ARC Raiders começou 2025 como aquele projeto curioso que muita gente tinha colocado na lista de desejo, mas sem saber se realmente iria emplacar. Alguns meses depois, o resultado é bem diferente: o shooter cooperativo de extração da Embark Studios virou um verdadeiro fenômeno. De acordo com um novo relatório da Alinea Analytics, o jogo foi o título mais vendido da Steam em novembro de 2025 em número de cópias e já ultrapassou a marca de 7,7 milhões de unidades somando PC, PlayStation 5 e Xbox Series X e S. 
Para uma nova franquia em um gênero super concorrido, isso é um cartão de visita poderoso e coloca ARC Raiders entre os grandes lançamentos multiplayer do ano.
Números de vendas e a força da comunidade no PC
Os dados da Alinea ajudam a entender por que tanto se fala do jogo. A empresa aponta que pelo menos metade de todas as cópias vendidas de ARC Raiders veio da versão de Steam, o que reforça o peso da comunidade de PC na trajetória do título. A outra metade se divide entre PS5 e Xbox Series X e S, mostrando que o público de console também abraçou a proposta. Só na semana de 16 a 22 de novembro, o relatório estima que o jogo vendeu quase 750 mil unidades, um salto que garantiu a ele o topo do ranking mensal de vendas em número de cópias na Steam. Desde então, o shooter se mantém com frequência entre os mais vendidos do dia, um sinal claro de boca a boca forte, boa recepção e muita gente convencendo os amigos a montar esquadrões.
De The Finals a ARC Raiders: quando o caçula passa na frente
A comparação com o outro grande projeto da Embark é inevitável. The Finals, o shooter gratuito em arenas, já tinha mostrado que o estúdio sabe criar jogos competitivos marcantes, com destruição de cenário, ritmo acelerado e partidas pensadas para clipes e transmissões. Mesmo assim, os números de ARC Raiders chamam atenção: no Steam, o novo game já supera com folga os picos históricos de jogadores simultâneos de The Finals, e faz isso como parte da base diária, não apenas em fins de semana ou grandes atualizações. Enquanto The Finals aposta na adrenalina de rodadas curtas, ARC Raiders prefere um ritmo mais calculado, com câmera em terceira pessoa, fases longas, foco em cooperação, gerenciamento de recursos e decisões táticas que podem determinar o sucesso ou o fracasso da extração.
O que torna o loop de jogo tão viciante
O coração de ARC Raiders está na sensação de expedição arriscada. O esquadrão entra em uma zona hostil, cumpre objetivos, caça equipamentos e recursos valiosos e, quando tudo parece encaminhado, precisa chegar vivo à área de evacuação. Qualquer erro mais ousado, uma troca de tiro mal planejada ou aquele excesso de confiança podem fazer o time perder todo o saque conquistado na partida. Isso cria um ciclo de tensão constante em que cada encontro com inimigos, cada atalho e cada tiro disparado têm peso real. O jogo encontra um ponto de equilíbrio interessante: é mais acessível que os simuladores de extração mais pesados, mas ao mesmo tempo bem mais tenso e estratégico do que um cooperativo de ação tradicional. É justamente nessa faixa intermediária que ele parece ter encontrado um público enorme.
Embark, IA generativa e o debate por trás dos bastidores
ARC Raiders também virou referência em outra discussão quente da indústria: o uso de ferramentas de inteligência artificial generativa no desenvolvimento de jogos. A Embark tem falado abertamente sobre como usa IA para acelerar protótipos, testar ideias de arte, apoiar a produção de áudio e refinar elementos de mundo, sempre insistindo que o produto final é decidido por equipes humanas. Para quem defende essa abordagem, o sucesso comercial de ARC Raiders é mais um argumento de que novas tecnologias podem ajudar estúdios a criar experiências mais densas e variadas sem explodir prazos e custos. Do outro lado, críticos levantam preocupações sobre impacto em empregos, autoria criativa e risco de que diferentes jogos acabem soando ou parecendo parecidos demais. No meio disso tudo, a maioria dos jogadores foca no essencial: estabilidade, diversão e atualizações regulares.
O desafio de manter o ritmo em um jogo como serviço
Apesar do início estrondoso, ARC Raiders ainda está nos primeiros capítulos da vida como jogo de serviço. Desenvolvedores experientes costumam dizer que o verdadeiro teste vem após o lançamento, quando a curva de retenção decide se o game vira parte da rotina dos jogadores ou se perde espaço para a próxima novidade. Agora a bola está com a Embark. A equipe precisa provar que consegue ir além do pacote inicial com novos mapas, missões, inimigos, peças de equipamento, temporadas bem estruturadas e sistemas de progressão de longo prazo que deem vontade de voltar semana após semana. Quando o jogo completar um ano, ficará mais claro se ele conquistou um lugar estável ao lado dos grandes shooters cooperativos ou se foi um meteoro brilhante, mas passageiro, do final de 2025.
Indies dividindo o topo da Steam com um gigante
Outro ponto curioso é que o domínio de ARC Raiders nas vendas não impediu que projetos bem menores também brilhassem em novembro na Steam. Segundo o mesmo relatório da Alinea, o segundo lugar em cópias vendidas no mês ficou com RV There Yet, um jogo independente sobre viagens de carro, acampamento e conversas de estrada, que alcançou cerca de 1,9 milhão de unidades. Em seguida aparece Peak, um título minimalista focado em escalada e precisão, com algo em torno de 1,4 milhão de vendas. A quarta posição ficou com o thriller narrativo Dispatch, que bateu 1,1 milhão. Fechando o top 5 surge Escape from Duckov, uma paródia escancarada de Escape from Tarkov que troca o clima sombrio do original por humor absurdo e patos caóticos. O recado é claro: mesmo quando um grande título ocupa o primeiro lugar, ainda há muito espaço para experiências estranhas, criativas e bem diferentes.
Prêmios, discussões de jogo do ano e legado
Se na parte comercial ARC Raiders já garantiu seu lugar, nas premiações o quadro é bem mais tímido. O jogo ficou de fora das principais categorias nas grandes cerimônias do ano. Nem no Golden Joystick nem no The Game Awards ele apareceu entre os indicados a jogo do ano. No palco do The Game Awards, cuja edição de 2025 acontece em 11 de dezembro, o foco está mais em nomes como Clair Obscur Expedition 33, o aguardado Hollow Knight Silksong e Kingdom Come Deliverance 2. ARC Raiders aparece por lá apenas na categoria de melhor multiplayer. Ainda assim, para a Embark, a combinação de receita forte, base ativa de jogadores e possibilidade de evoluir o game por muitos anos pode valer mais do que um troféu imediato. Jogos serviço muitas vezes ganham reconhecimento crítico com o tempo, conforme temporadas, conteúdos e sistemas amadurecem. Se o estúdio conseguir manter a comunidade engajada, talvez o legado de ARC Raiders seja julgado não pelos prêmios de 2025, e sim por quanto tempo ele ficará instalado nas bibliotecas dos jogadores.