Quando Battlefield 6 entrou em fase beta aberta, o que parecia apenas mais um teste técnico rapidamente virou uma verdadeira guerra de gerações. De um lado, os “zoomers” – jogadores jovens que cresceram em shooters frenéticos como Call of Duty, Apex e Fortnite. Do outro, os “battledads” – veteranos de longa data que valorizam estratégia, realismo e ritmo tático. 
No meio dessa disputa, a EA e a DICE tentam fazer o impossível: agradar os dois públicos sem destruir a identidade da franquia.
O conflito de gerações: velocidade vs tática
O debate sobre movimentação se tornou o coração do novo Battlefield. Para os zoomers, movimentação rápida é sinônimo de liberdade e habilidade – deslizar, pular, girar no ar e eliminar o inimigo em um segundo. Já os battledads veem tudo isso como um atentado ao DNA da série, que sempre foi mais sobre posicionamento, trabalho em equipe e sensação de guerra real.
Quando a versão beta de Battlefield 6 chegou em agosto, muitos se surpreenderam com a velocidade das mecânicas: saltos mais longos, deslizes estendidos e até tiros mais precisos em movimento. Para muitos veteranos, aquilo já não era Battlefield – era Call of Duty com outro nome. As redes sociais explodiram em críticas e memes.
EA e DICE recuam: o retorno do ritmo “clássico”
A resposta das desenvolvedoras foi rápida. Poucas semanas depois, a DICE anunciou ajustes na movimentação: redução da velocidade horizontal, perda de impulso nos saltos e penalidades mais severas ao atirar durante um pulo ou deslize. A ideia era clara – devolver o peso e a cadência típicos da série. Os battledads aplaudiram; os zoomers chiaram.
“Mais um estúdio AAA estragando o movimento só pra agradar jogador de fim de semana”, reclamou um streamer no X. Outro respondeu: “Quer parkour? Vai jogar COD. Battlefield é outra história.”
O embate só se intensificou após o lançamento, em 10 de outubro. Mesmo com mais de 7 milhões de cópias vendidas em três dias, o tema movimentação continua sendo o assunto número um nos fóruns e nas lives. Uns pedem o retorno da mobilidade da beta; outros exigem que nada mude.
O que diz a DICE
O designer principal da DICE, Florian Le Bihan, tenta manter o equilíbrio. Ele afirmou que o estúdio não vai voltar à movimentação da beta, mas está testando pequenos ajustes para suavizar o que ainda parece “travado”. “Não faremos grandes mudanças, apenas melhorias sutis onde há fricção”, garantiu.
De fato, o time vem entregando correções quase diárias: desde bugs que cancelavam o impulso ao saltar com armas corpo a corpo, até o famoso “ladder launch”, em que jogadores usavam escadas para se lançar dezenas de metros no ar. Tudo isso já está sendo corrigido.
Mesmo assim, há quem tema o excesso de correções. “O problema é que eles vão ajustar demais, igual em Battlefield 2042, e o jogo vai perder identidade outra vez”, alertou um post popular no Reddit. A comunidade quer evolução – mas sem que o jogo perca a alma.
As vozes do campo de batalha
Nos comentários, o clima é de torcida dividida. De um lado, a nostalgia; do outro, a adrenalina. Um veterano comentou: “A gente cresceu com Doom e Quake, já tivemos velocidade suficiente pra vida toda.” Já outro jogador retrucou: “O mundo mudou, cara. Hoje o ritmo é tudo.”
“Battlefield nunca foi sobre malabarismos. O máximo era o mergulho do BF4. Deixa o COD com seus truques.”
“Vão tentar agradar todo mundo e acabar irritando geral.”
“O movimento tá ótimo. Nem rápido demais, nem lento demais. Ganha quem pensa melhor, não quem gira o mouse mais rápido.”
“Sou um battledad orgulhoso e ainda dou um coro nesses moleques de reflexo rápido 😂.”
“Zoomers têm Apex e Fortnite. A gente quer mapa tático noturno no Portal do BF6. Mostra quem é soldado de verdade.”
“Nada mais satisfatório que derrubar o cara que tenta deslizar pra fugir.”
O futuro da série
O desafio da DICE é simples de dizer, mas difícil de executar: encontrar o ponto ideal entre fluidez e controle. Muito movimento torna o jogo caótico; pouco movimento, monótono. Por isso, o estúdio adota uma abordagem cautelosa – ajustes pequenos, atualizações frequentes e diálogo aberto com a comunidade.
As próximas atualizações devem trazer melhorias na responsividade, iluminação, registro de acertos e até na detecção de colisões. Nada de revoluções, apenas evolução. DICE sabe que mudanças bruscas podem afastar uma das duas tribos – e talvez o segredo seja justamente manter o equilíbrio.
No fim, Battlefield 6 reflete o momento atual dos games: um choque de estilos e gerações. E se há algo que une tanto zoomers quanto battledads, é o amor pela série e a vontade de ver um Battlefield que ainda tenha identidade – mesmo que, por enquanto, cada um queira uma guerra diferente.
1 comentário
Se a DICE for esperta, vai ficar do lado dos battledads. Eles têm grana e são fiéis, não pulam de jogo em jogo igual os zoomers