
Minisforum MS-R1: o mini PC ARM que coloca o CIX P1 e um PCIe x16 no mesmo pacote
Mini PC é sinônimo de silêncio e baixo consumo, mas quase nunca de expansão séria. O Minisforum MS-R1 tenta quebrar essa regra trazendo um SoC ARM feito na China, o CIX Technology P1, e algo raríssimo nesse formato: um slot PCIe 4.0 x16 (com ligação elétrica x8). Em outras palavras, um desktop ARM compacto com ambição de workstation
. O modelo foi mostrado pela primeira vez na Computex e agora chega com especificações completas num chassi pequeno (196 × 189 × 48 mm) e leve (cerca de 1,35 kg), o mesmo desenho do MS-01, mas com um coração totalmente diferente.
O cérebro: 12 núcleos, NPU de até 30 TOPS e GPU Immortalis
O P1 é fabricado em 6 nm e combina Cortex-A720 (alto desempenho) e Cortex-A520 (eficiência), com clocks entre 1,8 e 2,6 GHz. Para cargas de IA, há uma NPU dedicada com até 30 TOPS, suficiente para rodar modelos locais de voz, visão e embeddings sem depender de nuvem e com latência previsível. A parte gráfica fica por conta da família Immortalis – as fichas técnicas citam G710 MC10, embora demos iniciais mencionassem G720. De qualquer forma, é GPU para interface fluida, mídia acelerada e GPGPU leve via Vulkan/OpenCL.
Chassi conhecido, comportamento novo
Por fora, é o mesmo gabinete do MS-01; por dentro, sai o Core i9-13900H e entra o CIX P1. O resultado prático é um perfil de calor e ruído muito mais amigável para operação 24/7. A alimentação pode vir por USB-PD (até 100 W) ou pelo adaptador de 180 W incluso, garantindo folga para placas e periféricos famintos.
Memória, armazenamento e software
O MS-R1 usa LPDDR5 a 5500 MT/s em opções de 16/32/64 GB. Com ECC ativado, a capacidade efetiva fica em 12/28/60 GB. Para armazenamento, há variantes sem SSD, com 512 GB ou 1 TB PCIe. O sistema vem com um Debian 12 ajustado pela marca, mas é possível instalar o Debian 12/13 padrão – excelente para quem prefere repositórios oficiais, automação com Ansible e imagens limpas de contêiner.
O diferencial verdadeiro: um slot PCIe num mini ARM
Ter um PCIe 4.0 x16 (x8 elétrico) muda a conversa. 
Em um mini PC ARM, isso abre a porta para GPUs dedicadas (aceleração de mídia, inferência), placas de captura, HBAs NVMe para construir storage denso ou cartões de I/O específicos. Claro, há arestas: pilhas CUDA priorizam x86, suporte ROCm em aarch64 ainda evolui, e drivers proprietários nem sempre acompanham. Ainda assim, o slot transforma o MS-R1 de “kit de dev” em nó modular de borda com espaço para experimentar.
Conectividade de respeito
- Rede: duas portas 10GbE, mais Wi-Fi 6E e Bluetooth 5.3.
- Vídeo e USB: 2× USB-C com USB-PD e DisplayPort Alt Mode, 2× USB 3.2 Gen2, 2× USB 2.0, HDMI 2.0 e conectores de áudio.
- Extras de integrador: GPIO de 40 pinos, eDP, UART, I2C touch e header TPM.
Esse conjunto é raro até em minidesktops x86, e quase exótico no mundo ARM. No Brasil, dá para imaginar o MS-R1 virando appliance de laboratório doméstico, edge box para vídeo e IA, estação de desenvolvimento Linux, ou até cabeça de NAS com 10GbE real.
Para quem é (e para quem não é)
Se você vive em containers, automatiza tudo e prioriza Linux, o MS-R1 faz muito sentido: a NPU permite assistentes locais e pipelines de análise; as duas 10GbE facilitam roteadores avançados, proxies de alta banda e clusters de storage; o PCIe dá liberdade para evoluir o hardware com o tempo. Já quem precisa de suites proprietárias específicas de Windows ou de compatibilidade de jogos via Proton sem paciência para ajustes vai esbarrar nas limitações típicas do desktop ARM. É uma máquina para quem gosta de resolver problemas, não de fugir deles.
Contexto de mercado
O MS-R1 também é um sinal do amadurecimento do ecossistema de silício chinês. Parte do público vê isso como divisor de águas; outra parte só vai acreditar com benchmarks independentes e drivers maduros. Enquanto isso, ARM continua mordendo o pedaço de mesa do x86, e Intel/AMD respondem com NPUs e foco maior em eficiência. Se a torcida é “RIP Shintel” ou “AMDone”, pouco importa: o consumidor ganha opções.
Especificações em resumo
- SoC: CIX Technology P1 (12 núcleos A720/A520, 6 nm, 1,8–2,6 GHz)
- NPU: até 30 TOPS
- GPU: Immortalis (fichas citam G710 MC10; demos antigos mencionam G720)
- Memória: 16/32/64 GB LPDDR5; com ECC: 12/28/60 GB
- Armazenamento: sem SSD / 512 GB / 1 TB PCIe
- Expansão: PCIe 4.0 x16 (ligação x8)
- I/O: 2× USB-C (USB-PD + DP Alt), 2× USB 3.2 Gen2, 2× USB 2.0, HDMI 2.0, áudio
- Rede: 2× 10GbE, Wi-Fi 6E, Bluetooth 5.3
- Makers: GPIO 40 pinos, eDP, UART, I2C touch, header TPM
- Energia: USB-PD até 100 W; fonte 180 W
- OS: Debian 12 custom; suporte a Debian 12/13
- Status: preço e disponibilidade ainda não divulgados
Veredito preliminar: um mini ARM realmente diferente, com expansão de gente grande. Para quem é curioso com ARM e não se assusta com um pouco de tuning no Linux, ele entra fácil na lista curta.
1 comentário
AMD tá vivendo muito de chip de IA, esse bichinho aqui mira borda total