
The Elder Scrolls Online: 11 anos de história e a ousada meta de durar 30 anos
Quando The Elder Scrolls Online (ESO) chegou ao mercado em 2014, ninguém podia garantir que o jogo sobreviveria a longo prazo em um gênero tão competitivo quanto o das MMORPGs. Hoje, 11 anos depois, o título da ZeniMax Online Studios (ZOS), sob o guarda-chuva da Microsoft, continua ativo e com uma base de fãs leal. Mais do que isso: seus criadores afirmam, sem medo, que querem manter o jogo vivo por pelo menos mais 20 anos, completando uma jornada de três décadas. É uma ambição rara, comparável apenas a gigantes como World of Warcraft ou EVE Online. Mas será possível chegar lá em um cenário cheio de mudanças rápidas, layoffs em massa e novos rivais surgindo a cada mês?
O estúdio passou por mudanças internas importantes. Rich Lambert, que esteve envolvido com a série Elder Scrolls desde Oblivion e trabalhou em ESO desde seus primeiros passos, assumiu agora o cargo de diretor geral do estúdio. No comando direto do jogo está Nick Giacomini, o novo diretor criativo de ESO. Durante a gamescom 2025, os dois falaram sobre a necessidade de reinventar o jogo, modernizar sistemas e preparar o terreno para que Tamriel continue atraindo jogadores por décadas.
De um início turbulento a MMO consolidado
O lançamento de ESO não foi nada fácil. A proposta de misturar a liberdade dos RPGs da série Elder Scrolls com a estrutura de um MMO clássico deixou o jogo sem identidade clara. Muitos fãs de Skyrim acharam a experiência limitada, enquanto veteranos de MMORPGs viram um sistema engessado. O ponto de virada veio com a atualização One Tamriel, que quebrou barreiras de nível e deu liberdade real para explorar o mapa. A mudança recolocou ESO no mapa e inspirou outros estúdios.
Desde então, a expansão do jogo se deu por capítulos anuais e DLCs que ampliaram histórias, zonas e recursos. Porém, como o próprio Lambert admite, a fórmula se tornou previsível: uma grande atualização em junho e pequenas correções ao longo do ano. Essa previsibilidade acabou sendo um freio criativo – e é justamente isso que o novo modelo de conteúdo promete mudar.
Um novo modelo de desenvolvimento
A grande aposta agora é abandonar o ciclo rígido de 18 meses de produção por capítulo. No lugar, virá um formato mais ágil e sazonal, com passes de conteúdo. Esse sistema vai dar liberdade para lançar atualizações menores, mas mais frequentes, incluindo melhorias de qualidade de vida, ajustes de progressão, revisão do PvP e até redefinição do que significa uma “zona” dentro do jogo. Para Giacomini, a ideia é clara: reagir mais rápido às mudanças do mercado e às expectativas da comunidade.
Atualização visual, combate e tecnologia
É impossível ignorar que ESO já tem mais de uma década de estrada. Apesar de melhorias gráficas pontuais, como água, iluminação e algumas áreas refeitas, o jogo ainda carrega o peso da idade. A equipe já está substituindo assets antigos e promete uma modernização mais ampla nos próximos patches. O sistema de combate, frequentemente criticado por ser “leve demais” ou pouco impactante, também está em revisão. O objetivo é oferecer lutas mais intensas e modernas.
No bastidor, outro desafio: a infraestrutura criada em 2007 precisa ser renovada. Estabilidade de servidores, performance em batalhas massivas e tecnologias de back-end serão atualizadas. Para manter um MMO relevante por 30 anos, não basta polir gráficos – é preciso ter base tecnológica sólida.
A voz da comunidade como guia
Giacomini reforça que o futuro do ESO depende diretamente dos jogadores. “Sem a comunidade, o jogo não existe”, resume. A nova cadência de desenvolvimento deve aproximar ainda mais equipe e público, criando ciclos curtos de feedback e evolução. Lambert reconhece que dialogar com fãs pode ser duro, já que críticas são intensas, mas acredita que confiança e transparência são fundamentais para a longevidade. Além disso, o estúdio planeja dar mais visibilidade aos desenvolvedores de áreas específicas, para que os jogadores conheçam quem está por trás do PvP, da narrativa ou das casas.
ESO dentro do universo Elder Scrolls
Outro trunfo de ESO é servir como ponte para fãs durante os longos intervalos entre os grandes RPGs da Bethesda. Muitos jogam ESO como se fosse um título solo, explorando tramas extensas sem depender de grupos. Outros se dedicam apenas à construção de casas, ao PvP ou ao card game interno. Essa flexibilidade explica parte do sucesso. O lançamento do remaster de Oblivion e a expectativa por TES VI também trouxeram ondas de novos e antigos jogadores de volta a Tamriel.
ZOS, por sua vez, cuida com atenção do cânone da série. Trabalha junto com a Bethesda Game Studios para alinhar lore e histórias, aproveitando a liberdade criativa do período da Segunda Era, que tem muitas lacunas a serem preenchidas.
O desafio da longevidade
Poucos MMOs conseguiram atravessar 20 ou 30 anos. Para chegar lá, ESO terá de equilibrar respeito à identidade da série e coragem para se reinventar. Lambert e Giacomini destacam que adaptação é palavra-chave: mudar quando for necessário, sem medo. Afinal, encerrar de repente um mundo no qual jogadores investiram anos é visto como uma das maiores injustiças possíveis no gênero. O compromisso de ZOS com “30 anos de vida” soa, portanto, como uma promessa de estabilidade e respeito ao tempo dos fãs.
Metade do caminho
“Já estamos praticamente no meio do caminho”, brinca Lambert, ao lembrar que ESO completou 11 anos. A jornada de um começo complicado até se tornar referência no gênero é impressionante. Se chegará a 2044, só o tempo dirá. Mas uma coisa é certa: a equipe não está disposta a deixar o jogo estagnar. Tamriel ainda guarda muitas histórias – e essa aventura está longe de terminar.
1 comentário
só espero q não fechem do nada como já aconteceu com outros MMOs, seria triste demais