O universo de Horizon está passando por uma virada importante: a franquia deixa de ser apenas sinônimo de campanha solo cinematográfica para se transformar em uma marca também de jogos online. Depois de anos de rumores, a Guerrilla Games e a NCSoft finalmente tiraram o véu de Horizon Steel Frontiers, um MMORPG ambientado no mundo de máquinas e tribos que os fãs já conhecem, com lançamento previsto para PC e dispositivos móveis nos próximos anos.
Steel Frontiers promete aquele pacote clássico de MMO: grandes áreas compartilhadas, eventos com dezenas de jogadores caçando máquinas colossais, progressão de personagem de longo prazo e um mundo vivo que muda com atualizações e temporadas. 
É o tipo de jogo pensado para acompanhar o jogador por anos, sempre com mais um equipamento para buscar, mais um clã para montar e mais uma máquina lendária para derrubar em grupo.
Mas o ponto que gerou confusão – e que agora está mais claro – é que Steel Frontiers não é o único projeto multiplayer de Horizon em andamento. De acordo com o jornalista Jason Schreier, a MMO da NCSoft é um jogo, enquanto o próximo grande lançamento da própria Guerrilla é outro título multiplayer separado, desenvolvido internamente pelo estúdio. Ou seja: não estamos falando de um único experimento online, mas de pelo menos duas experiências bem diferentes dentro da mesma franquia.
Essa divisão também se reflete nas plataformas. Horizon Steel Frontiers foi anunciado para PC e mobile, um movimento curioso para uma série que virou vitrine gráfica do PlayStation. Até agora não há versão confirmada para PS5. Já o projeto multiplayer da Guerrilla, por ser tratado como o “próximo grande jogo” do estúdio, é amplamente esperado no PS5, além de chegar também ao PC, seguindo a estratégia recente da Sony de expandir seu público sem abandonar o console como plataforma principal.
Dois horizontes online: MMO gigante e coop de exploração
Embora a Guerrilla ainda não tenha revelado o segundo jogo oficialmente, as descrições que circulam entre fãs e insiders indicam algo bem distinto de uma MMO tradicional. Em vez de um mundo focado em raids enormes e grind infinito, o projeto interno é descrito como uma experiência cooperativa mais intimista, centrada em exploração, crafting e construção em grupo. Imagine um pouco do clima de sobrevivência e fantasia de Enshrouded, misturado com o lado mais acolhedor e social de Palia, temperado com aquela pegada de progressão leve e visual marcante que muita gente associa a Fortnite.
Nesse formato, o foco deixa de ser “rajar” barras de vida de chefes gigantes com 40 pessoas e passa a ser montar uma pequena equipe de caçadores, explorar ruínas, coletar recursos, erguer bases, aprimorar equipamentos e enfrentar máquinas de forma tática. É fácil imaginar grupos se dividindo em funções: um jogador especializado em montar armadilhas, outro em combate à distância, outro em segurar a linha de frente com lanças e armas pesadas, enquanto todos protegem o acampamento construído a duras penas.
Para Horizon, isso faz muito sentido. Desde Zero Dawn, o ponto forte da série é a combinação de exploração, leitura do ambiente e combate metódico contra máquinas que punem qualquer descuido. Levar essa fantasia para um ambiente cooperativo, onde todo mundo sente que tem um papel importante no grupo, soa mais como evolução natural do que como tentativa desesperada de entrar na moda dos jogos-serviço.
Esse movimento também conversa com algo que a própria Guerrilla já havia sinalizado. Há alguns anos, o diretor do estúdio, Jan-Bart van Beek, comentou que Horizon é uma franquia de longo prazo e que o time tem “dezenas de ideias” sobre para onde levar o universo. Campanhas solo como Zero Dawn e Forbidden West são uma parte dessa visão; experiências online, jogos cooperativos e mundos compartilhados são outra.
Do lado da Sony, o plano é claro: aumentar a presença em multiplayer e jogos de longo ciclo sem abandonar os blockbusters narrativos. Horizon Steel Frontiers dá à marca um pé no terreno das MMOs em PC e mobile, enquanto o novo jogo da Guerrilla tem tudo para se tornar o “título de referência” para quem quer jogar Horizon com amigos no PS5 e no PC, em sessões menores, porém intensas.
Com Steel Frontiers oficialmente anunciado, os holofotes agora se viram naturalmente para esse projeto cooperativo misterioso. Restam muitas perguntas: até que ponto os jogadores poderão personalizar e expandir suas próprias aldeias? Haverá sistemas de tribos criadas pela comunidade? A progressão será mais leve e focada em fantasia de personagem ou vai puxar para o grind de RPG clássico? Nada disso foi detalhado ainda, mas o simples fato de existirem duas propostas distintas deixa claro que Horizon está se transformando em uma espécie de ecossistema, não apenas em uma sequência de campanhas solo.
O que antes parecia só um rumor sobre “um jogo multiplayer de Horizon” virou um plano bem mais ambicioso. Horizon Steel Frontiers tem a missão de brigar por seu espaço no mercado de MMOs para PC e mobile, enquanto o projeto cooperativo da Guerrilla surge como um segundo pilar da franquia no PS5 e no PC. Para quem ama caçar máquinas em mundos abertos, a mensagem é simples: esse novo horizonte ainda está só começando a ser explorado.