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Review AirPods Pro 3: controle de ruído brilhante, ajuste que divide

por ytools
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Nota do editor: este review foi escrito por alguém que convive com a Apple no dia a dia, mas testa fones de todos os ecossistemas.
Review AirPods Pro 3: controle de ruído brilhante, ajuste que divide
A ideia é ir além do release, explicar o que muda na prática e discutir onde a Apple brilhou – e onde as escolhas podem não agradar todo mundo.

AirPods Pro 3 em poucas palavras

Os AirPods Pro 3 chegam sem romper com o visual icônico – hastes brancas, estojo minimalista – , mas empilham promessas: cancelamento de ruído ativo (ANC) com ganho de até “2×” sobre o Pro 2, novas ponteiras com inserto de espuma (agora em cinco tamanhos, inclusive XXS), melhorias de áudio, sensor de batimentos cardíacos, certificação IP57 tanto nos fones quanto no estojo, Busca precisa no Find My e um modo Live Translation (Tradução ao Vivo) ainda em beta. Ficam a bordo também a equalização adaptativa, o Áudio Espacial personalizado com rastreamento de cabeça, o Conversation Awareness, funções de apoio à audição e de proteção auditiva. E a autonomia em uso direto sobe de 6 para 8 horas.

No papel, é o lançamento in-ear mais ambicioso da Apple. No ouvido, é um paradoxo: ANC e transparência de outro nível e integração perfeita com iPhone, iPad, Mac, Watch e Apple TV, mas um novo acerto sonoro mais ousado (um “V” bem acentuado) e um conforto que pode dividir opiniões por causa das ponteiras híbridas. Se você amava a assinatura mais neutra do Pro 2, prepare-se para um som mais “fitness”. Se você prioriza silêncio e praticidade, o Pro 3 é dificílimo de bater.

Design: a mesma assinatura, cirurgia onde importa

De longe, nada mudou: branco brilhante que parece sempre mais branco que o resto da mesa e um estojo que abre com uma mão. A cirurgia está dentro da orelha: o bico ficou mais perpendicular ao corpo, o flange das ponteiras é mais longo (inserção um pouco mais profunda) e a “bolota” do fone diminuiu. O objetivo é caber bem em mais formatos de orelha e firmar melhor em corrida e treino.

As novas ponteiras misturam silicone por fora e espuma por dentro. A espuma fica escondida, não se desfaz como as espumas “puras” e, em tese, mantém a forma por mais tempo. Por que isso? Porque mais isolamento passivo facilita a vida do ANC e estabiliza o trabalho da Adaptive EQ.

O estojo cresceu milímetros em largura e altura (a espessura é a mesma), ficou alguns gramas mais leve e, em troca, perdeu a botãozinho físico de pareamento: agora você dá dois toques na frente, logo abaixo de um LED bem mais brilhante. Ele continua falando com você por bipes (carga, busca, pareamento), aceita MagSafe, carregador de Apple Watch e qualquer base Qi. É tão brilhante que sai imaculado da caixa por… sete segundos. Depois, poeira e micro-riscos aparecem (o branco disfarça, mas você sabe que estão lá).

Durabilidade e reparo

A boa notícia concreta é o IP57 em fones e estojo. Suor, chuva e respingos: pode vir. A notícia menos legal é a de sempre dos TWS: não há reparo de bateria. Quando os ciclos acabarem, a saída é troca/reciclagem. É um dilema da indústria inteira, mas nos AirPods pesa mais pelo volume de vendas. A Apple já melhorou muito a reparabilidade do iPhone e cortou brinde de cabo/carregador em nome do meio ambiente; ainda assim, seus fones mais populares continuam essencialmente “descartáveis” quando a bateria cansa.

Conforto: o paradoxo da espuma dentro do silicone

Conforto é pessoal – e aqui a escolha da Apple tem impacto. A espuma comprimida se expande no canal e faz um selo excelente. O preço do selo forte é uma pressão suave e constante na parede do canal, que nem todo mundo “esquece” com o tempo. Com silicone puro, há quem diga que o fone some; com o híbrido, muita gente sempre “sente” a ponteira ali.

Descer um tamanho ajuda a aliviar a pressão, mas pode piorar o vedamento e, por consequência, o ANC. Outra característica típica de espuma aparece: depois de um tempo, a ponteira pode empurrar o fone levemente para fora, reduzindo a firmeza. Para treinos intensos, essa micro-folga incomoda.

As ponteiras seguem com encaixe proprietário da Apple, o que dificulta tirar/colocar (um pano seco ajuda a ter pegada). Em compensação, o mercado inteiro corre para oferecer alternativas compatíveis: você encontra ponteiras só de silicone que devolvem o “desaparecer no ouvido”, trocando alguns decibéis de isolamento por conforto de maratona. Antes de desistir do produto, vale separar uns R$ 50–80 para experimentar.

Configuração e vida no ecossistema

Parear é o ritual clássico: abrir o estojo perto do iPhone, tocar em conectar e pronto – os fones surgem no seu iPad, Mac, Watch, Apple TV e por aí vai, porque a mágica acontece na sua conta Apple. Não há app extra para instalar. No macOS, tudo está nas Preferências (algumas opções ficam um pouco escondidas). O melhor é o “teletransporte” de áudio: está ouvindo no Mac, começou algo no iPhone, os fones pulam automaticamente. Isso é mais natural e confiável que o multiponto tradicional de “dois aparelhos fixos”.

Tem muita coisa – e parte fica espalhada

  • Volume Personalizado + Conversation Awareness: ajusta nível conforme o ambiente e baixa a música quando você começa a falar.
  • Redução de Sons Altos: em transparência, apara picos doloridos (sirenes, pratos, apitos).
  • Controle deslizante de Transparência Adaptativa: você define quanta rua entra.
  • Áudio Espacial Personalizado: a câmera do iPhone escaneia cabeça/orelhas para criar um HRTF sob medida.
  • Pausa ao dormir: cochilou, o sistema pausa.
  • Gestos com a cabeça: balançar/assentir para recusar/aceitar chamadas.
  • Find My com precisão: setinha na tela guia até o fone perdido no sofá.
  • Compartilhamento de Áudio: duas pessoas ouvindo a mesma fonte em AirPods/Beats compatibles.

Em Acessibilidade, os AirPods viram ferramenta séria: dá para usar como “quase” aparelho auditivo em países/locais habilitados, há teste auditivo, Live Listen (o micro do iPhone transmite para os fones), e reconhecimento de sons (bebê, campainha, alarme). Para muita gente, não é perfumaria – é autonomia.

O que é novo de verdade: Tradução ao Vivo e batimentos

Live Translation (beta)

Você baixa os pacotes de idioma, escolhe a dupla e o iPhone traduz o que a outra pessoa fala, jogando o áudio traduzido no seu ouvido. A ideia é brilhante, o presente ainda é beta: a ferramenta tende a esperar o fim da frase, então diálogos acelerados ganham atraso; gírias e sobreposição de vozes geram cortes. Para turismo e situações casuais, já é útil; para reuniões rápidas, ainda não.

Sensor de batimentos cardíacos

Os Pro 3 trazem um sensor óptico que não brilha verde como em algumas pulseiras – a luz não é visível. A diferença boa em relação ao Beats recente é que você não depende de “iniciar um treino” para registrar; medidas aparecem no app Saúde mesmo em caminhadas casuais. Eles entendem exercícios comuns e dão um panorama ok para quem não usa relógio. Não substituem um tracker dedicado (nada de sono/SpO₂/broadcast para esteiras), mas como bônus num fone, vale muito.

Som: a Apple saiu da zona neutra

O AirPods Pro 3 não tenta ser o Pro 2 com tweaks; ele muda a assinatura. Temos um V mais evidente: subgrave generoso e agudos bem presentes. Na primeira escuta, o impacto é divertido: bumbo com corpo “de caixa maior que o fone”, pratos brilhando, sensação de palco mais arejado e animado. É delicioso em pop, EDM e hip-hop. Em masters mais claros, pode virar “excesso de luz”.

Graves

O subgrave vai fundo e com autoridade. O bom é que a região de médio-grave não invade a voz masculina e não empapuça violões. O porém: quantidade. Dependendo da música e do volume, o subgraves pode dominar. E com a Adaptive EQ compensando a menor sensibilidade do ouvido em volumes baixos (ela sobe graves conforme você desce o volume), às vezes o baixo “grunhe” mais do que você queria numa audição relax.

Médios

Vozes estão limpas e inteligíveis, mas um passo atrás da moldura grave/agudo. Em muitos discos, falta um tiquinho daquela “humanidade” de palco central que marcou o Pro 2. Instrumentos acústicos continuam críveis; o foco, porém, está no brilho e no impacto.

Agudos

Estendidos e arejados – e, em alguns casos, demais. Chimbais ganham contorno mais nítido, “s” e “ch” podem espetar em gravações nervosas. Não há um EQ global no iOS; você depende dos presets do Apple Music ou do equalizador do Spotify para domar 8/16 kHz em 1–3 dB. Quando a faixa é bem gravada, o brilho encanta; quando não é, cansa.

Parte técnica

Imagem estéreo competente; você localiza instrumentos sem esforço. Profundidade/altura de palco continuam “próximas” da cabeça para padrões hi-fi, como é comum em TWS. Em detalhamento, o teto do AAC aparece. A Apple reserva transmissão sem perdas para um enlace especial do Vision Pro; no iPhone/Mac, seguimos no AAC. Não é dramático para 99% das pessoas, mas quem caça microdetalhes de estúdio vai notar o limite.

Adaptive EQ: o maestro invisível

A Apple mede em tempo real a resposta no seu ouvido e corrige para o alvo dela. Isso padroniza a experiência entre formatos de orelha. O trade-off é filosófico: se você baixa o volume para deixar a música “de fundo”, o sistema insiste em manter o corpo de graves perceptível. No metrô, é perfeito; para relaxar, pode ser demais. Não dá para desligar a Adaptive EQ.

ANC e Transparência: dois superpoderes

Com a espuma reforçando o selo, o ANC tem “terreno” para brilhar. A sensação é de o ruído afundar em câmera lenta: ar-condicionado, ônibus, escritório – tudo vira pano de fundo. Apitos e buzinas ainda passam, mas muito mais baixos. Entre os in-ears, é referência. Acima só os over-ears top, por física de concha.

A Transparência continua a melhor do mercado: vozes soam como vozes reais, não como gravações de vozes. A Apple ainda aplica Loud Sound Reduction para limar picos doloridos. O modo Adaptativo mistura as duas coisas: deixa você atento à rua e, ao mesmo tempo, poda sons chatos. Para segurança, conversa e fluxo urbano, é imbatível.

Vento e “assobio” de cabine

Todo ANC sofre com vento em algum grau. No Pro 3, o bloqueio é acima da média, mas jatos diretos (saída de ventilação no avião, rajada de frente) podem provocar “whoosh” ou um assobio eventual, principalmente se a vedação daquele lado afrouxou um pouco. Reassentar o fone, girar a haste alguns graus ou alternar entre ANC e Transparência resolve na maioria dos casos. Se o assobio persistir, pode ser malha com defeito – peça troca.

Chamadas, latência, conectividade

Microfone excelente para TWS: clareza alta, corpo de voz preservado e boa supressão de ruído. Para call e videochamada, é do melhor que há. Em jogos casuais, o iOS/macOS acionam modo de baixa latência quando detectam títulos compatíveis; em vídeo, atraso não incomoda.

Conexão é Apple sendo Apple: o AAC pode ser antigo, mas é estável e pega longe. Quedas são raras, e a troca inteligente entre dispositivos vira vício: depois que você confia, não quer voltar ao multiponto que falha justo quando você precisa.

Bateria e carregamento

Os fones em si agora chegam a 8 h de reprodução, número crível com volume contido e uso misto de modos. O estojo, porém, soma menos cargas do que o Pro 2 – na prática, sai de “um dia e meio” para “um dia cheio”. Com base sem fio por perto, não é drama; você encosta e segue a vida. Mas quem amava a reserva generosa do Pro 2 vai notar que recarrega o estojo com mais frequência.

Dicas práticas e perfis de usuário

Se o conforto está pegando

  • Teste um tamanho menor e rode o Teste de Encaixe no iOS. Se a vedação cair muito, volte um tamanho e reduza sessões longas.
  • Experimente ponteiras de terceiros de silicone compatíveis com o encaixe dos AirPods. Perde-se um pouco de isolamento, ganha-se horas de conforto.
  • Às vezes, 1–2° de rotação da haste tiram a “ponta de pressão” dentro do canal.

Se o agudo está agressivo

  • No Apple Music, teste “Reduzir Agudos” ou “Ampliação de Volume”.
  • No Spotify, derrube 8 kHz e 16 kHz em 1–3 dB; se o grave estiver demais, tire 60 Hz em 1 dB.

Se você está entre Pro 2 e Pro 3

Quer conforto e assinatura mais calma? O AirPods Pro 2 (ainda mais com ponteiras que você já ama) é compra inteligente. Você abre mão do HR, do IP57 no estojo e de um salto de ANC, mas ganha uma “pegada sonora” menos cansativa e um estojo que rende mais no total. Para treino pesado, prefira Powerbeats Fit/Pro (ganchos = paz). Para viagem e open space, over-ears premium continuam reis.

Materiais e sensação de valor

O branco brilhante da Apple é impecavelmente montado, mas não tem “joalheria” na mão. Se sua noção de premium é metal frio e couro, vai sentir falta. O valor aqui está no software, na integração e na previsibilidade do conjunto. Em experiência, é premium; em tato, é tech minimalista.

Veredito

Os AirPods Pro 3 são, hoje, os melhores gestores de som ambiente no formato in-ear para quem vive no ecossistema Apple. ANC e Transparência são de referência; as funções de acessibilidade ajudam de verdade; o microfone é ótimo; o handoff entre aparelhos é mágico; o sensor de batimentos é um bônus útil; o Live Translation aponta um futuro empolgante; o Find My preciso salva no momento do “sumiu no sofá”.

O porém está em dois pilares que definem fone bom: conforto e timbre. As ponteiras híbridas podem cansar e o novo “V” com graves generosos e agudos brilhantes não é para toda biblioteca. Sem um EQ global, você depende de gambiarra por app para corrigir. Se isso pega para você, as virtudes não compensam.

Conselho prático: se você é ANC-first, curte treinar e precisa de transparência natural para circular pela cidade, os Pro 3 vão te conquistar. Se é sensível em canal auditivo e prefere um som mais relax, teste os Pro 3 com várias ponteiras – e mantenha a janela de troca em mente. No mundo Apple, nunca houve um in-ear tão capaz. Também nunca houve um tão capaz de dividir a audiência.

Prós

  • ANC de referência entre in-ears, ainda melhor com o selo das ponteiras híbridas
  • Transparência incrivelmente natural e recursos de acessibilidade úteis
  • Integração total com dispositivos Apple e handoff que “adivinha” sua intenção
  • IP57 em fones e estojo; Find My com direção precisa
  • Microfone muito bom e latência baixa em jogos/vídeo
  • Monitoramento de batimentos prático para atividades casuais

Contras

  • Pode gerar pressão/fadiga em sessões longas por causa da espuma
  • Assinatura em V pode soar brilhante demais em masters quentes
  • Sem EQ global no iOS para domar o topo e o sub
  • Estojo rende menos cargas totais que o Pro 2
  • Sem reparo de bateria – ciclo de vida dependente de troca

Notas da comunidade (e como lidar)

“Não aguentei 30 minutos sem incômodo e, no voo, o direito fazia um assobio infinito.” Tente uma ponteira menor, gire a haste alguns graus para tirar o micro do jato de ar e alterne ANC/Transparência. Se persistir, pode ser peça com malha defeituosa: acione a troca.

“Plástico brilhante com discurso de premium. Cadê o ‘padrão Sennheiser’?” O valor dos AirPods mora no software e na integração. Se o que te move é material “de vitrine” e codec sem perdas, há opções hi-fi mais alinhadas ao seu gosto.

“Melhor pegar AirPods Pro 2 e ponteira de terceiros.” Para muita gente, é um ótimo caminho: conforto maior, som mais calmo e preço melhor. Você abre mão do HR/IP57/ANC mais forte, mas pode ganhar exatamente o que mais importa para você.

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