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Feodor Chin sobre Lord Saito em Ghost of Yōtei: o vilão mais humano dos games

por ytools
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Ghost of Yōtei já é, sem dúvida, o maior exclusivo do PlayStation em 2025. Mesmo com títulos de peso como Death Stranding 2, o novo jogo da Sucker Punch Productions conquistou o público geral de uma forma que poucos games conseguem.
Feodor Chin sobre Lord Saito em Ghost of Yōtei: o vilão mais humano dos games
Herdando o legado de Ghost of Tsushima – um dos maiores sucessos da era PS4 – , Yōtei surge mais ambicioso, mais maduro e ainda mais cinematográfico. Os números iniciais de vendas são impressionantes, quase no mesmo ritmo do primeiro jogo, e isso sem depender do isolamento social que impulsionou tantos lançamentos em 2020.

Mas o que realmente prende o jogador é a presença magnética de Lord Saito, o vilão central da trama – um guerreiro cuja honra e brutalidade se confundem. Por trás dele está o ator Feodor Chin, veterano da indústria, com um currículo que vai de World of Warcraft até séries como Love, Death & Robots e Marvel Zombies. Chin também já havia interpretado o Lord Adachi em Ghost of Tsushima, e agora retorna com um papel completamente oposto: mais cruel, mais complexo e mais humano.

Atuar em jogos é muito mais do que dublar

Em conversa sobre as diferenças entre atuar para TV e para videogames, Feodor foi direto: “O processo é o mesmo – entender o personagem e servir à história. Mas a experiência do público muda. Na TV, o espectador observa. No game, o jogador participa. Isso exige outra energia. Às vezes você está dando ordens, guiando a ação. É uma atuação mais ativa, mais envolvente.”

Para ele, a diferença está na conexão: “O jogador precisa sentir algo vindo de você – respeito, medo, raiva. E tudo tem que ser honesto. O game te obriga a atuar de forma mais visceral, porque o público está dentro da história.”

Feodor Chin, o gamer casual

Com bom humor, Feodor admite que é um jogador casual: “Eu gosto de games, mas jogo no fácil, sem vergonha de dizer. Pra mim, videogame é relaxamento, não tortura! Quero curtir a experiência, não sofrer.”

Ele lembra com carinho do tempo em que jogou Ghost of Tsushima durante a pandemia: “A Sony nos deu o jogo e, cara, eu fiquei viciado. Minha esposa virou viúva de Tsushima por um mês! E quando cheguei no final, não queria lutar com Khotun Khan, só pra não acabar o jogo. Era tão bonito, tão completo.”

De Lord Adachi a Lord Saito

Em Tsushima, ele interpretou o honrado Adachi – o maior espadachim do Japão, morto logo no início da história. Em Yōtei, Chin mergulhou no oposto total. “Adachi era o ideal de honra. Saito é o resultado da perda dela. Ele é movido por vingança, mas acredita que está certo. E é isso que torna o papel fascinante.”

Para o ator, o segredo de um bom vilão é a empatia. “O verdadeiro vilão nunca acha que é o vilão. Ele acha que está fazendo o certo. O trabalho é entender isso e interpretar com sinceridade.”

Essa visão torna o confronto entre Saito e Atsu muito mais interessante. “Eles são dois lados da mesma moeda. Ambos perderam algo e buscam justiça. Só que Atsu aprende a perdoar. Saito, não. Ele é o que acontece quando a raiva vira identidade.”

Durante o confronto final, a frase de Saito – “Nós somos iguais” – virou uma das mais comentadas pelos fãs. “Esse é o ponto trágico da história”, diz Feodor. “Ele entende a verdade, mas não consegue se libertar dela.”

Dentro do estúdio: o poder do motion capture

Feodor também falou sobre o processo de captura de movimentos no estúdio da Sony, em Santa Monica. “É uma experiência única. Você veste aquele macacão cheio de sensores, com câmeras no rosto, e precisa imaginar tudo: o campo de batalha, as emoções, o cenário. É teatro digital.”

Ele compara o processo a um jogo de imaginação: “Não há cenário, não há figurino. Só você, os colegas e uma enorme confiança na equipe. Os diretores e animadores te ajudam a enxergar o mundo invisível. É um trabalho coletivo, e quando você vê o resultado final, parece mágica.”

Jogos são o novo cinema

Para Feodor, os games alcançaram um nível artístico que rivaliza com Hollywood. “Os jogos modernos são os novos filmes. Eles têm narrativa, emoção, ritmo cinematográfico – e, o mais importante, envolvem o público de forma ativa. O jogador não assiste, ele sente.”

Ele afirma que quer continuar atuando em videogames, especialmente em papéis com captura de movimento. “É desafiador, mas libertador. Não há maquiagem, não há luz bonita. Só o ator e sua imaginação. É puro teatro.”

Sobre o uso de IA no entretenimento

Ao falar sobre inteligência artificial, o ator é cauteloso. “Toda tecnologia pode ser útil, mas substituir pessoas é outra história. O que toca o público é o que é humano – a respiração, o olhar, a hesitação. A IA pode copiar a voz, mas não o sentimento.”

Chin acredita que o futuro dos jogos depende justamente dessa humanidade. “Jogadores se conectam com emoções reais, não com algoritmos. É por isso que performances humanas sempre vão importar.”

Um legado de humanidade e tragédia

No fim da entrevista, Feodor reflete sobre o impacto do jogo: “Ver as pessoas criando fanarts, citando frases do Saito, me faz perceber o poder dessa história. Ela fala sobre vingança, dor, mas também sobre o perdão que a gente precisa aprender.”

Ele ri: “Minha mãe viu o jogo no YouTube e perguntou: ‘Por que você é tão malvado?’”

Ghost of Yōtei é mais do que uma sequência: é um épico sobre o peso das escolhas. Um retrato do que acontece quando a honra e o ódio se misturam. E Feodor Chin entrega uma atuação à altura – um vilão que é, ao mesmo tempo, monstro e homem. “Os melhores vilões são espelhos”, conclui ele. “A gente se vê neles – e isso assusta.”

Com essa filosofia, Ghost of Yōtei não apenas continua o legado de Tsushima, mas redefine o que significa ser humano dentro de um jogo.

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1 comentário

Conor December 14, 2025 - 2:05 am

Feodor jogando no fácil é gente como a gente 😂

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