
iPhone Air 2 adiado: Apple reduz produção do iPhone Air e repensa o quarto modelo da linha
O experimento mais fino da Apple no segmento principal de iPhones perdeu fôlego rápido. Depois de um começo cercado de curiosidade, a procura pelo iPhone Air caiu abaixo do esperado e os sinais da cadeia de suprimentos são claros: a produção está sendo enxugada antes do previsto. Segundo relatos do setor, a Luxshare interrompeu a montagem do Air em outubro, enquanto a Foxconn manteve algo como uma linha e meia em operação – e essas, ao que tudo indica, devem parar até o fim do mês. O movimento conversa com a projeção do analista Ming-Chi Kuo, que estimou um corte de até 80% no volume do modelo.
O baque já mexe no roteiro de lançamentos. O sucessor, codinome interno V62 e oficiosamente chamado de iPhone Air 2, era cotado para chegar no outono de 2026. Agora, foi retirado do cronograma próximo e conta com menos engenheiros dedicados. Não há cancelamento formal, mas a janela mais otimista migrou para a primavera de 2027, quando a Apple deve apresentar a família iPhone 18, incluindo um possível iPhone 18E.
Por que o Air patinou? Essencialmente por um descompasso entre posicionamento, preço e prioridades de hardware. O Air vendeu a promessa do design ultrafino e de um iPhone minimalista. Na prática, os cortes pesaram na percepção de valor. O aparelho veio com apenas uma câmera traseira de 48 MP – competente, mas limitante diante de rivais com dois sensores – e uma bateria de 3.149 mAh, que deixou dúvidas sobre autonomia real de um dia inteiro. Quando o encanto do formato fino passou, esses compromissos saltaram aos olhos, ainda mais com preço inicial próximo de US$ 999.
O contexto interno da linha também não ajudou. Ao lado de um suposto iPhone 17 por cerca de US$ 799, com mais câmera traseira e mais bateria, o Air soava caro. O apelo tátil – leve, elegante, gostoso na mão – existe, mas a narrativa de custo-benefício perdeu volume na prateleira. A Apple costuma acertar sua escada de quatro modelos quando cada degrau tem missão clara: Pro Max para o extraclasse, Pro para criadores, padrão para o grande público, e um quarto lugar que precisa ser a porta de entrada ou falar com um nicho específico. O Air quis ser a “referência de finura”; o mercado, porém, priorizou utilidade. Não por acaso, fontes de fábrica indicam que, mesmo prevendo só 10% a 15% da capacidade produtiva no início, o Air ficou aquém e parece ter ido pior que formatos como Plus e mini.
O curioso é que os rumores do iPhone Air 2 miravam corrigir justamente os calos da primeira geração: chassi ainda mais leve com bateria maior, conjunto de duas câmeras e câmara de vapor para resfriamento – solução semelhante à do iPhone 17 Pro – mantendo desempenho sem esquentar num corpo fino. Falava-se também em revamp visual. Em outras palavras, a Apple sabia o que precisava para reconquistar indecisos. Mas com demanda fraca e linhas já reduzidas, insistir no sucessor sem reposicionamento claro seria uma aposta cara.
E agora? Há dois caminhos prováveis. No primeiro, a Apple encerra discretamente a ramificação Air e redistribui suas inovações – materiais, arquitetura interna, soluções térmicas – pelos demais modelos. No segundo, mais interessante, a empresa reposiciona o Air abaixo do iPhone padrão. Com preço mais amigável, o minimalismo deixa de parecer concessão e vira proposta: um iPhone muito leve e fino, mas sem abrir mão do básico que as pessoas esperam – duas boas câmeras e bateria confiável.
Preço será o fiel da balança. A US$ 999, a finura sozinha não sustenta o discurso contra aparelhos que entregam mais lentes, mais autonomia e desempenho quase de Pro. Reapresentado por menos, e com o pacote de melhorias ventilado para o Air 2, ele poderia ser “o iPhone do dia a dia elegante”: o que desaparece no bolso, sem fazer o usuário correr para a tomada às cinco da tarde.
Por ora, o recado do entorno de Cupertino é cautela: o projeto segue vivo, mas com o dimmer reduzido. Fornecedores recuam, times são realocados e o calendário escorrega de 2026 para um talvez 2027. Se – e apenas se – a Apple juntar corpo fino, duas câmeras decentes, bateria de respeito e preço coerente dentro da escada da marca, o iPhone Air 2 ainda pode encontrar seu público. Até lá, o iPhone mais fino é uma boa ideia em busca do lugar certo na vitrine.
Em síntese: a Apple está revendo o papel do quarto modelo. O iPhone Air provou que há desejo por leveza – só não quando ela custa caro em recursos essenciais. Se voltar, terá de ser mais leve, durar mais e, principalmente, custar menos para fazer sentido.