A Qualcomm parece pronta para elevar a segmentação do seu topo de linha. Em vez de um único “flagship” anual, os bastidores falam em dois chips sob o guarda-chuva do futuro Snapdragon 8 Elite Gen 6: um modelo padrão e um Pro. 
A aposta é clara: criar um degrau dentro do próprio segmento premium, reservando à versão Pro alguns privilégios – entre eles, suporte antecipado a LPDDR6 e uma GPU mais encorpada. A estratégia ecoa o movimento da Apple com o A17 Pro no iPhone 15, que acentuou a distância entre os modelos comuns e os aparelhos de vitrine.
No front da fabricação, o rumor mais repetido crava que a Qualcomm miraria o processo N2P da TSMC, e não o N2 “puro”. O N2P é descrito como um passo refinado dentro do nó de 2 nm, com ajustes de regras de layout e melhorias de fluxo que destravam um pouquinho mais de frequência sustentável e eficiência. Em smartphones, esses “pouquinhos” valem ouro: menores picos térmicos em jogos longos, menos estrangulamento sob câmera/IA e margens extras de autonomia quando tudo acontece ao mesmo tempo – filmagem 4K/8K, notificações, GPS, redes e um jogo pesado rodando ao fundo.
O corte mais visível entre as versões deve aparecer na memória. A edição padrão seguiria com LPDDR5X – veloz, madura e barata de integrar – enquanto o Snapdragon 8 Elite Gen 6 Pro estrearia a LPDDR6. Historicamente, a nova geração de LPDDR eleva a largura de banda por pino e melhora a eficiência em rajadas curtas, o que combina com o perfil real de uso: picos de GPU para manter FPS alto, disparos de NPU para recursos de câmera computacional e execução local de modelos multimodais. Tradução prática: mais folga para gráficos e IA sem trucidar a bateria. Paralelamente, há barulho sobre prontidão para UFS 5.0; o salto sobre UFS 4.x varia por cenário, mas ganhos de latência e throughput tendem a acelerar aberturas frias de apps, streaming de assets em jogos e pipelines multiquadro de foto/vídeo.
Outra peça interessante é a topologia de CPU. Em vez do padrão recente “2 + 6”, os dois Gen 6 seriam organizados em “2 + 3 + 3”: duas big, três médias e três de alta eficiência, totalizando oito núcleos. Essa granularidade dá ao agendador mais liberdade: tarefas de interface e processos de fundo ficam nas eficientes; sessões prolongadas de câmera e jogatina nos núcleos médios; e as duas “feras” entram quando a latência precisa ser mínima – abrir a câmera, aplicar um efeito pesado, compilar algo, ou estabilizar um pico de quadros. Se bem calibrado, o resultado é frame pacing mais suave e menos picos de temperatura, dois calcanhares de Aquiles recorrentes em Androids top com GPUs ambiciosas e ray tracing.
Falando em gráficos, a separação Pro deve vir de binagem e limites mais generosos: mais unidades ativas, relógios maiores, janelas de memória mais largas – ou um mix disso tudo. O chip padrão ficaria mais contido para caber em mais chassi, orçamentos térmicos e faixas de preço. Para as marcas, é um prato cheio de diferenciação real: o ultra-premium vende FPS mais alto, pipeline de câmera mais rápido e recursos de IA “exclusivos”, enquanto o flagship “convencional” mantém equilíbrio melhor de custo, autonomia e dissipação.
Mas quão crível é a história? Olhando por uma régua simples, a coisa pousa na zona do “provável”. As fontes principais – especialmente um leaker conhecido do Weibo – já acertaram antes, ainda que não sejam infalíveis. Há alguma repetição em veículos regionais, embora faltem documentos duros. Tecnicamente faz todo sentido: N2P para espremer eficiência, LPDDR6 primeiro no Pro, GPU mais forte por binagem e um arranjo 2 + 3 + 3 para afinar agendamento. Em termos de calendário, também bate: os ciclos da Qualcomm permitem amostras tardiamente num ano e ramp-up no seguinte. Somando tudo, o termômetro fica em 70% – provável.
Existem, claro, zonas de sombra. Não há números fechados para blocos de GPU, metas de clock, throughput da NPU ou envelopes térmicos. Não sabemos se a LPDDR6 será exclusividade temporária do Pro ou bandeira permanente. E a tal UFS 5.0 só brilha se cadeia de suprimentos e OEMs alinharem disponibilidade, preço e capacidade em tempo hábil. Dependendo do pacote, o custo do aparelho “Pro” pode subir – e essa conta precisa fechar na prateleira.
O pano de fundo competitivo empurra nessa direção. A Apple cristalizou a narrativa “Pro” em chips móveis. A MediaTek, por sua vez, vem ousando com variantes “Ultra” que priorizam eficiência e preço agressivo. Um Snapdragon em duas camadas dá novo oxigênio de marketing ao ecossistema Android: modos de jogo exclusivos, recursos de vídeo avançados, diferenciais de IA amarrados a memória e GPU e, quem sabe, promessas de estabilidade térmica mais convincentes.
Em síntese: se os rumores acertarem, o Snapdragon 8 Elite Gen 6 chegará em dupla – padrão e Pro – fabricado na TSMC N2P, com CPU em 2 + 3 + 3 e um racha explícito em memória e gráficos. O Pro buscaria o trono absoluto com LPDDR6 e GPU turbinada; o padrão, um equilíbrio pragmático entre custo, calor e bateria. Até aparecer slide oficial ou amostras em campo aberto, trate como fumaça inteligente – mas o desenho da chama já se enxerga.
Medidor de rumores
- Geral: 70% – provável
- Fonte: 3/5
- Corroboração: 3/5
- Plausibilidade técnica: 4/5
- Calendário: 4/5
Lembrete: nomes e especificações podem mudar até o lançamento comercial.