Battlefield 6 voltou ao topo. De acordo com o levantamento do The Game Business com base nos painéis da GSD, a semana de 19 a 26 de outubro recolocou o shooter da EA no nº1 de vendas na Europa. 
Na mesma janela, Pokémon Legends Z-A cedeu terreno após o brilho de estreia e aparece agora em terceiro, enquanto EA Sports FC 26 manteve a pressão e segue firme na vice-liderança. É a clássica disputa de fim de mês: um multiplayer em alta, um gigante do futebol que nunca sai de cena e um exclusivo da Nintendo ainda aquecendo o boca a boca.
O ranking por unidades é cristalino: Battlefield 6 em primeiro, EA Sports FC 26 em segundo, Pokémon Legends Z-A em terceiro. Curiosamente, a mesma trinca também lidera a tabela de receita, sinal de que não estamos diante de vitórias fabricadas apenas por descontos agressivos. Quando unidades e faturamento andam juntos, costuma haver duas explicações: preço médio saudável e forte disposição do público em pagar pelo conteúdo atual (e não apenas “pechinchas”).
Mas há uma ressalva que muda a leitura: a Nintendo não compartilha dados digitais com a GSD. Isso pesa especialmente na segunda semana de um grande título de Switch. Em muitos casos, depois do pico inicial de mídia física, o consumo migra para o eShop, invisível nas planilhas públicas. Assim, o quadro divulgado coloca Pokémon Legends Z-A em 3º em unidades e receita, mas um retrato completo – que inclua o digital – pode aproximar (ou até recolocar) o jogo no topo. Com as informações disponíveis, porém, a fotografia oficial é essa: Battlefield 6, EA Sports FC 26 e Pokémon ocupam o pódio em ambas as métricas.
Saindo do top 3, as duas listas começam a contar histórias diferentes. O ranking de unidades evidencia quantidade de gente chegando; o de receita revela valor por comprador. É por isso que Ninja Gaiden 4 e The Outer Worlds 2 não aparecem entre os dez mais vendidos por cópias, mas marcam presença na receita. Ninja Gaiden 4 figura em 6º lugar de faturamento, e The Outer Worlds 2 crava o 9º – indício de tíquetes médios mais altos, edições deluxe e pouca concessão em descontos.
No sentido inverso, três jogos entram no top 10 por unidades e não repetem a façanha em receita. O destaque recente é Plants vs. Zombies: Replanted, que estreia no 6º lugar em cópias – mérito de preço acessível e apelo familiar. Ainda mais chamativos são os comebacks de catálogo: Titanfall 2 salta para a 8ª posição com um espantoso avanço de 3.688% semana contra semana, enquanto Mass Effect: Legendary Edition reaparece e toma o 10º lugar.
O motor desse ressurgimento? Promoções profundas. O histórico recente de preços mostra cortes da ordem de 90% para ambos, colocando um dos melhores shooters e uma das trilogias de RPG mais celebradas no patamar da compra por impulso – literalmente “preço de café”. O efeito é clássico: a tabela de unidades explode, mas a de receita mal se mexe, porque cada cópia rende pouco. É o long tail em ação, somando algoritmos de vitrine, nostalgia e a facilidade de experimentar grandes jogos quando a barreira de entrada praticamente some.
Nesse contexto, o retorno de Battlefield 6 ao nº1 ganha peso extra. O jogo não precisou ancorar sua subida em liquidações; venceu pela relevância do momento – atualizações consistentes, ritmo de eventos de serviço ao vivo e presença forte nas prateleiras (físicas e virtuais). Já EA Sports FC 26 faz o que se espera dele: estabilidade de maratona, acompanhando o calendário do futebol real e garantindo um fluxo contínuo de vendas.
E quanto a Pokémon Legends Z-A? Terceiro lugar na planilha pública, segunda semana. Longe de ser tropeço, isso parece mais um “efeito de invisibilidade” do digital da Nintendo. Em títulos de apelo familiar e portátil, a curva eShop tende a ganhar tração justamente depois da estreia, conforme recomendações e vídeos se espalham. Ou seja, o desempenho efetivo de Z-A provavelmente está subestimado aos olhos do público.
Conclusão para a semana 19–26 de outubro: leitura em duas lentes. Unidades medem alcance; receita mede captura de valor. Um lançamento premium pode vender menos cópias e, ainda assim, arrecadar mais que uma “promoção bombástica”. O inverso também vale, como Titanfall 2 e Mass Effect acabaram de provar. Para editoras, a mensagem é clara: calibrar janelas de desconto, edições especiais e batidas de conteúdo é o que separa um pico de curiosidade de uma temporada de faturamento.
Em uma olhada rápida
- Top 3 alinhado entre unidades e receita indica demanda real, não só desconto.
- Sem o digital da Nintendo, Pokémon Legends Z-A pode estar melhor do que os rankings sugerem.
- Ninja Gaiden 4 e The Outer Worlds 2 sobem em receita com preço premium e SKUs deluxe.
- Titanfall 2 e Mass Effect: Legendary Edition disparam em unidades graças a descontos de ~90%.
- Plants vs. Zombies: Replanted ilustra como preço amigável empurra volume sem liderar faturamento.
1 comentário
Boa explicação de unidades vs receita, clareou os gráficos