A partir da temporada 2026, a Major League Soccer vira praticamente parte fixa do cardápio do Apple TV. Apple e MLS já confirmaram o plano: todos os jogos da liga vão estar disponíveis dentro do serviço de streaming, sem cobrança extra além da assinatura normal. 
Na prática, isso significa que o MLS Season Pass, hoje vendido por 15 dólares por mês, deixa de existir depois de 2025 e é incorporado à assinatura padrão do Apple TV, que atualmente gira em torno de 13 dólares mensais.
Hoje o cenário é confuso e caro para muita gente. Você paga a assinatura do Apple TV para ver séries e filmes e, se quiser acompanhar o campeonato inteiro, precisa empilhar mais uma cobrança em cima, o tal do Season Pass. Não tem desconto, não tem pacote combinado, não tem benefício por já ser assinante. A partir de 2026, a lógica muda para algo bem mais simples: tem Apple TV, tem MLS. Isso inclui todos os jogos da temporada regular, a Leagues Cup, o All-Star Game da MLS, a Campeones Cup, os playoffs da Audi MLS Cup e outros jogos especiais, tudo dentro do mesmo app.
A Apple, porém, não está pensando só em transmissão ao vivo. O plano é transformar o futebol num ecossistema completo dentro do Apple TV. Junto com as partidas, a empresa promete programação de estúdio, pré e pós-jogo, mesas redondas, bastidores, séries documentais sobre clubes e jogadores e uma biblioteca de reprises e melhores momentos sob demanda. Em vez de abrir o app só na hora do jogo, a ideia é que o assinante use o Apple TV como um hub de futebol que está sempre ali, com algo novo para ver.
Esse movimento também conversa com a estratégia esportiva mais ampla da Apple. O Friday Night Baseball já faz parte da assinatura sem custo extra e, recentemente, a empresa garantiu direitos exclusivos de transmissão de Fórmula 1 nos Estados Unidos. Para quem gosta de vários esportes, a assinatura de 13 dólares começa a parecer menos um simples serviço de streaming e mais um pacote esportivo digital, com futebol, beisebol e F1 no mesmo lugar. A pergunta que começa a aparecer nos fóruns é bem direta: antes eram 15 dólares só pelo MLS; agora são 13 dólares por tudo isso. Quanto tempo até esse valor subir discretamente?
Do ponto de vista de produto, faz sentido encerrar o Season Pass. Manter uma paywall separado para uma liga enquanto outros esportes entram sem custo adicional passava uma mensagem meio torta sobre o que a Apple realmente valoriza. Colocando tudo sob um preço único, a empresa simplifica a decisão do assinante: em vez de quebrar a cabeça com complementos, a dúvida vira apenas se vale a pena manter ou não o Apple TV. Ao mesmo tempo, cada novo contrato esportivo deixa o serviço mais atraente, mas também mais caro de sustentar. A história recente do streaming mostra que, quando os direitos encarecem, segurar preço por muito tempo costuma ser exceção.
O contexto da indústria deixa essa mudança ainda mais interessante. A notícia foi divulgada primeiro pela ESPN, que pertence à Disney, justamente num momento em que Disney e YouTube TV trocam farpas por causa de acordos de distribuição de canais. Enquanto os velhos players brigam pela velha lógica de pacotes, a Apple vai montando uma rota paralela, totalmente direta ao consumidor. O usuário assina dentro do ecossistema Apple, assiste pelos apps da empresa e a companhia controla a experiência de ponta a ponta, dos dados de audiência à interface.
Para o fã, o curto prazo parece um bom negócio: menos fragmentação, mais esportes dentro de um único serviço e fim de um pagamento separado só para ver MLS. O lado B é o risco de, daqui a alguns anos, olhar a fatura do cartão e perceber que esse conforto veio acompanhado de um preço bem mais salgado. De qualquer forma, 2026 já está desenhado como um ano de virada: MLS sem Season Pass, beisebol, Fórmula 1 e um Apple TV cada vez mais parecido com a nova praça central do esporte ao vivo no streaming. E, para muita gente, também mais um passo na transformação do streaming em uma espécie de TV a cabo 2.0, com outra embalagem e o mesmo jogo de sempre.
1 comentário
Tomara que invistam também em narração, câmera, estúdio, porque não adianta só enfiar mais jogo na grade e largar lá