The Blood of Dawnwalker Q&A – Mergulho no mundo vampírico de Coen

Durante o Gamescom 2025, a Rebel Wolves revelou uma apresentação exclusiva de seu próximo RPG de mundo aberto e narrativa, The Blood of Dawnwalker, com lançamento previsto para 2026 para PC, PlayStation 5 e Xbox Series S|X. A apresentação mostrou diversas mudanças feitas a partir de feedback dos jogadores, como uma nova câmera mais afastada do personagem principal e um sistema de combate opcional sem direção. Também foi demonstrado como uma mesma missão pode ser resolvida de maneiras diferentes dependendo de ser dia ou noite. A mudança entre o dia e a noite afeta não apenas o ambiente e os NPCs, mas também Coen, que só pode usar seus poderes vampíricos durante a noite. Após a apresentação, conversei com o diretor criativo Mateusz Tomaszkiewicz, ex-designer de missões de The Witcher III: Wild Hunt e diretor de missões de Cyberpunk 2077 na CD Projekt RED, para discutir este empolgante novo projeto.

Por que vocês escolheram esse cenário?
Quando perguntei por que a Rebel Wolves escolheu o século XIV, Tomaszkiewicz explicou: “Queríamos explorar um mundo onde os vampiros saem das sombras e tomam o controle de uma parte da sociedade humana. A Peste Negra teve um impacto devastador na Europa, matando grande parte da população e destruindo a ordem estabelecida. Em meio a esse caos, os vampiros viram uma oportunidade de aparecer e oferecer salvação aos humanos, usando as propriedades especiais de sua sangue para combater a peste.”

O jogo se passa em Vale Sangora, uma região fictícia isolada nas Montanhas Carpatinas. Os vampiros, para protegerem a humanidade da peste, depuseram um senhor local que era odiado pela população e construíram um culto em torno de si mesmos. “Não queríamos substituir o cristianismo”, explicou Tomaszkiewicz. “Em vez disso, exploramos como os vampiros poderiam manipular as crenças religiosas já existentes para fortalecer seu poder.”

O mundo da ambiguidade
Os vampiros em The Blood of Dawnwalker não são retratados como seres puramente malignos. O jogo mergulha na complexidade desses personagens. “Mesmo os vampiros não são simplesmente maus; eles têm suas próprias motivações”, disse Tomaszkiewicz. “Alguns deles são moralmente ambíguos, como Xanthe e o principal antagonista Brancis, que têm suas próprias razões para as escolhas que fazem.” Embora os vampiros sejam o foco principal da história, outros seres também saem à luz, inspirados no folclore europeu, especialmente da região dos Carpatos.

O ciclo dia e noite
Uma das características mais marcantes do jogo é o ciclo dia/noite. Coen, o protagonista, só ganha poderes vampíricos à noite. Tomaszkiewicz explicou: “Queríamos destacar o contraste entre o dia e a noite, onde Coen se torna mais forte ao anoitecer, desbloqueando habilidades que ele não pode usar durante o dia. Esse sistema afeta tanto o gameplay quanto a narrativa, já que certos eventos e missões se desenrolam de maneira diferente dependendo do horário do dia.”

No entanto, essa dualidade não é apenas decorativa. As escolhas feitas por Coen durante a noite – como se alimentar de humanos ou animais – afetam o desenvolvimento da história e até a personalidade do próprio personagem. “Ceder à sua natureza vampírica impacta a personalidade de Coen. Ele se torna mais insensível à violência, o que afeta a forma como outros personagens o percebem”, afirmou Tomaszkiewicz. Os jogadores poderão escolher entre abraçar ou resistir ao instinto vampírico, moldando assim sua experiência no jogo.

Alimentação e mecânicas de combate
A alimentação é um aspecto crucial do jogo. Coen precisa de sangue para sobreviver, e a quantidade que ele consome afeta diretamente suas habilidades. Se Coen estiver com muita fome e não puder controlar sua sede, ele pode matar a vítima, o que pode alterar a missão ou as relações com personagens importantes. “Durante a noite, sua barra de sangue é basicamente sua barra de saúde. Se o nível de sangue estiver baixo, você precisará se alimentar para se reabastecer. Se Coen estiver com muita fome, ele pode optar por drenar totalmente a vítima, o que pode gerar consequências sérias para a história”, explicou Tomaszkiewicz.

Os combates em The Blood of Dawnwalker também refletem as escolhas dos jogadores. O jogo oferece tanto o sistema de combate tradicional, com direção específica, quanto uma opção mais simples, onde o combate não exige a indicação de direção. Tomaszkiewicz explicou que essa mudança foi implementada após receber feedback de jogadores que acharam o combate direcionado complicado. “Os sistemas de omníblocos e omníataques permitem que os jogadores foquem na fluidez do combate, mantendo a profundidade tática”, comentou.

Quanto à alimentação durante o combate, Tomaszkiewicz confirmou que, embora Coen possa se alimentar enquanto luta, isso não é tão eficaz quanto se alimentar fora do combate. “Há um equilíbrio. Queremos que o combate continue desafiador, mas não sobrecarregado. Os jogadores precisam decidir quando usar a alimentação de maneira estratégica”, completou.

Desenvolvimento de personagem e equipamentos
O desenvolvimento de Coen desempenha um papel central em The Blood of Dawnwalker. À medida que avança no jogo, Coen desbloqueia novas habilidades e poderes, muitos dos quais estão ligados à sua natureza vampírica. Essas habilidades podem ser adquiridas ao drenar o sangue de outros vampiros, cada um oferecendo um poder único para o personagem. “Você pode desenvolver Coen de várias maneiras, seja com foco em combate corpo a corpo, magia ou habilidades vampíricas. O jogo é totalmente focado na escolha do jogador”, destacou Tomaszkiewicz.

O jogo também possui um sistema de loot detalhado, no qual os jogadores podem equipar Coen com armas, armaduras e talismãs. “Os equipamentos são essenciais para fortalecer Coen”, afirmou Tomaszkiewicz. “Temos diferentes tipos de armaduras, desde as mais leves até as mais pesadas, cada uma com suas vantagens. Também há opções cosméticas para quem quer deixar Coen com um visual estiloso, embora ainda não tenhamos um sistema de transmog.”

Uma narrativa não linear
A narrativa de The Blood of Dawnwalker é não linear, permitindo que os jogadores escolham a ordem dos eventos e explorem o mundo à sua maneira. Tomaszkiewicz comentou: “Queremos que cada missão, seja principal ou secundária, seja importante. Mesmo as missões menores podem ter grandes consequências dependendo de como você as resolve. Por exemplo, você pode tentar salvar sua família mais cedo, mas isso será mais difícil, e outras consequências surgirão se você não completar outras missões a tempo.”

Além disso, as ações do jogador podem afetar a força de certos inimigos, tornando-os mais fracos. “Explorar a região e completar missões pode enfraquecer os inimigos, facilitando sua derrota. Mas há momentos em que suas ações podem torná-los mais fortes”, comentou Tomaszkiewicz. “Tudo depende das decisões que você toma.”

O futuro do jogo
O desenvolvimento de The Blood of Dawnwalker está indo muito bem, com grande parte do conteúdo já pronto e disponível para ser jogado. “O jogo está indo para a fase beta, mas ainda estamos polindo certos sistemas, como o combate e alguns aspectos gráficos”, explicou Tomaszkiewicz. “Estamos usando o Unreal Engine 5 e, embora o jogo já seja jogável do início ao fim, ainda há áreas sendo refinadas.”

Os jogadores podem esperar cerca de 40 horas de gameplay para uma passagem média, embora aqueles que quiserem explorar todos os cantos do mundo de Coen possam gastar mais tempo no jogo. Quanto à ausência de cavalos, Tomaszkiewicz revelou que, apesar de não haver montarias, Coen possui outras opções de transporte rápido, como o poder de teletransporte e o “passo sombrio”.

O sistema de combate também foi aprimorado com base no feedback dos jogadores, com mudanças no menu radial e a adição de uma nova opção de câmera para resolver o problema da câmera muito próxima. “Levamos muito em consideração o feedback da comunidade”, concluiu Tomaszkiewicz. “Queremos que o jogo seja fluido e imersivo, mantendo a profundidade que os fãs de RPG tanto apreciam.”

Conclusão
The Blood of Dawnwalker está se tornando um dos RPGs mais ambiciosos dos últimos anos. Com sua narrativa complexa, o ciclo dinâmico de dia/noite e as escolhas impactantes dos jogadores, o jogo promete ser uma experiência rica e imersiva. Fãs de The Witcher III e outros RPGs com foco narrativo vão encontrar muitos motivos para se apaixonar, mas com reviravoltas suficientes para se destacar por conta própria. À medida que a Rebel Wolves continua refinando o jogo para o lançamento de 2026, fica claro que este é um título para ficar de olho.