Três dias depois do lançamento de Battlefield 6 para PC e consoles, os jogadores já encontraram uma maneira de driblar o sistema de progressão que exige uma paciência quase sobre-humana. Cansados do ritmo lento para ganhar XP e liberar armas, acessórios e equipamentos, muitos recorreram ao modo Portal para criar servidores personalizados com bots e transformar o jogo em uma gigantesca fazenda de experiência. 
A Electronic Arts, por sua vez, tenta desesperadamente apagar incêndios, derrubando esses servidores um por um – mas, como num jogo de ‘whack-a-mole’, assim que um cai, outro aparece.
Tudo começou quando criadores de conteúdo no YouTube e Twitch começaram a postar vídeos com títulos como “Como desbloquear tudo mais rápido em Battlefield 6”. As redes sociais, especialmente o Reddit, logo foram inundadas com códigos de servidores e tutoriais para quem queria maximizar XP sem perder horas em partidas comuns. A comunidade não demorou a reclamar em coro: o sistema de progressão está “ridiculamente lento” e transforma o que deveria ser diversão em pura frustração.
A resposta da EA foi rápida, mas nada eficaz. Vários dos servidores mais populares de farming começaram a ser encerrados sem aviso, e jogadores começaram a ver mensagens de erro dizendo que os “servidores da EA estão no limite de capacidade”. Só que os veteranos da franquia não se surpreenderam: situações parecidas já haviam ocorrido em Battlefield 4 e Battlefield 5. A editora parece não aprender que, quando há grind demais, a comunidade sempre encontra um atalho.
No fundo, o problema é velho conhecido: como criar um sistema de progressão envolvente sem punir quem só quer se divertir? Em Battlefield 6, muitos desbloqueios dependem de desafios absurdamente específicos, o que obriga o jogador a repetir ações pouco naturais só para conseguir um novo acessório. Na teoria, isso incentiva variedade; na prática, vira tédio e desgaste. O modo Portal acabou virando o refúgio ideal – um espaço onde a galera pode relaxar, brincar e evoluir sem sentir que está trabalhando.
Em vez de repensar o design, a EA parece preferir tapar buracos. Só que é impossível controlar tudo: o sistema de criação de servidores é tão flexível que novas fazendas de XP surgem em minutos. Muitos fãs acreditam que o verdadeiro problema não é o farming, mas o grind desbalanceado. Se a progressão fosse justa, ninguém precisaria burlar o sistema. Até que algo mude, o ciclo vai continuar: EA bloqueia, comunidade cria de novo.
Críticos e jogadores concordam que o sistema de XP ofusca o que Battlefield sempre teve de melhor – batalhas épicas, táticas em equipe e caos divertido. O risco agora é dividir o público entre quem já farmeou tudo e quem ainda está preso às armas básicas. Quando o progresso se torna uma barreira entre os jogadores, o equilíbrio deixa de existir – e a frustração toma conta.
No fim das contas, o modo Portal, criado para celebrar a criatividade e a nostalgia da série, virou palco de um protesto silencioso. Os fãs não pedem atalhos ou recompensas fáceis; querem apenas um jogo que respeite seu tempo. Enquanto isso não acontecer, Battlefield 6 continuará sendo um campo de batalha – só que entre os próprios jogadores e a EA.