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Quando a segurança falha: o caso Emiru e o alerta que o TwitchCon deixa para toda a indústria

por ytools
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Quando a segurança falha: o caso Emiru e o alerta que o TwitchCon deixa para toda a indústria

Quando a segurança falha: o caso Emiru e o alerta que o TwitchCon deixa para toda a indústria

O que deveria ser um fim de semana de celebração da comunidade gamer acabou se transformando em um episódio perturbador. Durante o TwitchCon 2025, realizado em San Diego, a streamer e cosplayer Emiru (nome real: Emily-Beth Schunk) foi agredida por um homem que rompeu as barreiras de segurança e tentou beijá-la à força durante um meet & greet. O incidente, registrado em vídeo, gerou indignação entre criadores de conteúdo e fãs, reacendendo o debate sobre a segurança em eventos presenciais e a responsabilidade das plataformas.

Após o ocorrido, o CEO do Twitch, Dan Clancy, publicou um comunicado reconhecendo: “Falhamos – tanto em permitir que isso acontecesse quanto em nossa resposta posterior.” Ele prometeu revisar toda a estrutura de segurança de eventos da empresa. Mas Emiru rebateu, afirmando que nunca recebeu um pedido de desculpas direto e que o pronunciamento público da empresa foi feito sem seu conhecimento. Segundo ela, a nota oficial do Twitch continha inverdades sobre a atuação da equipe e da polícia.

O que aconteceu de fato

O ataque ocorreu em uma área teoricamente controlada do evento, durante uma sessão de fotos e autógrafos. O agressor ultrapassou várias divisórias e se aproximou de Emiru antes que qualquer segurança da convenção interviesse. Somente a equipe particular da streamer conseguiu contê-lo. Ela relatou estar abalada não apenas pela agressão em si, mas pela reação fria e lenta da plataforma: “O que mais me doeu foi ver como o Twitch lidou com a situação. Eles mentiram ao dizer que o homem foi removido imediatamente e que cooperaram com a polícia.”

De acordo com Emiru, a polícia de San Diego informou que o Twitch se recusou a fornecer o nome do suspeito até a emissão de um mandado judicial – um processo que, mesmo acelerado, levaria dias. “Eles sabiam quem era o cara, mas preferiram esperar para não correr o risco de serem processados. Isso travou tudo”, contou em live. “Meu advogado explicou que as empresas fazem isso para se proteger legalmente. Mas, na prática, isso impediu a polícia de agir rápido.”

Enquanto isso, o gerente de Emiru recebeu uma denúncia: um homem com a mesma descrição apareceu no local de trabalho de um conhecido e teria dito algo como “dei um show no TwitchCon e agora estou indo para o Texas”. O gerente implorou ao Twitch que revelasse o nome do suspeito, temendo pela segurança de sua cliente. A plataforma só colaborou após insistência – e ainda assim, sem oferecer qualquer reforço de segurança para a streamer. “Meu manager pagou por segurança extra do próprio bolso. O Twitch não ofereceu nada”, revelou Emiru.

A resposta do Twitch

No dia seguinte, Dan Clancy usou a conta oficial do Twitch no X (antigo Twitter) para pedir desculpas públicas: “Falhamos em permitir que o incidente ocorresse e em nossa resposta posterior. Comunicamos mal os fatos, inclusive nos meus próprios comentários. Peço desculpas à Emiru por tudo o que aconteceu.” Ele prometeu uma revisão completa das medidas de segurança – desde o processo de inscrição para encontros até a disposição física dos espaços e a presença de seguranças treinados.

Ainda assim, o pedido de desculpas não convenceu. “Eu vi o tweet e fiquei surpresa. Ninguém me procurou antes, ninguém me avisou que iam postar aquilo. Fiquei sabendo junto com todo mundo”, disse Emiru em sua transmissão seguinte. “Eles falam em responsabilidade, mas não foram transparentes comigo. Falaram com o público antes de falar comigo.”

Um problema maior do que parece

O episódio escancara um dilema crescente: o que acontece quando a cultura de fãs, a fama digital e o mundo real se cruzam sem limites claros? Meet & greets são momentos de proximidade entre criadores e seu público, mas também de vulnerabilidade. Muitos fãs confundem o contato com intimidade – e, quando falta segurança, o resultado pode ser perigoso. No caso de Emiru, nem sua popularidade nem os protocolos do evento impediram a invasão.

O Twitch, que se orgulha de ser uma plataforma de “confiança e segurança”, enfrenta agora um colapso de credibilidade. A relação entre a empresa e seus criadores de conteúdo é baseada em confiança – e quando uma streamer é atacada e sente que foi deixada de lado, essa confiança se desfaz. Outros criadores, principalmente os menores, já manifestaram medo de participar de futuros eventos presenciais.

O que precisa mudar

  • Controle de acesso mais rígido: limitar o número de pessoas em filas e exigir verificação de identidade para todos os participantes de encontros.
  • Equipe de segurança treinada: profissionais que saibam agir imediatamente em casos de invasão ou assédio.
  • Comunicação transparente: criadores afetados devem ser informados e consultados antes de qualquer comunicado público.
  • Apoio real pós-incidente: oferecer assistência legal, segurança privada e acompanhamento psicológico quando necessário.
  • Responsabilização pública: deixar claro para os fãs e para a comunidade que assédio físico ou verbal é inaceitável e terá consequências.

Um alerta para toda a comunidade

Ao declarar que “está cansada” e que não pretende mais participar do TwitchCon, Emiru expôs o sentimento de muitos criadores: o medo de que a fama digital venha acompanhada de riscos reais. “Não é só sobre mim”, disse ela. “Poderia ter acontecido com qualquer pessoa. Se o Twitch não consegue proteger nem os maiores nomes, imagine quem está começando.”

O impacto vai além de um evento. Se os criadores deixarem de participar por falta de segurança, o Twitch perde seu principal ativo – a comunidade. Marcas e patrocinadores também observam atentamente: quem quer associar sua imagem a um ambiente onde nem os convidados estão seguros?

No fim, o caso Emiru se tornou símbolo de um problema que há tempos é ignorado. Não se trata apenas de uma falha operacional, mas de um colapso ético. É o reflexo de uma indústria que transformou a interação em produto, mas esqueceu de proteger as pessoas que a sustentam.

Reflexão final

O que aconteceu no TwitchCon é um divisor de águas. Mostra que, por trás das luzes, das câmeras e dos milhões de views, ainda existe uma enorme lacuna na proteção dos criadores. O pedido de desculpas é apenas o primeiro passo – o verdadeiro teste será se o Twitch conseguirá provar, com ações concretas, que aprendeu a lição.

Enquanto isso, Emiru segue firme em sua decisão: não voltar aos eventos da plataforma. Sua mensagem ecoa como um aviso a todos os criadores – a segurança não pode ser tratada como um detalhe de contrato. Ela deve ser a base de tudo.

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