O mercado global de PCs está vivendo um contraste marcante em 2025. Enquanto a região Ásia-Pacífico dispara com crescimento de dois dígitos, a América do Norte enfrenta uma desaceleração acentuada. 
Segundo os dados mais recentes da IDC, a incerteza gerada pelas tarifas de importação dos Estados Unidos provocou uma queda significativa nas remessas de PCs no segundo e terceiro trimestres do ano. O que começou com força no início de 2025, impulsionado por um aumento repentino na demanda, perdeu ritmo rapidamente conforme as condições econômicas se tornaram mais instáveis.
No primeiro trimestre de 2025, fabricantes e distribuidores norte-americanos registraram um dos períodos mais fortes desde a pandemia, com crescimento expressivo em relação ao final de 2024. Muitos correram para estocar produtos antes de possíveis aumentos nas tarifas, o que inflou artificialmente as vendas. No entanto, essa onda inicial durou pouco. Com a elevação dos custos e a incerteza econômica, consumidores e empresas reduziram as compras. O relatório da IDC descreve esse fenômeno como um “choque tarifário”, que afetou toda a cadeia de suprimentos, gerando custos mais altos e menor confiança.
De acordo com Jean Phillippe Bouchard, vice-presidente de pesquisa da IDC, o mercado global ainda mantém um desempenho positivo, mas os EUA estão em um momento de fragilidade. “O ciclo de atualização para o Windows 11 continua forte, mas muitos compradores norte-americanos preferem esperar por mais estabilidade econômica”, comentou. “Acreditamos que uma recuperação mais consistente só virá no final de 2026.”
Já no lado oposto do globo, o cenário é bem diferente. O mercado da Ásia-Pacífico (APAC) cresce com vigor. As remessas de PCs aumentaram 14% em relação ao ano anterior durante o segundo e terceiro trimestres de 2025, impulsionadas principalmente por Japão e China. O grande destaque é o Japão, onde dois fatores criaram uma tempestade perfeita para o crescimento: o fim do suporte ao Windows 10 e o projeto educacional do governo chamado GIGA School Project, que visa fornecer um dispositivo pessoal para cada estudante. A combinação dessas iniciativas provocou um aumento maciço na substituição de computadores em escolas, repartições públicas e empresas.
“O Japão está liderando uma grande onda de renovação de hardware com a chegada do Windows 11”, afirmou Maciek Gornicki, gerente sênior de pesquisa da IDC. Ele acrescenta que, fora do Japão, o crescimento é mais modesto, limitado por desafios econômicos e políticos, bem como pela adoção lenta do novo sistema operacional. Mesmo assim, países que adquiriram grandes volumes de PCs durante a pandemia agora começam a substituí-los, criando novas oportunidades.
Entre os fabricantes, a Lenovo manteve sua liderança e ampliou sua fatia de mercado para 25,5%, contra 23,8% no mesmo período do ano anterior – um salto anual de 17,3%. Em seguida vem a HP, com 19,8% e crescimento de 10,7%. A Apple aparece logo atrás, com aumento de 13,7% nas remessas, enquanto a Dell registrou um crescimento modesto de 2,6%, mantendo a terceira posição com 13,3% do mercado, uma leve queda em relação aos 14,2% de 2024.
O relatório da IDC mostra um mercado em transição: as flutuações provocadas pelas tarifas estão dando lugar a um crescimento mais estável, porém desigual entre as regiões. O ciclo de atualização para o Windows 11 continua sendo o principal motor da demanda global, mas fatores como política e economia estão moldando o ritmo desse avanço. Até 2026, é provável que a diferença entre os mercados asiáticos em expansão e os ocidentais em desaceleração fique ainda mais evidente, refletindo o papel crucial das políticas públicas e dos investimentos em tecnologia.
1 comentário
Lenovo é um monstro, impressionante o crescimento deles!