
Benchmarks do Realme GT8 Pro sem maquiagem: o que revelam Snapdragon 8 Elite Gen 5, Dimensity 9500 e Apple A19 Pro
O Realme GT8 Pro saiu da fase de protótipo e chegou ao mercado com a promessa de ser um dos Androids mais rápidos do ano. A boa notícia para quem ama números é que, além de testarmos o GT8 Pro com o Snapdragon 8 Elite Gen 5, também medimos rivais diretos com o mesmo chip da Qualcomm, aparelhos com o Dimensity 9500 da MediaTek e o iPhone 17 Pro Max com o Apple A19 Pro. Com esse painel completo, dá para ir além do print de pontuação e entender o que de fato cada plataforma entrega em cenários curtos e longos, quando o calor aparece e o sistema precisa escolher entre potência e estabilidade.
Este texto é um guia franco para ler benchmarks como um especialista e, sobretudo, para traduzir os gráficos em experiência real. Você vai ver por que dois celulares com o mesmo processador se comportam de formas diferentes, como o AnTuTu mudou de uma versão para outra, em que medida a Apple ainda reina no single core, por que a MediaTek virou a surpresa do ray tracing e onde o Realme GT8 Pro brilha com intensidade de sprint e onde ele tropeça ao maratonar.
Por que comparar agora faz sentido
O ciclo de 2025 é um duelo claro no mundo Android. De um lado, a Qualcomm com o Snapdragon 8 Elite Gen 5 e a GPU Adreno 840. Do outro, a MediaTek com o Dimensity 9500 e o acelerador gráfico Arm G1-Ultra. No time iOS, o A19 Pro continua sendo o norte em single core e a régua de eficiência do ecossistema Apple. O Realme GT8 Pro entra nessa pista brigando diretamente com modelos como o Xiaomi 17 Pro Max no mesmo chip Qualcomm, enquanto vivo X300 Pro e Oppo Find X9 Pro representam o melhor do Dimensity. Para manter os pés no chão, também trazemos aparelhos do ano passado, como o Oppo Find X8 Ultra e o Realme GT 7 Pro, que ajudam a medir o salto de uma geração para outra com menos ruído.
AnTuTu é tudo em um, mas nem toda pontuação é comparável
O AnTuTu tenta condensar CPU, GPU, memória, armazenamento e tarefas de interface em uma única pontuação. Isso facilita conversar com quem só quer um número, mas complica quando a metodologia muda entre versões. A migração para o AnTuTu v11 alterou cargas e pesos; portanto, comparar v10 e v11 é comparar frutas diferentes. Dentro do v11, o GT8 Pro com Snapdragon 8 Elite Gen 5 aparece com vantagem consistente sobre outros aparelhos no mesmo chip e também sobre alguns concorrentes com Dimensity 9500. Já no v10, havia cenários em que o Dimensity ficava à frente. O recado aqui é simples: o chip ajuda, porém a configuração de RAM, a largura de banda, o gerenciamento de energia e a própria filosofia de software da marca pesam muito nesse agregado.
Falando de geração para geração, o GT8 Pro supera o GT 7 Pro com algo na casa de um dígito alto de ganho, o que é sólido, porém longe de uma revolução. O que muda a sensação de velocidade no dia a dia é mais a forma como o sistema distribui potência e como a GPU lida com picos, do que um inflado total no AnTuTu.
Geekbench 6: single core é a arrancada, multi core é a estrada
No Geekbench 6, o single core continua sendo território da Apple. O A19 Pro mantém um pequeno folêgo na frente do Snapdragon 8 Elite Gen 5 quando falamos de um único núcleo, algo que você percebe em micro-interações: abrir app, rodar lógica leve, tocar na câmera e o obturador responder. No multi core, o empate técnico entre Snapdragon e A19 Pro é o que mais se repete; os números variam dentro da margem de erro, e isso significa que multitarefa pesada, exportações em lote e fluxos paralelos estão, de forma prática, no mesmo patamar.
Onde entra a MediaTek? O Dimensity 9500 fica um passo atrás do Snapdragon 8 Elite Gen 5 tanto em single quanto em multi, com diferença moderada, mas nunca dramática. Traduzindo: é mais do que suficiente para rotinas de trabalho e entretenimento de nível flagship, apesar de não atingir o teto de pico do melhor da Qualcomm. Se você compila projetos grandes, exporta vídeos longos com filtros e usa ferramentas que escalam com muitos threads, vai tirar mais proveito da força do Snapdragon ou da paridade do A19 Pro no multi.
GPU no 3DMark Wild Life Extreme: o pico que impressiona e o fundo do poço que decide a partida
O 3DMark Wild Life Extreme executa várias rodadas seguidas e mostra dois números que contam histórias diferentes. O maior valor é a volta de aquecimento, quando tudo está frio e agressivo. O menor valor é quando o celular já encharcou de calor e precisa operar dentro do que o corpo consegue dissipar. No primeiro cenário, o Realme GT8 Pro com Adreno 840 sobe ao topo do ranking e confirma que a GPU da Qualcomm está forte. Em várias amostras, ele passa à frente de aparelhos no Dimensity 9500 e também deixa para trás os Adreno 830 da geração anterior.
Agora vem o mais importante para quem joga por meia hora: ao olhar a pontuação mais baixa, o GT8 Pro perde muito do brilho inicial. O que em minutos parecia um foguete vira um gráfico descendente de quedas de frequência e quadros instáveis. Em paralelo, o Xiaomi 17 Pro Max com o mesmo chip Qualcomm cai bem menos e termina a bateria de testes com desempenho sustentado superior. Dimensity 9500, em geral, exibe uma queda mais suave, e o curioso é que alguns aparelhos do ano passado, com GPU teórica menor, conseguem ultrapassar novatos justamente por não despencarem quando o calor aperta. Esse é o tipo de caso em que constância vale mais que fogos de artifício.
Ray tracing no Solar Bay: a vez do Dimensity 9500 brilhar
Ray tracing em celular ainda é novidade, mas o 3DMark Solar Bay já expõe o que cada arquitetura consegue acelerar por hardware. A segunda geração de RT da MediaTek no Dimensity 9500 mostra um salto notável diante do que víamos no 9400. O Snapdragon 8 Elite Gen 5 também evoluiu, e o Adreno 840 bate bons números, porém o pacote da MediaTek tende a ficar no topo quando a cena exige reflexos, sombras suaves e interações complexas de luz. A Apple participa, mas não dita o ritmo nesse teste específico. Em termos práticos, se seu jogo favorito ativou RT e você quer manter a qualidade sem microstutter, um flagship com Dimensity 9500 está especialmente interessante.
O mesmo chip, comportamentos diferentes: física, calor e curva de potência
Se todo mundo usa o mesmo processador, por que as tabelas variam tanto? Porque o limitador real não é só o silício; é o envelope térmico do aparelho e a curva de desempenho que o fabricante escolhe. A maioria dos smartphones consegue dissipar de forma contínua algo em torno de meia dúzia de watts; acima disso, só por pequenos períodos. Os topos de linha de 2025 fazem picos bem mais altos por alguns segundos, especialmente do lado da GPU. É o tal do corrida para o repouso: acelerar forte, concluir o frame o quanto antes e depois cair para estados de baixo consumo.
Essa estratégia dá uma sensação de fluidez deliciosa em interfaces e tarefas rápidas, mas cria penhascos quando a sessão é longa. Em nossos testes, a Realme pareceu privilegiar esses picos iniciais, enquanto a Xiaomi adotou um perfil mais conservador, com menos brilho no começo e mais fôlego no fim. Não existe certo universal; existem escolhas coerentes com públicos diferentes. Quem joga partidas curtas ou alterna muitos apps curte a explosão de responsividade. Quem enfrenta 30 minutos de jogo contínuo agradece uma curva mais contida e estável.
Promessas de 4 milhões e 12 mil versus a realidade do bolso do usuário
Antes de qualquer lançamento, é comum ouvir metas de 4 milhões no AnTuTu ou 12 mil no Geekbench multi. Em laboratório e com configurações sem amarras térmicas, alguns números podem aparecer. No seu bolso, o telefone obedece a limites de temperatura de carcaça, conforto ao toque e sustentabilidade da bateria. As marcas tendem a capar potência máxima quando necessário para não queimar a experiência do usuário. Resultado: a pontuação de pico existe, mas não se repete ad nauseam.
Essa distância entre expectativa e entrega leva a frustrações, e daí nasce a narrativa do inflacionamento de benchmark. Sim, os totais do AnTuTu vêm crescendo a cada versão e isso confunde a memória coletiva. O jeito correto de lidar com isso é só comparar dentro da mesma versão, e até dentro do mesmo lote de atualização, se possível. Se você fizer isso, vai ver que o GT8 Pro realmente está no grupo da frente, mas que a distância encurta muito quando olhamos a sustentação por vários minutos.
Como ler gráficos sem cair em pegadinhas
Primeiro, nunca cruze versões de benchmark. Trate v10 e v11 como espécies diferentes e observe a diferença entre aparelhos com o mesmo chip. Segundo, entenda que single core é sensibilidade imediata e multi core é trabalho pesado; um pequeno avanço no primeiro pode não ser visível na vida real, enquanto melhorias no segundo encurtam exportações e reduzem filas de processamento. Terceiro, nos testes de GPU com várias rodadas, procure sempre a aba com a menor pontuação, porque ela se aproxima do que você sentirá aos 15 minutos de partida quando o calor já tomou conta.
Dicas práticas para tirar mais do GT8 Pro
- Escolha o perfil certo. Se o sistema oferecer modos desempenho e equilibrado, experimente os dois. O equilibrado segura melhor o ritmo em jogos longos.
- Atente para o case. Capas grossas seguram calor. Para sessões intensas, vale tirar a capa e evitar sol direto ou superfícies que isolam a traseira.
- Regule a meta de frames. Em vez de insistir em 120 fps com tudo no máximo, tente 90 fps com um degrau abaixo na resolução ou efeitos. A sensação de suavidade geral costuma melhorar.
- Considere um cooler de clipe. Nesta geração, não é frescura. Ventilação ativa muda a curva de queda e mantém o frame time mais estável.
- Atualize sempre. Firmwares iniciais normalmente ajustam drivers de GPU e políticas térmicas. Os primeiros meses costumam trazer estabilidade extra.
O papel dos Galaxy bins e por que veteranos ainda valem
As variantes de Snapdragon rotuladas para Galaxy historicamente vêm com curva um pouco mais contida. Na prática, isso rende estabilidade em gravação longa de vídeo, navegação pesada e jogos que não terminam em cinco minutos. Paralelamente, alguns topos de linha de 2024 seguem ótimos para quem valoriza consistência. É o caso de modelos que nunca chegam aos maiores picos, mas tampouco despencam quando o sistema aquece. Se o que você quer é o mesmo frame do começo ao fim, não descarte um veterano graduado.
Como cada plataforma se encaixa no seu perfil
Para o usuário comum e criador casual, o Realme GT8 Pro é delicioso. Ele parece instantâneo o tempo todo, exporta clipes curtos com rapidez e deixa a câmera sempre pronta. Se suas sessões de jogo são curtas, os problemas de sustentação passam batido. Para o gamer competitivo, há detalhes. Com Snapdragon 8 Elite Gen 5, procure aparelhos com vapor chamber maior e tuning mais conservador, como alguns concorrentes da Xiaomi, ou aposte em um flagship Dimensity 9500 caso você pretenda ativar ray tracing e jogar por longos períodos. Um acessório de resfriamento melhora qualquer cenário.
Para quem vive de longa duração, o conselho é simples: priorize o que provou estabilidade. Navegação de uma hora no 4G dentro do carro quente, gravação prolongada em 4K ou render pesadão são situações em que não basta ter o maior pico. É preferível uma curva que nunca te deixa na mão.
A19 Pro em perspectiva
A Apple ainda é referência em single core, mas já não existe aquele vazio de duas gerações entre iOS e Android. No multi core, a festa é de empate técnico. Em gráficos, a Apple se mantém competitiva e eficiente, porém não isolada no topo. No Solar Bay, quando a conversa é ray tracing sustentado, muitos Androids à base de Dimensity 9500 roubam os holofotes. Para quem escolhe smartphone como ferramenta de trabalho e lazer, isso significa que o critério volta a ser câmera, tela, bateria, software e ecossistema, e não pura superioridade crua de CPU.
Dimensity 9500: o argumento da estabilidade com bônus de ray tracing
A proposta da MediaTek está clara nesta temporada. Há um RT de segunda geração que segura cenas exigentes sem desmoronar, uma consistência térmica simpática a partidas longas e um CPU que, mesmo atrás do topo da Qualcomm, sobra para a vida real. Se você busca um pacote que some estabilidade e recursos modernos de render, vivo X300 Pro e Oppo Find X9 Pro aparecem como escolhas diretas.
Metodologia, variáveis e por que seus resultados podem variar
Benchmarks são afetados por tudo. Temperatura ambiente, carga de apps em segundo plano, estado da bateria, versão de firmware, tipo de armazenamento ocupado e até o brilho da tela interferem na entrega. Mudanças discretas de software podem refazer a curva térmica e, com isso, subir ou descer o patamar de sustentação. O objetivo de um comparativo sério é procurar tendências que se repetem e isolar, tanto quanto possível, o efeito do acaso.
Veredito sobre o Realme GT8 Pro
O Realme GT8 Pro é um sprinter. No que depende de arrancada, poucos Androids atuais dão a mesma sensação de velocidade. Ele alcança números altos nos primeiros minutos e, para o uso de abrir, fazer, fechar, é uma delícia. Mas quando a batalha é longa, os gráficos contam outra história: a queda sob calor é acentuada e alguns rivais mais conservadores assumem a liderança. Isso não torna o GT8 Pro uma compra ruim; significa apenas que ele atende melhor a um perfil específico. Se você quer explosão no cotidiano e partidas rápidas, vai sorrir. Se seu ideal de desempenho é ter o mesmo ritmo meia hora depois, procure um Snapdragon com tuning frio, um Dimensity 9500 focado em constância ou um modelo gamer que trate o calor como prioridade.
O melhor é que ainda há espaço para melhorar por software. Otimizações de drivers, pequenos ajustes na transição de potência e melhorias do lado dos jogos tendem a reduzir os solavancos com o tempo. Por enquanto, a recomendação é clara e honesta: entenda o perfil do GT8 Pro. Como um esportivo de rua, ele é sensacional quando você sabe em que pista ele brilha e onde é preciso aliviar o pé.
1 comentário
Esse papo de 12k no Geekbench ficou no marketing. Rápido é, milagre não faz