Raphaël Colantonio ataca o Game Pass: “Esse modelo está destruindo os games”

Raphaël Colantonio, fundador da Arkane Studios (criadora de Dishonored) e atualmente à frente da WolfEye, voltou a criticar duramente o modelo de assinatura Game Pass da Microsoft.

Após os recentes cortes que afetaram mais de 9 mil funcionários ligados à divisão de games da empresa, Colantonio disse que a culpa maior é, justamente, do Game Pass.

Segundo ele, esse modelo não se sustenta e já vem prejudicando a indústria há anos. “O Game Pass só existe porque a Microsoft banca tudo com dinheiro infinito. Mas uma hora a conta chega,” disse Colantonio nas redes. “Quando eles dominarem o mercado, o preço da assinatura vai subir e a qualidade dos jogos vai despencar.”

Ele não está sozinho. O analista Rhys Elliott, da Alinea, também acredita que a Microsoft apostou alto demais nesse formato. Ao contrário de música e filmes, jogos exigem muito mais tempo do usuário, o que limita o consumo e torna o modelo mais difícil de sustentar.

Colantonio lembrou ainda das promessas feitas no início: “Disseram que Game Pass não afetava vendas. Anos depois admitiram que afeta sim, e muito.” Durante o processo da aquisição da Activision, a Microsoft acabou revelando que a presença de um jogo no Game Pass reduz suas vendas em até 80%.

Para ele, o caminho ideal seria limitar o Game Pass a jogos antigos, como faz a Sony com o PlayStation Plus. Mas a Microsoft continua insistindo em lançar todos os seus títulos no serviço no dia do lançamento – o famoso ‘day one’.

Apesar de já contar com cerca de 35 milhões de assinantes, o Game Pass está aquém das expectativas da própria Microsoft. Ainda assim, projeções da Ampere indicam que o serviço pode render US$ 5,5 bilhões em 2025. Mas nem todos se impressionam com os números.

Para Colantonio e outros desenvolvedores, o verdadeiro problema está na dependência crescente de assinaturas, na pressão por quantidade e na perda de controle criativo. E com orçamentos bilionários, o risco é alto: quem não entrega sucesso imediato, é descartado.

O próximo projeto de Colantonio será um FPS retro-futurista, publicado pela NEOWIZ. Longe do modelo de serviço, ele aposta em algo mais autoral – e livre.