Fim do RCS pelo Google Messages causa frustração em vários países

O Google Messages, aplicativo padrão de mensagens em milhões de celulares Android, deixou de cumprir a principal promessa: o suporte ao RCS (Rich Communication Services). Nas últimas semanas, usuários de diferentes países descobriram que não conseguem mais enviar ou receber mensagens RCS, ficando presos ao velho SMS/MMS.

A razão é simples: o Google decidiu transferir a responsabilidade pelo serviço de sua plataforma Jibe para as operadoras de telefonia.

O RCS foi criado para substituir o SMS, oferecendo recursos modernos como envio de fotos e vídeos em alta qualidade, confirmação de leitura, indicadores de digitação, grupos estáveis e criptografia ponta a ponta. Enquanto o Google controlava tudo pelo Jibe, esses recursos estavam disponíveis de forma relativamente estável. Agora, tudo depende se a operadora local implementa ou não a tecnologia – e muitas, especialmente fora da Europa e dos EUA, não veem vantagem em investir nisso.

Segundo relatos, usuários no Paquistão, em Bangladesh e no Quênia foram os mais afetados, já que suas operadoras nunca priorizaram a adoção do RCS. Depois de uma atualização do Google Messages, milhares passaram a ver a notificação “operadora não suportada”, sem alternativas à vista. Para os clientes, a mudança soou como um abandono repentino da parte do Google.

A ironia é que a própria empresa foi a maior defensora do RCS, chegando a pressionar a Apple a adotar o padrão. Mas agora a gigante de Mountain View repassa a responsabilidade às teles, que por sua vez culpam o Google pela instabilidade. Esse jogo de empurra deixa milhões de usuários sem resposta clara e sem acesso às funções modernas de mensagens.

O problema não se limita a países emergentes. Até nos Estados Unidos surgiram reclamações sobre falhas no RCS após a atualização. Além disso, celulares modificados ou com root vêm perdendo compatibilidade há quase um ano, o que mostra que o Google restringiu ainda mais a base de usuários com suporte ativo. Para muitos, o RCS era o principal motivo para usar o Google Messages em vez de WhatsApp, Telegram ou Signal. Agora, essa vantagem praticamente desapareceu.

Especialistas em telecom destacam que, em teoria, faz sentido que as operadoras gerenciem suas próprias plataformas de mensagens. Na prática, porém, poucas têm interesse em investir em algo que não traz receita direta. Se o Google não voltar a apoiar o serviço por meio do Jibe ou não pressionar os parceiros, o RCS corre sério risco de ficar restrito a poucos mercados e nunca alcançar a promessa de ser o sucessor universal do SMS. Enquanto isso, a Apple reforça seu domínio com o iMessage, deixando o Android em desvantagem.

O futuro do RCS está em jogo: ou as operadoras assumem de vez a responsabilidade e ampliam a cobertura, ou a decisão do Google pode ter condenado a tecnologia a se tornar mais um experimento inacabado.