrupta.
- Bugonia (31/10) – CEO (Emma Watson) vista como alien por sequestradores.
- Shark Dentist – simulação absurda com risco real.
- The Carpenter’s Son (14/11) – fábula sombria com Cage e FKA twigs.
- Squirrel With a Gun (Switch 2, 18/11/2025) – sandbox nutella (literal e figurado).
- SpongeBob: Titans of the Tide (demo; 11/11) – humor e acessibilidade.
- Jurassic World Evolution 3 (21/10/2025) – Therizinosaurus e afins.
- The Mighty Nein (19/11) – foras-da-lei salvando a realidade.
- Warhammer 40K: Rogue Trader (Switch 2) & Dark Heresy (alpha em Q4 2025).
- Where Winds Meet (14/11/2025) – RPG de mundo aberto na China do séc. X.
- Chainsaw Man – longa com Reze e o amor como faísca.
- TerraTech Legion – builder roguelike, customização em foco.
- Quarantine Zone: The Last Check – gerenciamento de crise zumbi.
- Anno 117: Pax Romana (13/11/2025) – monumentos que movem cidades.
- House Flipper Remastered – retexturizado, reiluminado, refeito.
- Keeper (14/11) – horror por Osgood Perkins com Tatiana Maslany.
- IT: Welcome to Derry (26/10) – retorno às origens do medo.
- Dying Light: The Beast × PUBG Mobile – 16/10–04/11 (e 31/10 ao contrário).
- Dust Bunny (5/12/2025) – fogo, sombras e coreografia.
- The Outlast Trials (21/10) – PvP de infiltração com máscaras.
- Scott Pilgrim EX (2026) – brawler com identidade.
- CRKD Les Paul Controller – hardware pronto; falta a nova cena musical.
Fecho: um festival sobre escolhas – criativas, de mercado, de comunidade
Se há um fio que amarra a Edição de Outono do IGN Fan Fest 2025 é o entendimento de que franquias só sobrevivem quando ousam e respeitam; que indies podem guiar tendências; que público não quer só marketing – quer ver o risco no palco. Os próximos 12 meses estão abarrotados de datas, mas é a postura por trás delas que surpreende: developers falando de feedback sem medo, estúdios abraçando o estranho, plataformas abrindo espaço para gêneros que andavam tímidos. Faltam, claro, peças: um novo “grande” jogo musical, o retorno de certas experiências espaciais que deixaram saudade, um pouco mais de honestidade sobre janelas realistas. Ainda assim, se festivais são termômetros, este marcou alta febre criativa. E que assim continue.