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AMD Zen 6 EPYC Venice: mais de 70% de ganho em servidores com 2 nm

por ytools
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A AMD já deixou claro que não está mais olhando só para a geração atual de processadores. Nos bastidores, o foco da empresa é o que vem depois do Zen 5, e o próximo grande passo tem nome e sobrenome: Zen 6.
AMD Zen 6 EPYC Venice: mais de 70% de ganho em servidores com 2 nm
Em seu mais recente Financial Analyst Day, a companhia mostrou um slide que chamou muita atenção no mercado: os futuros processadores EPYC baseados em Zen 6, codinome ‘Venice’, devem entregar mais de 70% de ganho combinado de desempenho e eficiência em relação aos atuais EPYC Turin (Zen 5) em plataformas de dois sockets.

Oficialmente, a apresentação falava de servidores, mas Zen 6 não é um núcleo feito só para data center. Ele é o alicerce de uma nova geração inteira: além do EPYC Venice para servidores, a mesma arquitetura vai alimentar desktops de próxima geração na plataforma Olympic Ridge e linhas de notebooks como Medusa e Gator. Ou seja, o que hoje está sendo desenhado para nuvens gigantescas e racks cheios de servidores, amanhã chega, em versão adaptada, ao PC entusiasta, à workstation e até ao notebook premium que você leva na mochila.

EPYC Venice: até 256 núcleos e muito mais threads por soquete

Vamos começar pelos números, porque eles falam alto. A AMD já confirmou que os modelos mais parrudos de EPYC Venice vão chegar a até 256 núcleos e 512 threads em um único soquete. Hoje, a família EPYC Turin para no máximo em 192 núcleos e 384 threads. Só esse salto já representa algo em torno de 33% a mais de núcleos por soquete, antes mesmo de considerar qualquer melhoria de arquitetura. Além disso, a empresa fala em mais de 30% de aumento na densidade de threads, o que na prática significa: mais capacidade de processamento na mesma unidade de rack.

Só que não dá para explicar um ganho >70% apenas com contagem de núcleos. Uma parte importante desse avanço tem de vir do próprio núcleo Zen 6 e de tudo que o cerca: IPC (instruções por ciclo) maior, cache reorganizado, acesso à memória mais eficiente, interconexões com mais banda e, claro, um gerenciamento de energia bem mais inteligente. No lado cliente, a grande mudança deve ser o salto para CCDs com 12 núcleos em vez dos 8 atuais, abrindo espaço para desktops Ryzen de até 24 núcleos no topo da linha sem transformar o processador em um Frankenstein de chiplets.

TSMC 2 nm com transistores GAA: o novo chão de fábrica

Por baixo de tudo isso está um outro movimento importante: a migração para o nó de 2 nm da TSMC. É nesse processo que os tradicionais FinFET dão lugar aos transistores do tipo nanosheet com arquitetura gate-all-around (GAA). Em termos práticos, para quem compra servidor ou monta nuvem, isso se traduz em números bem objetivos: algo em torno de 10–15% mais desempenho no mesmo envelope de energia ou cerca de 25–30% menos consumo mantendo o mesmo nível de performance, além de até 15% de aumento na densidade de transistores.

Em EPYC Venice, essa combinação de arquitetura nova e processo mais avançado tende a virar mais trabalho por watt, mais trabalho por unidade de rack e, no fim do dia, menor custo total de propriedade para data centers e provedores de nuvem. No mundo dos PCs, o mesmo ganho pode ser convertido de outras formas: notebooks mais finos que mantêm o turbo por mais tempo, desktops com mais núcleos sem precisar de um cooler absurdo ou estações de trabalho que escalam potência mantendo o mesmo TDP de gerações anteriores.

De onde vem esse >70% de ganho?

Em 2025, é quase automático pensar que qualquer número bonito de performance vem de benchmarks de IA. Mas a AMD faz questão de deixar claro que não é o caso aqui. A comparação usada para chegar aos >70% de melhoria é baseada no SPECrate 2017 INT, um teste clássico de throughput inteiro, rodando em plataformas 2P (dois processadores). De um lado, a empresa colocou dois EPYC Venice de 6ª geração no topo da pilha; do outro, dois EPYC Turin de 5ª geração equivalentes.

É importante lembrar que esses dados são internos, datados do fim de outubro de 2025, e ainda podem mudar conforme o silício amadurece. Mesmo assim, o histórico da AMD joga a favor: nas gerações Zen 2, Zen 3 e Zen 4, o que foi prometido em roadmap de eficiência e desempenho por watt ficou, em geral, bem próximo do que chegou aos produtos finais. Por isso, boa parte dos analistas vê o slide de Zen 6 menos como bravata de marketing e mais como um alvo agressivo, porém plausível.

‘Não ligo para servidor’, mas o servidor liga para você

Uma parte da comunidade gamer torce o nariz sempre que o assunto é EPYC. Nos comentários de notícias assim, não falta quem diga algo como “tô nem aí para servidor, quero saber de FPS”. Esse cansaço até faz sentido à primeira vista, mas ignora um detalhe: é justamente o sucesso no mercado de servidores que banca boa parte do avanço de arquitetura que mais tarde aparece nos Ryzen para jogos.

Além disso, nada disso soa muito animador para Jensen Huang e o time da Nvidia. Por mais que as GPUs dominem o discurso em IA, é o CPU que continua coordenando o show em qualquer cluster de alta escala. Se a AMD consegue oferecer a clientes de nuvem um pacote consistente – EPYC Venice com Zen 6, GPUs Instinct e ecossistema ROCm funcionando como um stack único – fica muito mais fácil para esses clientes reduzirem dependência de soluções exclusivamente verdes. E tudo começa com métricas aparentemente sem graça, como SPECrate por watt, que depois se traduzem em decisões bilionárias sobre quem equipa o próximo data center gigantesco.

Rumo a mais de 50% do mercado de servidores

A AMD vem repetindo há alguns anos que mira mais de 50% de participação no mercado de servidores x86. EPYC Venice, com Zen 6, é o próximo tijolo grande nesse muro, e o Zen 7 já aparece na estrada como a geração que terá de consolidar o terreno conquistado. Se Venice chegar perto dos >70% prometidos em cenários reais de dois sockets, cada ciclo de atualização de infraestrutura vai tornar mais difícil justificar a permanência em plataformas antigas.

Por enquanto, a empresa ainda guarda muitos detalhes de Zen 6, preferindo soltar números macro em vez de abrir o diagrama completo do chip. Mas o recado já está dado: mais núcleos, melhor aproveitamento de área, processo de 2 nm com GAA e uma arquitetura refinada convergem para um produto com potencial de mexer forte no status quo. Seja você o arquiteto de um data center contando watts, o profissional de criação de olho em uma future workstation Ryzen, ou o gamer cético mandando meme dizendo que ‘não tá nem aí pra servidor’, o Zen 6 tem grandes chances de influenciar diretamente o hardware que vai rodar seus jogos, apps e serviços nos próximos anos.

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