Horizon Steel Frontiers já desponta como um dos projetos mais curiosos e ambiciosos da nova fase da NCSOFT – e não só porque carrega o peso do universo Horizon. 
Durante a G-Star 2025, a publisher coreana apresentou em detalhes sua próxima leva de jogos – Aion 2, Time Takers, Cinder City, Limit Zero Breakers e, claro, Horizon Steel Frontiers – e aproveitou o palco para explicar melhor até que ponto a inteligência artificial está sendo usada na criação desse novo action RPG cooperativo.
Dentro da empresa, o jogo ficou conhecido por muito tempo pelo codinome Project Skyline, e os primeiros rumores giravam em torno de supostos “NPCs com IA” ultraavançados, capazes de se comportar de forma bem diferente dos personagens tradicionais. Quando a NCSOFT foi questionada diretamente sobre isso, porém, o discurso tomou outro rumo: em vez de vender apenas o conceito de NPCs inteligentes, a publisher destacou que a verdadeira revolução está nos bastidores. A IA está profundamente integrada no processo de produção como um todo – do código à arte, passando pelo balanceamento de combate e testes internos.
De acordo com a empresa, Horizon Steel Frontiers já faz uso intenso de ferramentas baseadas em IA para lidar com a parte de combate e com o comportamento de NPCs básicos. Esses sistemas permitem simular rapidamente diferentes combinações de inimigos, ritmos de batalha e composições de grupo. Como se trata de um action RPG cooperativo, a ideia não é simplesmente lotar o mapa com o máximo de jogadores possível, mas encontrar o número “ideal” de participantes para cada atividade. A IA entra como aliada nesse processo, ajudando a medir o impacto de mudanças de design na fluidez das lutas, na leitura visual da ação e na sensação geral de desafio.
Fora da batalha em si, a influência da IA se estende praticamente a toda a linha de produção. Programadores utilizam ferramentas inteligentes para gerar trechos auxiliares de código, detectar possíveis erros com antecedência e automatizar tarefas repetitivas. Artistas contam com a IA como um tipo de “turbo” criativo: ela ajuda a gerar rascunhos de conceitos, testar variações de design, explorar estilos visuais e acelerar a iteração de ideias até se chegar à versão final. A mensagem da NCSOFT é clara: o objetivo não é substituir pessoas, mas permitir que a equipe foque em direção artística, identidade do mundo e polimento, enquanto a parte pesada e repetitiva é aliviada por algoritmos.
Segundo a publisher, a equipe de Horizon Steel Frontiers é uma das mais empolgadas internamente com o uso de IA, o que transforma o projeto em uma espécie de laboratório de desenvolvimento para a empresa. Muito do que está sendo testado aqui deve servir de base para futuros jogos, inclusive para títulos que chegarão depois de Aion 2 e dos demais projetos anunciados. Em outras palavras, Horizon Steel Frontiers pode ser a vitrine do “jeito NCSOFT” de fazer games na próxima geração.
No campo do design, a NCSOFT reforça que o foco do jogo é o PvE cooperativo. A experiência foi pensada para que os jogadores se unam contra inimigos desafiadores e ambientes hostis, e não para colocá-los o tempo todo em confronto direto entre si. No anúncio inicial feito em parceria com a Guerrilla, houve menção a disputas entre tribos, o que levou parte da comunidade a imaginar um forte componente competitivo. Agora o estúdio ajusta as expectativas: elementos de competição podem existir, mas o coração de Horizon Steel Frontiers está em missões cooperativas, sinergia de funções, coordenação de habilidades e estratégia em grupo.
Em relação ao lançamento, a NCSOFT mantém o cronograma já citado em apresentações para investidores. Horizon Steel Frontiers está previsto para chegar entre o fim de 2026 e o início de 2027. Antes disso, haverá testes públicos em algum momento do próximo ano, para que a equipe colete feedback real sobre o ritmo das atividades, o conforto do coop e o resultado prático de todas essas ferramentas de IA no gameplay.
Vale lembrar também que Horizon Steel Frontiers não é o único projeto cooperativo ligado à franquia. Enquanto a NCSOFT cuida deste action RPG, a Guerrilla Games trabalha em sua própria experiência multiplayer cooperativa no universo de Horizon. O jornalista Jason Schreier já reafirmou diversas vezes que esse jogo interno da Guerrilla segue em produção ativa. Para os fãs, isso significa que a série está se ramificando em duas direções distintas: uma visão coreana, fortemente apoiada em IA e pipelines de produção inovadores, e uma abordagem “caseira” da Guerrilla, que expande a fórmula clássica de Horizon para o mundo do multiplayer.
Num cenário em que o termo “inteligência artificial” é usado à exaustão como buzzword, Horizon Steel Frontiers se destaca justamente por tratar a tecnologia como ferramenta concreta de trabalho. Em vez de apenas prometer NPCs milagrosos em trailers, a NCSOFT mostra que quer mudar a forma como grandes RPGs cooperativos são construídos – desde as primeiras linhas de código até o último ajuste de dificuldade. Se esse modelo der certo, é bem provável que os jogos que vierem depois de Aion 2 e dos demais títulos apresentados na G-Star adotem ainda mais fortemente fluxos de produção impulsionados por IA.
No fim das contas, Horizon Steel Frontiers se posiciona não só como um spin-off de uma marca conhecida, mas como um teste prático de como a IA pode ajudar a criar um action RPG cooperativo de nova geração. Um projeto em que número de jogadores, ritmo das partidas, papel de cada integrante do time e até o processo de arte são constantemente refinados com a ajuda de algoritmos – sem abrir mão da visão criativa humana que, no fim das contas, dá alma ao mundo de Horizon.