A indústria de semicondutores da China acaba de dar um passo decisivo rumo à sua independência tecnológica. 
A ChangXin Memory Technologies (CXMT) enviou amostras de HBM3 (High Bandwidth Memory 3) para a Huawei – um movimento que pode redefinir o cenário da inteligência artificial (IA) no país e reduzir drasticamente a dependência de tecnologia estrangeira.
Durante anos, empresas chinesas como a Huawei e a Cambricon enfrentaram sérias limitações devido à escassez de memória HBM de última geração, essencial para chips de IA e processadores gráficos de alto desempenho. As sanções e os controles de exportação impostos pelos EUA impediram o acesso da China a componentes críticos, obrigando o país a operar com estoques antigos e tecnologias defasadas. A entrega de amostras de HBM3 pela CXMT representa, portanto, um marco: é o primeiro indício real de que Pequim está conseguindo avançar com soluções domésticas.
De acordo com o DigiTimes, o envio é considerado um “pré-requisito para a produção em larga escala”, que deve começar ainda neste ano. Mesmo que a CXMT esteja de três a quatro anos atrás de gigantes como SK hynix, Samsung e Micron, analistas veem o progresso da empresa como um símbolo do esforço chinês por autonomia tecnológica. Para Pequim, dominar a produção de memória avançada não é apenas um avanço industrial – é também uma questão de soberania nacional.
Hoje, a CXMT já possui linhas de produção de DRAM em expansão, com metas ambiciosas de alcançar entre 230 mil e 280 mil wafers por mês em 2025. Essa capacidade crescente cria a base necessária para atender à demanda interna por memórias de alto desempenho e impulsionar o crescimento das empresas chinesas de IA. Paralelamente, a empresa também está consolidando sua presença no mercado de consumo, produzindo módulos DDR5 com taxas de rendimento que chegam a 80% – um número que impressiona até competidores internacionais.
No horizonte da CXMT está o desenvolvimento da HBM3E, previsto para chegar ao mercado chinês por volta de 2027 – exatamente quando o padrão global deve migrar para a HBM4. Especialistas acreditam que esse cronograma é realista, considerando o apoio governamental e a expectativa de um IPO da empresa no primeiro trimestre de 2026, o que poderá injetar capital para ampliar pesquisa e produção.
A importância da HBM para a IA é enorme: ela é essencial para o treinamento de redes neurais, para processar grandes volumes de dados e para sustentar as GPUs que movem a próxima geração de modelos generativos. Com a CXMT dando esse passo, a China sinaliza que não quer mais apenas acompanhar o ritmo – quer competir de igual para igual. É o início de uma nova fase, em que o país deixa de ser dependente e começa a ditar o próprio rumo na corrida global por chips de alto desempenho.